quarta-feira, 5 de julho de 2006

D. João de Castro

Escola secundária D. João de Castro é «prejuízo»
2006/07/05 15:45

Ministério defende fecho do estabelecimento. Pais avançam com providência cautelar

O Ministério da Educação defende que a manutenção da secundária D. João de Castro, em Lisboa, representa um prejuízo para o interesse público, uma posição contrariada pelos pais na providência cautelar que interpuseram contra o fecho da escola, noticia a agência Lusa.

Na resolução enviada para o Tribunal Fiscal e Administrativo de Lisboa (TAFL) em resposta à providência cautelar interposta a 19 de Maio pela associação de pais e pelas Juntas de Freguesia de Alcântara e Ajuda, o Ministério da Educação sustenta que a continuação do funcionamento da escola «seria gravemente prejudicial para o interesse público».

No documento, subscrito pelo secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, e enviado no final de Junho para o TAFL, pode ler-se que a decisão de encerrar a D. João de Castro surge no âmbito de medidas com vista ao «reordenamento e redimensionamento do parque escolas (...) numa perspectiva de racionalização e optimização dos recursos físicos, humanos e materiais que lhe estão afectos».

De acordo com o governante, o estabelecimento de ensino tem capacidade para 42 turmas e um total de 1.050 alunos, mas neste ano lectivo funcionou com 296 alunos, distribuídos por 17 turmas, dos quais «somente 150 reúnem condições para prosseguir os seus estudos» naquela escola.

O ministério destaca que a secundária está instalada numa área pedagógica - Restelo/Ajuda/Alcântara/Santo Amaro - onde se registou nos últimos anos um «acentuado decréscimo da população em idade escolar» e garante que «para todos estes 150 alunos existe resposta» nas restantes escolas secundárias da mesma área: a Rainha Dona Amélia, a 100 metros, e a Fonseca de Benevides, a 600 metros.

Posição completamente diferente tem a Associação de Pais e Encarregados de Educação dos Alunos da Escola Secundária D. João de Castro e as juntas de freguesia de Alcântara e da Ajuda, que avançaram com a providência cautelar contra o encerramento do estabelecimento.


Comentários dos leitores

"racionalizar"
to
2006-07-05 16:56
Este governo vem com estas tretas da "racionalização" de recursos para tudo, mas em vez dos serviços melhorarem, só pioram! É fechar escolas, fechar centros de saúde e maternidades! Eu sei que ainda é cedo para ver os efeitos destas medidas, mas será que alguém acredita mesmo que irá melhorar alguma coisa nos serviços com estas medidas? É óbvio que isto são apenas cortes para reduzir despesas. Neste caso, parece ser ainda mais grave, porque se o que a 1ª pessoa que comentou esta noticia tem razão, isto é pura especulação imobiliária!
O que não disse...

FM
2006-07-05 16:38
O que o Sr. secretário de Estado não disse é que a Escola tem esses alunos porque há dois anos que cortaram as turmas do 7º ano, e não deixaram que se avançasse com um protocolo com a casa pia para a utilização das infraestruturas da escola, não deixam que se inscrevam novos alunos, que existiam na Ajuda e Alcântara e continuam a existir, como aliás o presidente da J.F. não se cansa de repetir.
O que o Sr. secretário de Estado não diz, é que provavelmente interessa muito mais ao Estado vender o local onde está instalado o liceu do que a vontade de umas poucas centenas de alunos.
Não nos atirem areia para os olhos!
Mas mais ainda, o que o Sr. Secretário de Estado não disse é que a D. João de Castro está entre as 30 melhores escolas no ranking, tem um excelente ensino, e que pretendem enfiar os alunos na Fonseca de Benevides, uma escola sem condições, sem pátio para os alunos, e provavelmente sem valor imobiliário.
Dizer que a continuação do funcionamento da escola «seria gravemente prejudicial para o interesse público» é, no mínimo, ridiculo.

Uma mulher obcecada!

M.L.R.
2006-07-05 16:34
Mais uma da "sinistra" da Educação: só lhe interessa "poupar" dinheiro e entregar o Ensino Público aos empresários privados.
Os pais que abram os olhos, muitos têm aplaudido os ataques da sinistra aos professores, tarde ou cedo verão que os seus filhos vão ser os principais prejudicados.
A "sinistra" é incompetente e não passa de uma obcecada com as questões orçamentais e o ódio aos professores.
Veremos o que vai sair no lugar...

Ingénuo
2006-07-05 16:31
da escola que só dá prejuízo. Tem menos alunos, óbvio, pois "encafuamos" os alunos daquela zona em escolas, sem vista para o mar, Fonseca Benevides e Rainha D. Amélia que se encontram degradadas, sem condições e sobrelotada para quê???
Talvez, para que em lugar de uma escola, se construa um equipamento privado de Luxo, onde alguns (Sr. Valter Lemos quanto é a sua parte?)ganharão rios de dinheiro à conta de património do estado, e continua assim a descapitalização imobiliária do estado em favores de poucos.
Gostava de saber...

Carlos Portugal
2006-07-05 16:13
Gostava de saber como e onde é que a existência de uma escola - ainda por cima com as características excepcionais da D. João de Castro - pode ser «prejudicial» para a população... A D. João de Castro possui das melhores instalações do País, ao contrário das «modernices» que por aí têm proliferado, mal pensadas, mal arquitectadas e geralmente pessimamente construídas.

A população estudantil da zona está a registar um aumento quase exponencial, ao contrário da realidade virtual apregoada pelo ministério (onde irá este arranjar dados tão absurdos? É que para tal imbecilidade também é preciso imaginação); e as escolas Fonseca Benevides e Rainha D. Amélia estão já a rebentar pelas costuras.

Quanto à D. João de Castro ter menos alunos que a sua capacidade, isso deve-se exclusivamente ao ministério e à DREL, que forçaram o encerramento de turmas ao longo dos últimos anos, numa espécie de «numerus clausus», como preparação da «golpada» agora ensaiada.

Realmente, o «senhores» do grupo Bilderberg, que já detêm o hotel do Alto de Santo Amaro, querem alojamentos de luxo e um SPA para os seus apaniguados. E os terrenos da D. João de Castro são fabulosos, com uma vista ímpar para o Tejo.

O que não se compreende é a vergonhosa compactuação das entidades públicas com estes mesquinhos e sujos interesses imobiliários, isso sim em prejuízo flagrante do interesse público.

Saudações - a quem luta pela manutenção desta excelente Escola - de um antigo aluno do (então) Liceu D. João de Castro.

in Portugal Diário-5.07.06

4 comentários:

soledade disse...

Já não sei o que dizer. É demasiado deprimente. Este país a saque...

JOSÉ LUIZ FERREIRA disse...

Que aquela senhora e este senhor são incompetentes, já sabíamos. Também sabíamos que são mal intencionados. Só não sabíamos que para cúmulo são corruptos...

IC disse...

É isso mesmo que disse a Soledade: o país a saque! Mas há muitos a aplaudir, e esta ministra mais o seu valter vão sair impunes :(

zoltrix disse...

Imobiliário, pois claro! Alguém duvida que esse é um dos interesses marcantes no fecho das escolas no centro das cidades? E as das aldeias?
Imobiliário, pois claro!
Ainda por cima o bom e velhinho D. João de Castro, de que tb fui aluno...
Triste! Triste e revoltante!