sábado, 28 de julho de 2007

Férias

Depois de uma semana de inferno, está (a não haver mais alterações de última hora) o M1 da minha escola feito.
Já mereço a areia branca a colar-se no corpo, os livros que fui comprando e não li, a vida sem horas nem obrigações. Não quero saber de mais nada até dia 3 de Setembro.

Boas férias... :)

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Avaliação dos professores

Como nos diz Paulo Guinote

(...)é esse modelo de análise quantificada, pretensamente objectiva e neutral, que desinveste toda a dimensão humana do processo, que o ME pretende aplicar na implementação do futuro modelo de avaliação dos professores, quase reduzida a uma grelha estatística indistinta, como se tudo fosse redutível a cruzinhas, números e estatísticas.
(...)

Claro que de acordo com a teoria dos efeitos perversos, a aplicação deste modelo irá ricochetear nas suas próprias limitações e iniquidades. Porque é uma porta escancarada para, em troca de uma avaliação mais favorável, os docentes reproduzirem a lógica na sua prática quotidiana de avaliação. E fabricarem o sucesso que fará (quase) todos felizes, com o Ministério na crista da onda de um sucesso educativo estatístico que alguém tentou há 15 anos com métodos menos hard-core: se o sucesso é que interessa e se eu quero sucesso para mim e só o conseguirei se os outros tiverem sucesso, então vamos a isso. Acho que não é preciso explicar mais.

Pois não, não é preciso explicar mais nada. Está claro que estaremos reduzidos à «chantagem»: só somos bons, se os nossos alunos forem bons. Se eles não são bons, somos nós que os não conseguimos «motivar» e/ou ensinar.
Nada disto é novo. As «justificações» obrigatórias, para as actas, das percentagens de negativas são já disso um exemplo. O rol de papelada infindável dos planos disto e daquilo também. Quanto mais fácil é dar o 10 ou o 3 e não ter que preencher papéis justificativos!
Ainda me insurgi por duas vezes contra isto. De uma, num 12º ano extremamente preguiçoso com 60% de negativas, não juntei uma linha à acta relativamente a esse assunto, para escândalo geral do Conselho de Turma. De outra, neste CEF que este ano tive, recusei-me a preencher umas folhas com cruzinhas que supostamente serviam para eu «prestar mais atenção» a uma série de parâmetros das «atitudes e comportamentos» dos alunos. Sim, porque sem se preencher aquelas folhinhas como é que um professor sabe o que fazer aos alunos sem sucesso?

...Carneiros...
Temos, enquanto classe, o que merecemos.

terça-feira, 24 de julho de 2007

E a Directora Regional?

Caso DREN

Ministra da Educação arquiva processo de Fernando Charrua sem aplicar sanção disciplinar
24.07.2007 - 13h53 Lusa


O processo disciplinar instaurado a Fernando Charrua foi arquivado pela ministra da Educação, que decidiu não aplicar qualquer sanção ao professor por considerar que o comentário jocoso que fez à licenciatura do primeiro-ministro se enquadra no direito à opinião.

Num despacho datado de dia 23 de Julho e divulgado hoje, Maria de Lurdes Rodrigues defende que "a aplicação de uma sanção disciplinar poderia configurar uma limitação do direito de opinião e de crítica política, naturalmente inaceitável" numa sociedade democrática, uma vez que as declarações de Charrua não visavam um superior hierárquico directo", mas o primeiro-ministro, José Sócrates.

"Assim, determino o imediato arquivamento do processo", refere Maria de Lurdes Rodrigues.

Tem cada uma!!!

Para comprovar as palavras de Pinho Cardão, só se acredira vendo:

sábado, 14 de julho de 2007

O Ovo de Colombo

http://quartarepublica.blogspot.com/2007/07/o-orgasmo.html

http://olhardomiguel.blogspot.com/2007/07/sucesso-escolar-eminente.html

Tadinhos!

Relativamente ao nosso Zéquinha futebolista, Paulo Guinote discorre sobre o «O Futebol, A Educação e Tudo o Resto»

O que mais me fez sorrir foram os comentários que fazem um retrato fidelíssimo do que se passa com a desculpabilização sistemática dos «coitadinhos» e a culpabilização inerente dos profs que têm de os «compreender» e arranjar «estratégias» e «Planos de Recuperação». Na mouche!

