quarta-feira, 31 de maio de 2006

Orientações 2006/2007

Aos docentes, independentemente do seu grupo de recrutamento, poderá ser atribuída a leccionação de qualquer disciplina, de qualquer ciclo, para a qual o docente tenha habilitação adequada. (mas o que é adequada?)
Os docentes sem componente lectiva, independentemente do seu ciclo de ensino, devem ser afectos, de acordo com as necessidades do Agrupamento/Escola, à:
- Dinamização de actividades de prolongamento do horário no 1º ciclo.
O QUÊ? SERÁ POSSÍVEL? Então agora mesmo sem qualquer preparação, formação ou vocação somos pau para todo o serviço???????? Qualquer dia temos de limpar a escola, dispensar o pessoal da secretaria e tratarmos de tudo isso também! Mas será que mais uma vez todos nos vamos calar e aceitar estas incongruências? O enfermeiro vai fazer diagnósticos e o médico vai pôr o soro e dar injecções? Agora somos animadores sociais?

terça-feira, 30 de maio de 2006

Revolta

http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=689314&div_id=1731
A ministra da Educação traçou ontem um quadro arrasador da falta de orientação das escolas e dos professores para os resultados dos seus alunos.
Turnos da manhã reservados a turmas dos melhores alunos e filhos dos funcionários da escola, preocupação quase exclusiva para o cumprimento «burocrático-administrativo» das leis e distribuição das melhores turmas aos melhores professores são alguns dos exemplos apontados por Maria de Lurdes Rodrigues para dizer que a escola tem-se preocupado em dar aulas, mas não com o sucesso educativo dos alunos, noticia o «Diário de Notícias».
Este retrato foi desenhado pela ministra na abertura de uma série de seminários, promovidos pelo Conselho Nacional de Educação, no Fórum da Maia, numa plateia com professores. Apesar do rosto desagradado de muitos face ao discurso de Maria de Lurdes Rodrigues, as manifestações públicas foram escassas.
Isabel Cruz, professora da Trofa, foi, perante os jornalistas, a voz do protesto que os colegas silenciaram: «Estou perfeitamente revoltada. A senhora ministra tem que respeitar os principais agentes da educação. Fez um retrato da escola no qual não me revejo». A docente assinalou a «gravidade» do que disse a ministra e acusou-a também de «ignorar e não escutar» os professores.

Comentários à notícia

Tenho vergonha da Senhora Lurdes
Por: Carlos Pinto
[ 2006-05-30 19:53 ]
Como ex-professor e tendo tido, durante vários anos, cargo de chefia do Ministério da Educação, peço desculpa à Senhora Ministra, enquanto pessoa, por a tratar como a tratei no título. Na verdade é em pagamento pela falta de respeito que demonstra para com a classe docente. A Senhora Ministra, dando a força que está a dar à indisciplina dos alunos e à ignorância dos pais, está a desautorizar os professores. Espero que não venha a acontecer como em Inglaterra que os bons professores começaram a abandonar o ensino público, tendo mais tarde as autoridades de recorrer aos professores aposentados para se tentar impôr a ordem. Tenho vergonha dos governantes que tenho, nomeadamente da Senhora Ministra da Educação.


Simples comentario
Por: Joao Marinho
[ 2006-05-30 17:44 ]
Exma Sra MinistraApesar de nao ser professor, mas na qualidade de pai e Portugues surpreende-me os comentarios da senhora e entao nao pude resistir a deixar um pequeno e simples comentario.Como emigrante a residir em Londres fico surpreso com a hipotese que me parece muito provavel de a senhora nunca ter visitado escolas fora de Portugal como por exemplo aqui em Londres(caso nao saiba, fica na Inglaterra um pais situado num grupo de ilhas a norte de Penbinsula Iberica), desempenho no meu dia-a-dia de trabalho funcoes que me levam a visitar bastantes escolas que vao desde as primarias as universidades e em todas encontro inumeras salas de aulas com elevado numeros de computadores, laboratorios equipados de excelente material, cozinhas, enfim todo um conjunto de solucoes que permitem aos alunos ter uma boa formacao desde o inicio da sua vida escolar, sera que a senhora dispoe de tudo isso nas suas escolas? sera que teram de ser os professores mal pagos a adquirir tais equipamentos? pelos vistos e o que pretende ao chamar as pessoas de incompetentes.Fico tambem surpreendido com o facto de colocar a hipotese de serem os pais a avaliar os professores, realmente a ideia nao e ma de todo mas se ao mesmo tempo estes poderem tambem avaliar os ministros, talvez por cada professor com nota negativa por parte dos encarregados de educacao existam 10 ou mais ministros(sera que ja pensou nessa hipotese?)E de facto de lamentar que o nosso pequeno pais seja governado por pessoas assim, mas talvez seja a justificacao para cada vbez mais se encontrarem Portuguese por toda a parte do mundo e nao ha um unico que diga que o faz por gosto mas sim porque o nosso pais esta de rastos.

