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sábado, 7 de fevereiro de 2009

Horas de trabalho individual

Em 2005/06 fiz uma análise, considerando o meu horário da altura e de mais 2 colegas de áreas diferentes. No início de 2006/07, arranjei uma grelha onde apontava as horas de trabalho individual. O objectivo inicial era parar quando chegasse ao limite. Só preenchi durante um mês. Não valia a pena - por uma questão de brio profissional não podia mesmo parar nas 35. E como passava quase sempre das 50, desisti de as apontar. Mas ainda o fim de semana passado para fazer 2 (dois) míseros testes gastei 6 horas no Sábado e mais 5 no Domingo. E não, não sou nada lenta. Claro que podia ir buscar um dos anos anteriores: mas alguns alunos tê-los-ão e outros não - não seria justo. E nunca consigo dar a mesma matéria até à mesma altura. Cada ano é diferente do outro, como todas as turmas são diferentes umas das outras. Até eu sou diferente todos os anos. Enfim. Já pensei muito nisto, já o analisei, já até cheguei a fazer uma queixa no executivo (que até deu frutos), mas só os professores entendem isto.
Quando li o que a seguir transcrevo ou quando penso nestas coisas, apercebo-me da estupidez de tantas vezes «despachar» as minhas filhas porque «tenho de acabar isto». Que estupidez!
Recebi por mail:
Resposta ao Caríssimo que veio aos jornais INDIGNAR-SE contra os professores.Tal demonstra bem como os profs trabalham tanto e... "nem se dá por ela".

Caro anónimo indignado com a indignação dos professores,

Homens (e as mulheres) não se medem aos palmos, medem-se, entre outras coisas, por aquilo que afirmam, isto é, por saberem ou não saberem o que dizem e do que falam.

O caro anónimo mostra-se indignado (apesar de não aceitar que os professores também se possam indignar! Dualidade de critérios deste nosso estimado anónimo... Mas passemos à frente) com o excesso de descanso dos professores: afirma que descansamos no Natal, no Carnaval, na Páscoa e no Verão, (esqueceu-se de mencionar que também descansamos aos fins-de-semana). E o nosso prezado anónimo insurge-se veementemente contra tão desmesurada dose de descanso de que os professores usufruem e de que, ao que parece, ninguém mais usufrui.

Ora vamos lá ver se o nosso atento e sagaz anónimo tem razão. Vai perdoar-me, mas, nestas coisas, só lá vamos com contas.

O horário semanal de trabalho do professor é 35 horas. Dessas trinta e cinco, 11 horas (em alguns casos até são apenas dez) são destinadas ao seu trabalho individual, que cada um gere como entende. As outras 24 horas são passadas na escola, a leccionar, a dar apoio, em reuniões, em aulas de substituição, em funções de direcção de turma, de coordenação pedagógica, etc., etc.

Bom, centremo-nos naquelas 11 horas que estão destinadas ao trabalho que é realizado pelo professor fora da escola (já que na escola não há quaisquer condições de o realizar): preparação de aulas, elaboração de testes, correcção de testes, correcção de trabalhos de casa, correcção de trabalhos individuais e/ou de grupo, investigação e formação contínua. Agora, vamos imaginar que um professor, a quem podemos passar a chamar de Simplício, tem 5 turmas, 3 níveis de ensino, e que cada turma tem 25 alunos (há casos de professores com mais turmas, mais alunos e mais níveis de ensino e há casos com menos - ficamos por uma situação média, se não se importar). Para sabermos o quanto este professor trabalha ou descansa, temos de contar as suas horas de trabalho.

Vamos lá, então, contar:

1. Preparação de aulas: considerando que tem duas vezes por semana cada uma dessas turmas e que tem três níveis diferentes de ensino, o professor Simplício precisa de preparar, no mínimo, 6 aulas por semana (estou a considerar, hipoteticamente, que as turmas do mesmo nível são exactamente iguais -- o que não acontece -- e que, por isso, quando prepara para uma turma também já está a preparar para a outra turma do mesmo nível). Vamos considerar que a preparação de cada aula demora 1 hora. Significa que, por semana, despende 6 horas para esse trabalho. Se o período tiver 14 semanas, como é o caso do 1.º período do presente ano lectivo, o professor gasta um total de 84 horas nesta tarefa.

2. Elaboração de testes: imaginemos que o prof. Simplício realiza, por período, dois testes em cada turma. Significa que tem de elaborar dez testes. Vamos imaginar que ele consegue gastar apenas 1 hora para preparar, escrever e fotocopiar o teste (estou a ser muito poupado, acredite), quer dizer que consome, num período, 10 horas neste trabalho.