  1. Será que o zéquinha não é hiperactivo? Não haverá ali uma pontinha de dislexia? E o ambiente familiar do zéquinha? Pareceu-me também que o árbito não usou a estratégia mais adequada, já para não dizer que pedagógicamente não elegeu o diálogo como ponte para ultrapassar a inadaptação do miúdo ao contexto do campo de futebol.
    Formação contínua para este árbito, já.

    Numa segunda fase poderemos ter que fazer um plano para o zéquinha. Esperemos no entanto que a formatação a que o árbito vai ser sujeito dê os resultados esperados.

    Assinado
    O director de turma

    Tó Margarido

  2. Faltam ainda coisas.
    Tem de ser entregue o relatorio das competencias nao atingidas pelo Zequinha.
    E atencao, foi o encarregado de educacao avisado de que ele ia ser expulso do campo? Foi elaborado algum plano de recuperacao?
    E penso que se devera ver se ja ficou retido alguma outra vez no balneario, e caso afirmativo, sera que ele lucra em voltar a ficar retido no balneario? O que e que e melhor para este jogador?
    Nao esquecer que o arbitro tem de ser tambem um educador, e que tambem aprende com os jogadores.
    Nao esta ali apenas para debitar regulamentos e distribuir castigos!

  3. Fundamentalmente, o árbitro deve preencher muita, mas mesmo muita papelada para justificar a expulsão.
    Tanta papelada e tanta justificação que acaba por deixá-lo em campo, a rir-se, com os cartões vermelhos e amarelos na mão.


Post Scriptum (custa-me escrever PS):
Se alguns professores já dão as notas sempre um bocadinho acima do que os alunos realmente merecem, se os Conselhos de Turma já analisam esses casos e em alguns deles votam notas de colegas para os alunos passarem, porque raio no último Conselho Pedagógico se analisaram e avaliaram os casos dos alunos com retenções repetidas no 3º Ciclo que tinham ficado retidos nos Conselhos de Turma e lá se passaram administrativamente alguns com imensas negativas?

Até compreendo que para alguns de nada servirá voltar a repetir... Mas devia existir a obrigatoriedade de esses alunos serem encaminhados para cursos profissionais ou CEFs ou o que quer que fosse. Qual a vantagem de progredirem, se não estão preparados? Se, nalguns casos, nada fizeram para progredir, como interpretarão estes (e os outros que trabalharam um mínimo) a sua «passagem administrativa»?
De facto, a escola é mesmo para ser vista como um centro de actividades recreativas, com os professores como animadores e assistentes sociais. Não é lugar para aprender. Isso, já era...

quinta-feira, 12 de julho de 2007

É incrível!

NOTA À COMUNICAÇÃO SOCIAL da Direcção do Sindicato dos Professores da Região Centro

DREC/ME mexe na organização dos cursos do ensino secundário e deixa ESCOLAS INDIGNADAS COM NOVA IMPOSIÇÃO


O Sindicato dos Professores da Região Centro sabe que estão a ser “passadas” instruções aos órgãos de gestão das escolas do ensino secundário da região centro do país, embora nunca assumidamente por escrito, no sentido de:

- Procederem à conversão dos cursos tecnológicos em cursos profissionais, sempre que exista sobreposição da área de formação a que cada um se dedica;

- Impedir a oferta de CEF (Cursos de Educação e Formação) para alunos com o 9.º ano completo, o que passa pela sua extinção ou pela sua conversão em cursos profissionais.

Esta atitude da administração educativa, designadamente da DREC, está a levantar uma forte onda de indignação entre os professores, conscientes das implicações desta medida, já a meio do mês de Julho, sendo considerada por diversos membros dos órgãos de gestão como uma prova de insensatez, desrespeito, insensibilidade e irresponsabilidade.