A culpa é sempre do treinador!
Por: Fernando
[ 2006-05-30 14:41 ]
muitos imigrantes existem em portugal. Uns da europa de leste, outros de áfrica... falou-se muito de uma turma, julgo que em braga, com alunos de 23 nacionalidades diferentes...ainda assim, verifica-se que os alunos da europa de leste, apesar das condicionantes da língua, aprendem mais que os portugueses ou os imigrantes de outros locais. com os mesmos professores...Nas recentes jornadas da lingua portuguesa, incrivelmente, uma das 6 finalistas era estrangeira, de um país de leste... a competir com os melhores portugueses!Serão mais inteligentes? Têm professores próprios? Ou um professor passa a ser bom quando ensina alunos destes, poruqe aparece o aproveitamento?Obviamente, existem bons e maus professores. Obviamente existem bons e maus alunos. Obviamente existem bons e maus políticos (os bons desapareceram faz algum tempo). Acima de tudo, existem bons e maus pais.Instaurou-se uma necessidade de quotas de aproveitamento (ridículo) porque os meninos têm que passar o ano. Como se viu por outros artigos, até nas universidades, quem mais copia é quem tem melhores notas. Os pais descartam-se completamente da educação porque chegam a casa depois de 4 horas diárias nas filas do IC 19 e querem é ver a telenovela que no dia seguinte é dia de trabalho, dia de mercado (sábado) ou dia de praia (domingo). Não há tempo para os filhos... mas eles têm que passar o ano para poderem ter um canudo e não fazer nenhum no futuro... e se isso não acontece, se o puto não chega lá, pois claro... a culpa é do professor...Como no futebol, se a equipa joga mal, a culpa é do treinador, independentemente da qualidade dos jogadores e da sua motivação.Pretende-se dar a estes pais a responsabilidade de avaliar os professores. Se eu fosse professor, só dava boas notas... assim certamente era bom... mesmo que fabricasse ignorantes com boas notas!Felizmente não sou professor... E recusar-me-ei a julgar algum professor sem primeiro julgar os alunos e os seus pais. A educação dá-se em casa. na escola ministram-se conhecimentos.

Viva o passado
Por: Aluno
[ 2006-05-30 13:40 ]
Viva Salazar e a sua politica de ensino

O insucesso educativo.
Por: Maria
[ 2006-05-30 13:10 ]
É verdade, as escolas não estão preparadas para o sucesso educativo dos alunos. Mas, as escolas e os professores não são os principais responsáveis pelo insucesso educativo. São sim as famílias, que não acompanham os seus filhos, quer nos trabalhos de casa, quer na assiduidade, quer na disciplina. Felizmente, no meu tempo de aluna não era assim. Convém não ter memória curta e saber que após o 25 de Abril de 1974 a uma "vaga" de professores apenas com o 7º. ano, sem mais qualificações, lhes lhes foi permitido o direito de ensinar. Será que não foi aqui que todo o insucesso educativo começou?! Culpa de quem? Só pode ser de quem vem governando este país deste essa altura. Não sejamos hipócritas, analisemos todas as variáveis que influem no sucesso educativo, e deixemos de culpabilizar quem não nem tem culpa de nada.
Mas hoje no debate o sr jorge não conseguiu justificar decentemente nada.
A opinião pública há-de perceber...

segunda-feira, 29 de maio de 2006

O que é ser professor?