3. Correcção de testes: o prof. Simplício tem, como vimos, 125 alunos, isto implica que ele corrige, por período, 250 testes. Vamos imaginar que ele consegue corrigir cada teste em 25 minutos (o que, em muitas disciplinas, seria um milagre, mas vamos admitir que sim, que é possível corrigir em tão pouco tempo), demora mais de 104 horas para conseguir corrigir todos os testes, durante um período.

4. Correcção de trabalhos de casa: consideremos que o prof. Simplício só manda realizar trabalhos para casa uma vez por semana e que corrige cada um em 10 minutos. No total são mais de 20 horas (isto é, 125 alunos x 10 minutos) por semana. Como o período tem 14 semanas, temos um resultado final de mais de 280 horas.

5. Correcção de trabalhos individuais e/ou de grupo: vamos pensar que o prof. Simplício manda realizar apenas um trabalho de grupo, por período, e que cada grupo é composto por 3 alunos; terá de corrigir cerca de 41 trabalhos. Vamos também imaginar que demora apenas 1 hora a corrigir cada um deles (os meus colegas até gargalham, ao verem estes números tão minguados), dá um total de 41 horas.

6. Investigação: consideremos que o professor dedica apenas 2 horas por semana a investigar, dá, no período, 28 horas (2h x 14 semanas).

7. Acções de formação contínua: para não atrapalhar as contas, nem vou considerar este tempo.

Vamos, então, somar isto tudo:

84h+10h+104h+280h+41h+28h=547 horas.

Multipliquemos, agora, as 11horas semanais que o professor tem para estes trabalhos pelas 14 semanas do período: 11hx14= 154 horas.

Ora 547h-154h=393 horas. Significa isto que o professor trabalhou, no período, 393 horas a mais do que aquelas que lhe tinham sido destinadas para o efeito.

Vamos ver, de seguida, quantos dias úteis de descanso tem o professor no Natal.

No próximo Natal, por exemplo, as aulas terminam no dia 18 de Dezembro. Os dias 19, 22 e 23 serão para realizar Conselhos de Turma, portanto, terá descanso nos seguintes dias úteis: 24, 26, 29 30 e 31 de Dezembro e dia 2 de Janeiro. Total de 6 dias úteis. Ora 6 dias vezes 7 horas de trabalho por dia dá 42 horas. Então, vamos subtrair às 393 horas a mais que o professor trabalhou as 42 horas de descanso que teve no Natal, ficam a sobrar 351 horas. Quer dizer, o professor trabalhou a mais 351 horas!! Isto em dias de trabalho, de 7 horas diárias, corresponde a 50 dias!!! O professor Simplício tem um crédito sobre o Estado de 50 dias de trabalho. Por outras palavras, o Estado tem um calote de 50 dias para com o prof. Simplício.

Pois é, não parecia, pois não, caro anónimo? Mas é isso que o Estado deve, em média, a cada professor no final de cada período escolar.

Ora, como o Estado somos todos nós, onde se inclui, naturalmente, o nosso prezado anónimo, (pressupondo que, como nós, tem os impostos em dia) significa que o estimado anónimo, afinal, está em dívida para com o prof. Simplício. E ao contrário daquilo que o nosso simpático anónimo afirmava, os professores não descansam muito, descansam pouco!

Veja lá os trabalhos que arranjou: sai daqui a dever dinheiro a um professor. Mas, não se incomode, pode ser que um dia se encontrem e, nessa altura, o amigo paga o que deve.

Para que seja clarificada a situação, para que todos estejamos correctamente informados , por favor, reencaminhem para todos os amigos, conhecidos e anónimos!!!

domingo, 10 de dezembro de 2006

Finalmente!

Fiz estes dois últimos testes com a estrutura de exame.

  • Grupo I - Perguntas de interpretação de um texto;
  • Grupo II - Perguntas de escolha múltipla e correspondências;
  • Grupo III - Texto expositivo/argumentativo.

Cerca de onze horas para ver o primeiro grupo; à volta de três para ver o segundo; mais de 6 horas para ver o terceiro. (Tenho de arranjar maneira de ser tudo cruzinhas...)

Aqui está o exemplo de um aluno que há 3 anos insiste em fazer companhia a mim e a alguns colegas meus:





e exemplo de um que me vai sair rapidamente das mãos:




Depois de passar 20 horas à volta de 40 testes + 1 a coligir toda a informação, acabei a avaliação de 2 turmas.
Contei os trabalhos de casa; lancei todas as notas, das 2 fichas feitas na aula e das 8 feitas no moodle, no excel, para chegar à média; juntei as 2 dissertações e a oitava que fizeram e apreciei tudo.