Assim, o SPRC considera que, se levada por diante esta medida, tal produzirá:

Alterações não previstas na rede, já acordada com as escolas;

Imprevisibilidade das consequências na oferta aos alunos potenciais interessados;

A suspensão das candidaturas das escolas à abertura de CEF;

Alterações aos acordos celebrados com empresas que receberiam os alunos matriculados em CEF;

A subversão de todo o processo de pré-inscrição para a abertura de cursos, já aceites pelo ME, mas, relativamente aos quais, agora, quer voltar atrás;

Perturbação no processo de matrículas, já que as acções para a operacionalização desta mudança conflituarão com o período em que deverão realizar-se;

Grande confusão no processo de distribuição de serviço aos docentes, definição de cargas horárias e organização do seu horário lectivo;

Criação de dificuldades a muitos docentes de gozarem, na íntegra, os períodos de férias a que têm direito.

A reforçar a clara percepção de que no ME ninguém sabe o que é uma escola, está o facto de estas alterações terem efeitos acrescidos nas mudanças decorrentes da criação da nova categoria de professor titular e das alterações curriculares do ensino secundário. As duas, também, com implicações na distribuição de serviços.

Perante esta situação, o SPRC considera inadmissível tanta incompetência e desconsideração pelo trabalho que se realiza nas escolas. É imprescindível um recuo do Ministério da Educação em relação a esta alteração, para a qual não ouviu os diversos parceiros (docentes, alunos e encarregados de educação) e o Conselho Nacional de Educação.

Na minha, com candidaturas pedagógicas e financeiras aprovadas, com alunos inscritos e distribuição de serviço «alinhavada», lembram-se agora - mas só por telefone, não por escrito e devidamente oficializado - de dizer que CEFs de secundário e CFCs são para extinguir...
Que razões estarão por trás disto é que não consigo descortinar. (Facilmente adivinho mesquinhices financeiras...)

terça-feira, 10 de julho de 2007

Anedota

Exames: Pais atribuem melhoria de resultados a maior empenho
A Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) congratulou-se hoje com a subida das médias das notas nos exames nacionais do ensino secundário, melhoria que atribui a uma maior empenho de professores, alunos e famílias.

«Congratulamo-nos com a melhoria dos resultados, que atribuímos a um maior empenho dos professores, dos alunos e das famílias», afirmou a presidente da Confap, Emília Bigotte, em declarações à Agência Lusa.

(Diário Digital / Lusa)

domingo, 8 de julho de 2007

Da melhor veia satírica...

No 4R




Requerimento ao Ministério do Vício e da Virtude

Exmos Senhores:
Eu, abaixo assinado, sei que os nossos governantes são generosos, ao ponto de nos permitirem dizer mal do governo em casa, ou até, em situação limite, na esquina de um café, desde que o façamos com sensibilidade social. Confesso que venho cumprido religiosamente o preceito.
Mas hoje, num local público, e longe, infelizmente, de qualquer lugar apropriado para o efeito, fui assaltado por um espírito maligno que me tentou a pensar mal do governo e a desejar a demissão de todos os nossos governantes.
Pode o Ministério do Vício e da Virtude informar-me o que fazer em tais circunstâncias, de modo a não prevaricar e continuar como um bom cidadão, ao serviço do governo e do seu país?
A Bem da Nação
Lisboa, 8 de Julho de 2007
A. Pinho Cardão

1 Comments:

At 18:29:00, Bartolomeu said...

Caríximo irmão Pinho Cardão, confexais nexte texto que perbaricasteis e que a boxa perbaricaxão foi ignomínea. Porém bemos que o bosso espírito poxui a gránde qualidáde do arrependimento, a qual xó é comum encontrar-xe naqueles carácteres mais balorojos. Axim, deliberou a magnânima axembleia a que humildemente bos deregísteis, que: Para remixão da bossa falta e como precauxão para que a mesma xe num repita. Debereis em acto de penitênxia dar 7 boltas de joelhos em redor do edifíxio das cortes, clamando a Xão Bento que opere o milagre da redenxão expulxando este goberno rápidamente. Xe no prajo de 30 dias o milagre num suxeder, debereis então dirigir-bos a Belém e ainda de joelhos rogar a Xanto Aníbal pela feitura do mesmo melagre. Xe ainda ao final de trinta dias xe não bereficar que o mesmo acontexa, boltai a escreber-nos irmão a fim de embarcarmos no primeiro boo pra Bora-Bora. Bora?

sábado, 7 de julho de 2007

Nove semanas e... um exame


Fui buscar ao José Luiz Sarmento:



Nove semanas para um exame
Disse-o a própria ministra, com um ar incompreensivelmente ufano, à comunicação social. O enunciado de um exame de Física, com a respectiva matriz e folha de critérios, demora a uma equipa de especialistas nove semanas a fazer.