Artigo 36º
Conteúdo funcional
1- A carreira docente reflecte a diferenciação profissional inerente ao exercício das funções de cada uma das categorias a que se refere o nº1 do artigo 4º, devendo ser exercida com plena responsabilidade profissional e autonomia técnica e científica, assente numa lógica de participação activa na comunidade escolar, na comunidade local e com outros parceiros educativos.

2 - O docente desenvolve a sua actividade profissional de acordo com as orientações de política educativa e no quadro da formação integral do aluno, cabendo-lhe genericamente: gosto particularmente deste «genericamente»
a) Identificar saberes e competências-chave dos programas curriculares de forma a desenvolver situações didácticas em articulação permanente entre conteúdos, objectivos e situações de aprendizagem, adequadas à diversidade dos alunos; (mínimo de 25 por turma - será que chegam 25 planos de aula por dia?)
b) Gerir os conteúdos programáticos, criando situações de aprendizagem que favoreçam a apropriação activa, criativa e autónoma dos saberes da disciplina ou da área disciplinar, de forma integrada com o desenvolvimento de competências transversais; (as tais de que falava António Nóvoa - para além de ensinar o que está no programa, há que lhes «ensinar» tudo o resto)
c) Trabalhar em equipa com professores e outros profissionais, envolvidos nos mesmos processos de aprendizagem;
d) Desenvolver, como prática da sua acção formativa, a utilização correcta da língua portuguesa nas suas vertentes oral e escrita;
e) Assegurar as actividades educativas de apoio e enriquecimento curricular dos alunos, cooperando na detecção e acompanhamento de dificuldades de aprendizagem;
f) Assegurar e desenvolver actividades educativas de apoio aos alunos, colaborando na detecção e acompanhamento de crianças e jovens com necessidades educativas especiais;
g) Utilizar adequadamente recursos educativos variados, nomeadamente as
tecnologias de informação e conhecimento, no contexto do ensino e das
aprendizagens; (sem elas já ninguém sabe ensinar nem aprender)
h) Utilizar a avaliação como elemento regulador e promotor da qualidade do ensino, das aprendizagens e do seu próprio desenvolvimento profissional;
i) Participar na construção, realização e avaliação do projecto educativo e
curricular de escola;
j) Participar nas actividades de administração e gestão da escola, nomeadamente no planeamento e gestão de recursos;
l) Participar em actividades institucionais, designadamente em serviços de exames e outras reuniões de avaliação;
m) Colaborar com as famílias e encarregados de educação no processo educativo, em projectos de orientação escolar e profissional; (temos agora de saber aplicar os testes de orientação que cabiam aos psicólogos?)
n) Promover projectos de inovação e partilha de boas práticas, com outras escolas, instituições e parceiros sociais;
o) Fomentar a qualidade do ensino e das aprendizagens, promovendo a sua
permanente actualização científica e pedagógica apoiado na reflexão e na
investigação; (tempo para reflexão? tempo para investigação?)
p) Fomentar o desenvolvimento da autonomia dos alunos, respeitando as suas diferenças culturais e pessoais, valorizando os diferentes saberes e culturas e combatendo processos de exclusão e discriminação;
q) Demonstrar capacidade relacional e de comunicação, assim como equilíbrio emocional nas mais variadas circunstâncias; (há que ter capacidade para engolir todos os insultos com cara serena e sorriso subserviente)
r) Desenvolver estratégias pedagógicas diferenciadas, promovendo aprendizagens significativas no âmbito dos objectivos curriculares de ciclo e de ano;
s) Assumir a sua actividade profissional, com sentido ético, cívico e formativo;
t) Desenvolver competências pessoais, sociais e profissionais para conceber
respostas inovadoras às novas necessidades da sociedade do conhecimento;
u) Promover o seu próprio desenvolvimento profissional, criando situações de autoformação diversificadas, nomeadamente em equipa com outros
profissionais, na resolução de problemas emergentes de educativas situações; (isto deve ter sido copiado do inglês...)
v) Avaliar as suas práticas, conhecimentos científicos e pedagógicos e gerir o seu próprio plano de formação.