Custou, muito, mas já está. Estou feliz! (ainda por cima há poucas negativas!)



Amanhã poderei olhar para as minhas filhas e ajudar a mais nova que ainda vai ter dois testes.



Quer isto dizer que na próxima semana só trabalharei 14? Ah pois está claro que não!

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Tempo?

A resposta para os problemas da educação passa pelo tempo na escola?

Ver em http://www.oecd.org/dataoecd/6/47/37344903.xls




  • Tempo na escola dos alunos dos 7 aos 14 anos em 2004:
    Portugal - 19º lugar em 28 (eram, em 2004, dos que mais tempo passavam na escola)


  • Países onde os alunos aí estão menos tempo:

Finlândia e Coreia (melhores 'colocados' no PISA 2003)


Coincidências?


Será por isso que surgiu agora a ideia da 'Escola a Tempo Inteiro'? Por passarem na escola mais tempo, vão aprender mais ou melhor?
Há uns dias recebi um mail. Transcrevo:
Há dias a sobrinha de uma colega nossa aluna do 1º ano com 6 anos de idade ao fim de uma semana de aulas , AEC, AE, etc etc.... vira-se para a mãe e pede-lhe:
" Mãe arranja-me por favor um emprego que eu estou farta da escola , não tenho tempo para nada "...
Gostei de ler isto (especialmente o último quadro - afinal os professores de Matemática são excelentes, se se considerar o nível educacional dos pais dos alunos)

domingo, 19 de novembro de 2006

35 horas

Ao ler isto da Teresa e isto do Miguel, lembrei-me disto que o ano passado me lembrei de fazer.

Este ano, fiz um quadro em excel, onde aponto as horas não lectivas que faço em casa. Se me limitasse a cumprir as 35, nem testes nem textos dos alunos corrigia. Onde vou cortar? Em algum lado terá de ser... Começo a ficar irritada comigo própria por querer fazer tudo bem.
Ainda terei de conseguir fazer como um casal amigo: chega ao fim das 9 disponíveis e pufff... acabou-se. Sou burra ou quê? Também já sei que não vou progredir muito mais, porque de cargos que de nada adiantam estou é farta. Já estive num executivo, no tempo em que nada se ganhava mais... a não ser juízo. E o que realmente me interessa é o que se faz no espaço da aula... o resto é fogo de vista e papelada para a qual não tenho apetência... 'Portantos', 'a modos que' tenho de me adaptar a esta nova profissão/posição. Melhores dias virão, com toda a certeza. Os regimes autoritários nunca duram, a realidade acaba sempre por provar a verdade.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Tempo...

Com 43 anos, dos quais metade de um como correspondente comercial numa empresa (feito de imenso e diário tédio e consequente sensação de estupidificação crescente) e 18 no ensino, sempre com prazer, até ao ano lectivo de 2004/2005, chego hoje à conclusão que realmente escolhi mal. Entre o tédio e o facto de nem tempo ter para respirar, para poisar e reflectir sobre as coisas, não há dúvida: viva o tédio!
Isto a propósito das reduções: agora no novo ECD surgem apenas aos 50, até ao máximo de 6; no ainda em vigor, a partir dos 40 até ao máximo de 8; surgiam, quando entrei na carreira, ao fim de cada 5 anos de serviço. Estariam loucos? Ou estão agora?
Há uns poucos anos atrás, eu não sentia as limitações que hoje sinto. Nunca precisei de apontar nada e nunca me esquecia de nada. As caras dos alunos eram únicas no final de duas semanas, os seus nomes claros e sabia exactamente o que tinha dito a uma turma e faltado dizer na outra. Numa noite corrigia uma turma de testes sem nunca me faltar a concentração. Agora, as caras e respectivos nomes só são únicos ao fim de muiiiiito tempo. Agora, se não aponto o que tenho de fazer no dia seguinte, pareço andar com um detector de metais à procura de uma moeda no deserto. Agora, corrigir uma turma de testes é escalar o Everest.
Como eu entendo e sinto a necessidade das reduções! Duvido que aguente até aos 55 neste ritmo. Mas tenho de aguentar. Afinal, tudo se aguenta. Em que condições? Não interessa. Tenho de me convencer que sou um militar e apenas tenho de obedecer a generais! Tenho de me convencer que isto de dar aulas é uma brincadeira e que não é necessário fazer o melhor possível - basta fazer o que o tempo deixa. Como disse uma encarregada de educação numa reunião a que também fui no mesmo papel - os professores substitutos podem inventar qualquer coisita para dar nessas aulas. Embora tenha comentado que «aulas não se inventam», se calhar é o que tenho de começar a fazer para ter tempo de viver.