Admitindo que cada semana contém cinco dias de trabalho, que cada dia é de sete horas, e que a equipa tem três membros, temos que o enunciado de um exame implica 945 horas de trabalho. Se cada uma dessas horas for paga a 8,00 €, temos que cada enunciado de exame custa ao contribuinte 7560,00 €.

Agora consideremos as despesas com a impressão dos enunciados, a sua manutenção em segurança e em segredo, o seu transporte e distribuição. A isto acrescentemos o fecho prematuro das aulas, a mobilização dos professores para as vigilãncias, para os júris, para as correcções, para os recursos. Multipliquemos tudo por todas as disciplinas, incluindo neste factor as várias versões de cada disciplina. O resultado é um balúrdio.

Desperdício? Não no entender da ministra: caso contrário procuraria esconder este custo e não alardeá-lo.

E com efeito, todas estas horas de trabalho são necessárias se se pretender avaliar todos os «objectivos» constantes do programa (a maior parte dos quais não têm nada a ver com o ensino da Física). Cada objectivo que se acrescenta ao programa duma disciplina representa, não uma nova parcela, mas um novo factor. A complexidade do todo aumenta, não por adição, mas por multiplicação.

O que é curioso é que os professores estão obrigados a leccionar os programas na sua totalidade (incluindo não só a «matéria» mas todos os «objectivos» que o integram) e a avaliar os alunos segundo critérios que tenham em conta esses objectivos. Façamos então as contas e vejamos o que significaria, em termos de horas anuais de trabalho de um professor, a elaboração de testes que obedecessem rigorosamente aos programas, aos protocolos e às directivas pedagógicas superiormente fixadas.

Cinco turmas, vezes dois testes, vezes três períodos, vezes 945 horas, daria 28.350 horas de trabalho anual. Ou seja: mesmo que o professor não tivesse férias nem fins de semana, ainda assim teria que trabalhar mais de 77 horas por dia só para elaborar testes.

O mal não está em haver exames. Acho muito bem que os haja, e até acho que os devia haver à entrada de cada ciclo com excepção do primeiro. Mas teriam que ser exames muito exactos, muito claros, muito limitados e muito modestos em relação àquilo que avaliam, de modo a que não se deitasse fora o que realmente interessa - o conhecimento e o ensino - e já agora a que se aliviasse significativamente a carga que os exames actualmente fazem pesar sobre o contribuinte.

Avaliação

Este grupo de alunos foi dos mais empenhados que tive até hoje. Claro que nem todos... Tudo o que era trabalho, faziam. Tinham sempre dúvidas e procuravam esmiuçar o que sabiam. Quando não percebiam, zangavam-se... Deram-me muito gozo. Mas, foram dos que piores notas tiveram a Português, no Exame, na minha escola. Só em 2003 foram também os resultados abaixo das expectativas.
Enfim, vou tratar de analisar isto:

Descidas de 14 de média de testes, para 9 no Exame... ou subidas de 8 para 12 confundem-me.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Resultados dos Exames

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1298731

Veja-se neste gráfico a subida vertiginosa da Matemática...

Como é óbvio e previsível...


Os meus meninos com média CIF de 13, ficaram-se por uma média de Exame de 11. Alguns, descoroçoados, vão pedir revisão de nota...

domingo, 1 de julho de 2007

Petição

Ao Sr. Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva:


Sr. Presidente da República, o Sr. 1º Ministro José Sócrates, está tomando posições não dignas de alguém que detenha um tal poder de responsabilidade e cargo.
(...)
Um processo jurídico contra uma especulação apregoada de difamatória é sinónimo de abuso de poder. Provindo esse abuso de poder e essa acção processual de alguém que detenha o cargo de 1º ministro é acto a ser repreendido pelo titular do cargo hierarquicamente superior – V. Exa.