Proposta de Adenda:
x) Engraxar convenientemente quem interessa engraxar.
y) Dar boas notas a todos os alunos, independentemente do seu «saber».
z) Usar o tempo disponível depois disto tudo, para comer e dormir, dispensando, claro, acompanhamento à auto-suficiente família (estou a aplicar a regra da alínea u) e o descanso.

Progressão condicionada

Artigo 25º
Estrutura
1- Os quadros de pessoal docente dos estabelecimentos de educação e ensino abrangidos pelo presente diploma fixam dotações globais para a carreira docente de modo a conferir maior flexibilidade à gestão dos recursos humanos da docência disponíveis, sem prejuízo do disposto no número seguinte.
2- O número de lugares de professor titular a prover por concurso de acesso a esta categoria não pode exceder, por escola, um terço do número de professores do respectivo quadro.
Natureza e estrutura da carreira docente
2 - A carreira docente desenvolve-se pelas categorias hierarquizadas de professor e professor titular, às quais correspondem funções diferenciadas pela sua natureza, âmbito, grau de responsabilidade e nível remuneratório.
3 - Cada categoria é integrada por escalões a que correspondem índices remuneratórios diferenciados.
Sistema de classificação
3 – Por despacho conjunto do Ministro da Educação e do membro do Governo responsável pela Administração Pública são fixadas as percentagens máximas de atribuição das classificações de Muito Bom e Excelente, por escola ou agrupamento de escolas.
Artigo 39º
Acesso
1 -O recrutamento para a categoria de professor titular faz-se mediante concurso de provas públicas de avaliação e discussão curricular aberto para o preenchimento de vaga existente no quadro e destinada à categoria e grupo de recrutamento respectivo.
2 - Podem candidatar-se ao concurso de acesso à categoria de professor titular os professores que detenham, pelo menos, dezoito anos de exercício de funções na categoria com avaliação de desempenho igual ou superior a Bom.
5 - O concurso a que se refere o nº1 consiste na apreciação e discussão pública do currículo profissional do candidato e de um relatório elaborado para o efeito, incidindo sobre o trabalho desenvolvido pelo docente, perante um júri de âmbito regional que integrará professores da disciplina ou área disciplinar da categoria a prover, cuja última classificação tenha a menção de Excelente, e ainda docentes dos estabelecimentos de ensino superior da área geográfica respectiva.
6 - O número de lugares a prover nos termos do nº1 não pode ultrapassar a dotação anualmente fixada por despacho do Ministro da Educação.
7 - As normas reguladoras do concurso de acesso são definidas por portaria do Ministro da Educação.
Isto interessa-me particularmente... Com 18 anos de serviço, já sei que vou passar muuuuiiiitos anos aqui estacionada. Vagas? Tá bem, tá.
Mas mais engraçado: quando houver vaga vou ter de «competir» com colegas e amigos, alguns deles como se família fossem... Bonito!

domingo, 28 de maio de 2006

Novo Estatuto

Opiniões
Transcrevo esta:

2 – Na avaliação efectuada pela direcção executiva são ponderados, em função de dados estatísticos disponíveis, os seguintes indicadores de classificação:
a) ...
b) Resultados escolares dos alunos;
c) Taxas de abandono escolar;

O José Sousa vai ter que me deixar avaliar todos os seus outros serviços: hospitais, finanças, transportes... e se eu souber que alguém morre no hospital... coitados dos médicos que nunca mais progredirão.
Este ano comecei com 40 alunos no 12º... agora já só tenho 22, pois, por não terem média suficiente (10º, 11º e 12º), anularam para poderem ir a exame. No ano que vem, já sei: nota mínima 10. Afinal, só estarei a contribuir para o seu sucesso... (não percebo porque me irrito)
Muito bem.
(Mas se calhar com 10 reprovam no exame e isso é mau para mim... humm... vou ter que subir uns cinco valores a cada um para não correr riscos.)
Já me sinto melhor agora.
A nossa atenção e preocupação está a centrar-se na questão da participação dos pais, mas há muitos outros factores preocupantes... Ver e/ou acrescentar em Aragem

sábado, 27 de maio de 2006

Provas de aferição de 6º


- Então, filha, como correu a prova?
- Bem! Não fiz três perguntas.
- Não fizeste três?!? E isso é «correr bem»?
Encolhendo os ombros:
- Então, aquilo não conta pra nada! Que é que interessa?
- Mas não fizeste porquê? Não sabias?
- Sei lá... Tinha que fazer muitas contas e aquilo não conta para nada!

...

Não sabia? Sabia.
E os resultados o que vão indicar? Que não sabia, que a prof não ensinou? Claro.
Foi assim? Não.

Para rir

Será possível?

Há alguns anos atrás, quando dei pela primeira vez aulas aqui onde estou, os pais de uma aluna de 9º ano com 2 a quase todas as disciplinas tocaram-me à campainha. Como não sabia quem era nem qual o assunto, abri. A minha casa estava realmente um pouco despida pois estava em início de vida. Para eu dar 3 à sua filha que «afinal, coitadita, só queria ser professora» ele (pai) «enchia-me a casa toda» e com um gesto largo apontou para as paredes vazias...

sexta-feira, 26 de maio de 2006

Praias


Com o calor que aqui esteve hoje já só penso nisto. E a «minha» tá limpinha... (e os últimos testes ali estão a olhar, sarcasticamente, para mim).

domingo, 21 de maio de 2006

Gestão

Todos os dias, a formiga chegava cedinho à oficina e desatava a trabalhar. Produzia e era feliz.
O gerente, o leão, estranhou que a formiga trabalhasse sem supervisão.
Se ela produzia tanto sem supervisão, melhor seria supervisionada? E contratou uma barata, que tinha muita experiência como supervisora e fazia belíssimos relatórios.
A primeira preocupação da barata foi a de estabelecer um horário para entrada e saída da formiga.
De seguida, a barata precisou de uma secretária para a ajudar a preparar os relatórios e contratou uma aranha que, além do mais, organizava os arquivos e controlava as ligações telefónicas.
O leão ficou encantado com os relatórios da barata e pediu também gráficos com índices de produção e análise de tendências, que eram mostrados em reuniões específicas para o efeito.
Foi então que a barata comprou um computador e uma impressora laser e admitiu a mosca para gerir o departamento de informática.
A formiga de produtiva e feliz, passou a lamentar-se com todo aquele universo de papéis e reuniões que lhe consumiam o tempo!
O leão concluiu que era o momento de criar a função de gestor para a área onde a formiga operária trabalhava.
O cargo foi dado a uma cigarra, cuja primeira medida foi comprar uma carpete e uma cadeira ortopédica para o seu gabinete.
A nova gestora, a cigarra, precisou ainda de computador e de uma assistente (que trouxe do seu anterior emprego) para a ajudar na preparação de um plano estratégico de optimização do trabalho e no controlo do orçamento para a área onde trabalhava a formiga, que já não cantarolava mais e a cada dia se mostrava mais enfadada.
Foi nessa altura que a cigarra, convenceu o gerente, o leão, da necessidade de fazer um estudo climático do ambiente. Ao considerar as disponibilidades, o leão deu-se conta de que a Unidade em que a formiga trabalhava já não rendia como antes; e contratou a coruja, uma prestigiada consultora, muito famosa, para que fizesse um diagnóstico e sugerisse soluções.
A coruja permaneceu três meses nos escritórios e fez um extenso relatório, em vários volumes que concluía : "Há muita gente nesta empresa".

Quem o leão começou por despedir?
A formiga, claro, porque "andava muito desmotivada e aborrecida".
recebi por email

quinta-feira, 18 de maio de 2006

Parabéns

Parabéns IC :)

Pessoa disse: «Ah, nesta terra também, também/ O mal não cessa, não dura o bem.»
Eu não concordo... Melhores dias virão...

:) ....... :( ?




quarta-feira, 17 de maio de 2006

Negócios?