quarta-feira, 21 de junho de 2006

Trabalhos forçados

por Eduardo Prado Coelho
O fio do horizonte
Há qualquer coisa que não está a funcionar bem no Ministério da educação. Existe uma determinação em abstracto do que se deve fazer, mas uma compreensão muito escassa da realidade concreta. O que se passa com o ensino do Português e a aprendizagem dos textos literário é escandaloso. Onde deveria haver sensibilidade, finura e inteligência na compreensão da literatura, há apenas testes de resposta múltipla completamente absurdos. Assim não há literatura que resista. Há tempos, dei o exemplo da regulamentação por minutos e distâncias de determinadas provas. O ministério respondeu-me que se baseavam na mais actualizada bibliografia e que tinham tido reacções entusiásticas perante tão inovadoras medidas. Não me convenceram minimamente. Trata-se de dispositivos ridículos e hilariantes, que provocam o mais elementar bom senso.
O problema reside em considerar os professores como meros funcionários públicos e colocá-los na escola em sumária situação de bombeiros prontos para ocorrer à sineta de alarme. Mas a multiplicação de reuniões sobre tudo e mais alguma coisa não permite que o professor prossiga na sua formação científica. Quando poderá ler, quando poderá trabalhar, quando poderá actualizar-se? Não é certamente nas escolas que existem condições para isso. Embora na faculdade eu tivesse um gabinete, sempre partilhado com mais quatro ou cinco pessoas, nunca consegui ler mais do que uma página seguida.
Não existem condições de concentração. Pelo caminho que as coisas estão a tomar, assistiremos a uma barbarização dos professores cada vez mais desmotivados, cuja única obsessão passa a ser defenderem-se dos insultos e dos inqualificáveis palavrões que ouvem à sua volta. A escola transforma-se num espaço de batalha campal, com o apoio da demagogia dos paizinhos, que acham sempre que os seus filhos são angelicais cabeças louras. E com a cumplicidade dos pedagogos do ministério.Quando precisaríamos como de pão para a boca de um ensino sólido, estamos a criar uma escola tonta e insensata. Neste benemérita tarefa tem-se destacado o secretário de Estado Valter Lemos. É certo que a personagem se diz e desdiz, avança e volta atrás, com a maior das facilidades. Mas o caminho para onde parece querer avançar é o de uma hostilização e incompreensão sistemática da classe dos professores. Isto prejudica o país, e prejudica o Governo, com um primeiro-ministro determinado e competente, mas que não pode estar atento a todos os pormenores. E prejudica o PS, mas não sei se isto o preocupa.
Vem agora dizer que o professor deve avisar previamente que vai faltar, o que no limite significa que eu prevejo com alguns dias de antecedência a dor de dentes ou a crise de fígado que vou ter. E que deve dar o plano da aula que poria em prática caso estivesse em condições. Donde, as matérias são totalmente independentes de quem as ensina, basta pegar no manual, e ala que se faz tarde. Começa a tornar-se urgente uma remodelação do Governo, mas isso é tema delicado a que voltarei mais tarde.

In Público (sublinhados de Amélia Pais)

quinta-feira, 8 de junho de 2006

Prazer de ensinar...

Na suavidade das palavras da Teresa Marques respira-se a ternura de quem gosta do que faz e o cansaço das tarefas que lhe tiram o prazer de o fazer com tempo...
Ver os posts:

sábado, 1 de abril de 2006

Horas e Horas


Aqui está um quadro com 3 casos específicos analisados no final do ano lectivo passado que servem de exemplificação para se determinar as horas que um prof cumpre na sua componente não lectiva nas 36 semanas em que decorre o ano lectivo e das quais, quem não conhece, não reconhece e não contempla. Os docentes aqui representados são casos reais...



De fora ficam as horas gastas em:
. reuniões de avaliação;
. lançamento de termos;
. matrículas;
. formação de turmas;
. serviço de exames;
. correcção de exames;
. elaboração de horários;
. planificação do ano lectivo;
. plano anual de actividades;
. Projecto Educativo.

Convido-vos a marcarem as horas que, este ano, estão a «gastar» semanalmente nesta profissão... (se arranjarem tempo).

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Lutar contra o TEMPO - resposta

Vale sempre a pena lutar (não é uma palavra que me agrade particularmente) por aquilo que achamos ser justo.