Português 1 x 2


de Vasco Graça Moura no DN de hoje

Recebi na semana passada um ofício assinado pelos ministros da Educação, da Cultura e dos Assuntos Parlamentares convidando-me para integrar a Comissão de Honra do Plano Nacional de Leitura (PNL). Aceitei o convite muito penhorado, tanto mais que se prevê a possibilidade de a referida comissão aconselhar na execução do plano e participar em acções e iniciativas que venham a ser lançadas no seu âmbito.
O PNL "concretiza-se num conjunto de medidas destinadas a promover o desenvolvimento de competências nos domínios da leitura e da escrita, bem como o alargamento e aprofundamento dos hábitos de leitura, designadamente entre a população escolar". Da leitura da síntese do relatório que me foi facultada resulta a impressão de que o PNL articula bem as medidas e os objectivos que se propõe.
Na carta que dirigi à ministra da Educação tive, no entanto, ocasião de fazer dois reparos genéricos. O primeiro tem a ver com a reformulação dos programas escolares de Língua Portuguesa: o PNL não poderá ser levado a bom termo enquanto não se fizer essa reformulação, reabilitando devidamente o papel da Literatura no ensino da língua. Sobre este ponto, muito se tem escrito, pelo que não vale a pena desenvolvê-lo aqui. O segundo reparo manifestava a minha apreensão pela anunciada adopção do sistema de testes de escolha múltipla (multiple choice) nos exames de Português. Artigos de Maria do Carmo Vieira e de Eduardo Prado Coelho já falaram disto, que, diga-se desde já, se afigura absolutamente contraproducente quanto aos objectivos visados pelo PNL. Leio agora, no suplemento Educação do JL, de 10 a 23 de Maio, uma entrevista de Paulo Feytor Pinto (PFP), presidente da Associação de Professores de Português (APP), que me deixa ainda mais preocupado.
PFP procura justificar o novo sistema pela distinção entre "avaliação da leitura" e "avaliação da escrita", por, diz ele, "o facto de se avaliar a leitura através da escrita faz com que por vezes não saibamos se os erros ou incorrecções se devem à dificuldade de compreender ou à dificuldade de produzir um texto". E considera que as perguntas "que são assim são para um tipo de avaliação específica que é a avaliação da leitura", embora também possa haver "perguntas relacionadas com a avaliação da leitura que não sejam de resposta fechada".
A justificação não colhe. Ao nível escolar daquilo que é de exigir-lhe, pois não é de esperar que se exprima como Demóstenes, se um aluno tem dificuldade na escrita é porque não aprendeu bem.… Se não teve aproveitamento e não é capaz de produzir um texto, o teste de resposta múltipla só vai dissimular esse problema e contribuir para um resultado injusto. Isto para não falar na situação escandalosa de o aluno ter 25% de hipóteses de acertar logo à partida (em quatro quadradinhos para pôr a cruzinha, um deles há-de corresponder à resposta certa). Além disso, a pergunta, a que terá de responder com a tal cruzinha, não lhe dá qualquer possibilidade de desenvolver uma leitura diferente da insinuada na própria questão. O sistema cerceia a manifestação da personalidade do estudante e da sua capacidade interpretativa. O examinador não avalia assim nada de relevante.
Há também uma clara e chocante depreciação do papel da memória na aprendizagem: diz PFP que até agora só são utilizados como textos de referência os dados na aula, "o que faz com que não estejamos na realidade a avaliar a competência de leitura. Avalia-se se [os alunos] conseguiram memorizar o que foi dito na sala de aula sobre os textos". Então não é também para isso que eles têm aulas? Isto é verdadeiramente bizarro numa altura em que se valoriza cada vez mais o papel da memória na aprendizagem… Sem recurso à memória é que não há nem capacidade de leitura, nem capacidade de escrita.
Se o novo sistema se aplica à interpretação dos conteúdos dos textos, ele só irá reforçar a lei do menor esforço, a pretexto de dispensar os alunos de se exprimirem correctamente, de se lembrarem seja do que for e de mostrarem o que sabem. Se se aplica apenas à gramática, não faz qualquer sentido a distinção entre avaliação da leitura e avaliação da escrita e cria um perigoso precedente que virá a alastrar inevitavelmente às outras áreas da disciplina.
Continuam os equívocos pedagógicos numa área tão sensível. Não sei que luminárias os engendram. Mas sei que não se pode aceitar que os exames de Português obedeçam ao princípio do Totobola.