Por determinação do Conselho Pedagógico passei de 9 horas de trabalho individual para 11 (eu e todos os professores de disciplinas com programas novos, sujeitos a exame). Tive ainda a redução de secundário (+ 2 horas), por apenas ter uma turma de recorrente nocturno de 3º ciclo e tudo o resto ser de secundário. Embora gaste muito mais do que isto (chego muitas vezes às 50 da Finlândia) sinto a justiça em acção...
De fora ficaram muitos outros casos...

segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

Lutar contra o TEMPO

Em desespero de causa, finalmente desisto. Não posso cumprir o que não é possível ser cumprido. Primeiro estou eu, depois a escola. Sem um «eu» equilibrado também não havia um «eu na escola». A IC abriu-me os olhos...
Exmª Srª Presidente do Conselho Executivo
Com conhecimento ao Delegado de Grupo


Assunto: Impossibilidade de cumprir as orientações de gestão do programa de Português de 12º ano e o que diz respeito à Circular nº. 14/2005 da DGIDC.


Eu, professora do quadro de nomeação definitiva do oitavo grupo A, actualmente a leccionar o novo programa de Português de décimo segundo ano, venho por este meio informar, que, dadas as alterações definidas para o trabalho a nível de estabelecimento determinarem que apenas tenho 9 horas de trabalho individual nas semanas em que não tenho reuniões, e 7 nas semanas em que as tenho, terei de alterar a planificação e a avaliação instituída no início do ano lectivo.
Assim informo:
1. Uma vez que é absolutamente indispensável a devida preparação de aulas e materiais, sem a qual não seria possível acompanhar os alunos na apreensão dos conteúdos da disciplina e considerando que só a nova Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário me tem ocupado cerca de dez horas de trabalho não remunerado todos os fins de semana, usando a semana para preparar o desenrolar das aulas, decidi o seguinte:
a) o item «portefólio», que prevê a correcção de trabalhos escritos, produzidos pelos alunos, com o objectivo de treinar a produção escrita, embora crucial para um melhor desempenho a este nível, terá de ser excluído, uma vez que este trabalho comporta uma média de 200 minutos de trabalho por semana, ou seja, mais de 3 horas semanais (dependendo da especificidade de cada tipo de texto entre 5 a 15 minutos de correcção - 1 trabalho de 15 em 15 dias x 40 alunos). Daí que a avaliação, que previa uma percentagem de 15% para este item, venha também a ser alterada.
b) a nova terminologia, à semelhança do que se passa noutras escolas, não será toda trabalhada. Os alunos farão os exercícios como surgem no manual, ou seja, de acordo com uma mistura entre a «velha» e a nova e, sempre que o tempo mo permitir, actualizarei o que está errado (porque não consentâneo com a nova terminologia) no manual. De fora ficará o que este não contém.
2. Devo acrescentar que nunca me escusei a qualquer tipo de trabalho e que tenho dedicado muito mais do que as 35 horas instituídas ao estudo e à preparação de materiais que melhor se adeqúem aos alunos e à correcção de trabalhos seus, para que possam analisar os erros e assim melhor os corrigirem. Também o desenvolvimento do projecto, Português na Net, que ocorre há vários anos, surge agora materializado no horário em forma de projecto, embora a escola não me tenha ainda facultado os instrumentos para aí o trabalhar. Daí que o continue a fazer em casa e use essas horas para preparação de aulas e materiais. Por me sentir avassalada por trabalho e por considerar que acima da profissão e do brio profissional, que sempre me norteou, está a minha saúde mental, sem a qual nem o mínimo poderei render, decidi o que aqui informo, mau grado o constrangimento do dever não cumprido.

sexta-feira, 25 de novembro de 2005

A Finlândia

Ler o ponto 8.2.12. working time na página: http://www.eurydice.org/Eurybase/Application/frameset.asp?country=FI&language=EN

Most teachers' working hours are based on teaching duties. Teaching duties vary between 15 and 23 weekly lessons according to the type of institution and subject. At vocational institutions, weekly teaching duties amount to between 20 and 25 lessons. Some institutions define duties on an annual basis.Most teachers' working hours are based on teaching duties. Teaching duties vary between 15 and 23 weekly lessons according to the type of institution and subject. At vocational institutions, weekly teaching duties amount to between 20 and 25 lessons. Some institutions define duties on an annual basis.

Na página seguinte pode consultar-se a informação em relação a outros países:
http://www.eurydice.org/Eurybase/frameset_eurybase.html

Veja-se na Dinamarca: com um horário de 37 horas semanais, por cada hora lectiva o professor tem uma para preparação.

terça-feira, 25 de outubro de 2005

Cansaço















(9-10-1934)

O que há em mim é sobretudo cansaço -
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço asssim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas -
Essas e o que falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.














(...)
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo,
cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos