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sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Autoridade

Crise de autoridade familiar na origem do aumento da violência escolar
in «Público» 10/11/2006


Especialistas em educação defenderam hoje que o aumento da violência escolar se deve, em parte, a uma crise de autoridade familiar, onde os pais renunciam a impor disciplina aos filhos, remetendo-a para os professores.
Vários especialistas internacionais estão reunidos na cidade espanhola de Valência a analisar até amanhã o assunto "Família e Escola: um espaço de convivência".
Os participantes no encontro, dedicado a analisar a importância da família como agente educativo, consideram que é necessário evitar que todo o peso da autoridade sobre os menores recaia nas escolas, o que obriga a "um esforço conjunto da sociedade".
"As crianças não encontram em casa a figura de autoridade", um elemento fundamental para o seu crescimento, disse na conferência inaugural do congresso o filósofo Fernando Savater." As famílias não são o que eram antes, um núcleo muito amplo e hoje o único que muitas crianças contactam é a televisão, que está sempre em casa", sublinhou.
Para Savater os pais continuam a "não querer assumir qualquer autoridade", preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos "seja alegre" e sem conflitos e empurrando o papel de disciplinador quase exclusivamente para os professores.
No entanto, e quando os professores tentam exercer esse papel disciplinador, "são os próprios pais e mães que não exerceram essa autoridade sobre os filhos que intentam exercê-la sobre os professores, confrontando-os".
"O abandono da sua responsabilidade retira aos pais a possibilidade de protestar e exigir depois. Quem não começa por tentar defender a harmonia no seu ambiente, não tem razão para depois se ir queixar", sublinha.
Savater acusa igualmente as famílias de pensarem que "ao pagar uma escola " deixa de ser necessário impor responsabilidade, alertando para a situação de muitos professores que estão "psicologicamente esgotados" pela situação e se convertem "em autênticas vítimas nas mãos dos alunos".
Os professores, afirma, não podem ser deixados sós, e a liberdade "exige uma componente de disciplina" que obriga a que os docentes não estejam desamparados e sem apoio, nomeadamente das famílias e da sociedade."
A boa educação é cara, mas a má educação é muito mais cara", afirma, recomendando aos pais que transmitam aos seus filhos a importância da escola e a importância que é receber uma educação, "uma oportunidade e um privilégio".
"Em algum momento das suas vidas, as crianças vão encontrar disciplina" , disse. Em conversa com jornalistas, Savater explicou que é essencial perceber que as crianças hoje não são mais violentas ou mais indisciplinadas que antes, mas que hoje "têm menos respeito pela autoridade dos mais velhos". "Deixaram de ver os adultos como fontes de experiência e de ensinamento para os passarem a ver como uma fonte de incómodo. Isso leva-os à rebeldia", afirmou. Daí que mais do que reformas aos códigos legislativos ou às normas em vigor, é essencial envolver toda a sociedade, admitindo que "mais vale dar uma palmada, no momento certo" do que permitir as situações que depois se criam. Como alternativa à palmada, oferece outras, como suprimir privilégios, alargar os deveres ou trabalhos de casa.

quinta-feira, 29 de junho de 2006

A ordem e os infantes

Professor universitário
Diogo Pires Aurélio



Existe um certo pudor em pronunciar a palavra autoridade, mas ela vem irresistivelmente à memória de cada vez que se fala na situação actual das escolas. Perante os exemplos de barbárie que toda gente já deve ter ouvido contar aos professores, ou a forma desabrida como as salas de aula são tomadas de assalto por pequenos delinquentes e que as televisões, ainda há bem pouco tempo, voltaram a mostrar, não há ninguém de bom senso que não reclame uma lei, uma inspecção, uma esquadra ou um ministério que ponha cobro a isto. No entanto, apesar desse consenso mais ou menos tácito, a questão da disciplina nas escolas continua a ser uma espécie de dama que toda a gente corteja mas em que ninguém toca, a não ser, eventualmente, com a costumeira flor de estilo.
A autoridade tem má fama. Vulgarmente confundida com o poder autocrático, só por um acaso improvável ela permaneceria intacta em sociedades onde qualquer ordem é suspeita, enquanto não for previamente negociada e aceite por todos e cada um. A cultura em que estamos mergulhados e o que se aprende, inclusive, nas escolas já não reconhecem a autoridade como um valor. Levada ao limite das interpretações corriqueiras, a pulsão democrática ocasionaria mesmo o seu contrário, isto é, o não reconhecimento de nenhuma obrigação, a menos que haja força para a impor. Ruiu, por isso, a autoridade dos mais velhos, ruiu a autoridade da família. Imaginar que a escola poderá permanecer um oásis, no meio dessa devastação geral que assola o exercício da autoridade, é puro devaneio.
Acontece que a escola não funciona sem uma réstia, mínima que seja, de autoridade. O mestre precisa de possuir a autoridade que vem do saber, da experiência e da maturidade, razão pela qual convém que ele seja regularmente avaliado. Mas, só por si, isso não basta, se a lei e os costumes não lhe oferecerem os meios para fazer vingar tal autoridade, sempre que ela seja posta em causa. Não se pode exigir uma escola tranquila e rejeitar os seus custos.
De pouco adianta, a este propósito, aplaudir a coragem de alguns professores, que conseguem desenvencilhar-se, por mais hostil que o meio se apresente. É até perverso julgar que o problema se resolve com actos isolados de heroísmo, poupando os alunos e as suas famílias à evidência de que a escola, para ensinar o que quer que seja, tem de ter autoridade e dar-se ao respeito.

DN de 27.06.06

A Indisciplina Escolar

"Sobre a questão da indisciplina nas escolas publicou Fátima Bonifácio um veemente e indignado artigo no Público de sexta-feira passada. Escolas transformadas naquilo a que ela chama "depósitos de delinquentes", professores (e sobretudo professoras) insultados e agredidos, alunos normais aterrorizados, tudo isto, mais a ausência de elementares medidas de vigilância, polícia e sanção, está a criar uma situação explosiva no ensino.
É claro que essa saída existiria sem dificuldades no domínio do politicamente incorrecto. Se o professor, ou alguém por ele na escola, pudesse dar duas boas chapadas ao jovem agressor, insurrecto e malcriado, o problema resolvia-se em quinze dias. E, se as coisas continuarem assim, virá o tempo em que não haverá outra solução que não seja a restauração das palmatoadas e dos castigos corporais, quer se goste quer não se goste. Nunca fizeram mal a ninguém e, se sempre foram uma estupidez no que respeita ao mau aproveitamento, também sempre mostraram bastante eficácia no que toca às agressividades.
Num livro que já não é recente, A Pedagogia da Avestruz /Testemunho de Um Professor (2.ª ed., Gradiva, 2004), Gabriel Mithá Ribeiro analisa com argúcia, entre outras matérias de relevância para a vida escolar, o problema da indisciplina e reconhece que esteve à beira dessa atitude: "Cheguei a ter de jogar alunos e respectivo material pela porta fora, porque se recusavam a obedecer à ordem de expulsão da aula; cheguei a agarrar pelos colarinhos alunos que me invadiam a sala; cheguei a pôr o dedo em riste em algumas situações. Arrisquei a minha pele? Sim, mas ganhei o respeito dos outros e assim pude trabalhar (…)."
É muito pertinente a maneira como aborda a concepção da escola e rejeita a "incompreensível confusão entre os espaços simbólicos da família e da escola", afirmando a necessidade de um poder coercivo legítimo, com a possibilidade de sanções, "sempre legítimas e indispensáveis, no limite, da exclusão de quem não se compatibiliza com as normas".
É radical a sua crítica do pensamento e da prática dominantes na busca dos consensos que pretendem tornar os alunos "parceiros a tempo inteiro das decisões, no âmbito da vida escolar", o que é "uma falácia justificadora da fraqueza dos adultos". Por outro lado, as vicissitudes de natureza burocrática tendentes a efectivar a responsabilidade dos alunos são, como ele lhes chama, "meandros kafkianos".
É extraordinária a descrição que faz das hesitações dos professores e das delongas de preparação, instrução e apreciação dos processos: "Participei no mês de Junho em discussões sobre maus comportamentos que se arrastavam desde Outubro, para optarmos por penas simbólicas." E, enfim, a cereja no cimo do bolo: "Na maior parte das reuniões desta natureza em que participei, emerge de seguida o lado humano, cujos produtos finais, em bom rigor, dever-se-iam chamar impunidade, permissividade e irresponsabilidade."
Para Mithá Ribeiro, como para qualquer pessoa sensata, a "pieguice pedagógica" não tem pés nem cabeça, o bom selvagem de Rousseau não existe e a "questão dos aberrantes e politicamente correctos castigos pedagógicos é toda ela pensada partindo de uma visão demasiado optimista da condição humana e da vida social, como toda a actual filosofia do ensino".
A cultura profissional dos docentes é também uma das principais causas da indisciplina: "Quando tudo se centra no aluno, aos professores resta o sentimento de culpa, de auto-flagelação por todos os males que afectam o ensino." E "os próprios professores, a começar pelos conselhos executivos, têm discursos e práticas contra toda e qualquer forma de exercício de autoridade".
No sentido de inverter o rumo que as coisas levam, Mithá Ribeiro propõe a criação de comissões disciplinares nas escolas. A elas caberia a definição da estratégia disciplinar do estabelecimento, o recebimento das participações, a abertura e instrução dos processos, o poder de suspensão imediata dos alunos nos casos mais graves, o contacto com os pais, a presidência dos conselhos de turma de natureza disciplinar, a resolução de diferendos entre docentes e encarregados de educação, o calendário e a fiscalização do cumprimento das penas e uma vigilância constante ao longo do ano em matéria disciplinar.
Não sei se a ideia resulta. É possível. Mas, entretanto, talvez fosse preferível ir mandando regularmente a polícia para as escolas mais problemáticas. "

Vasco Graça Moura, escritor
transcrito de
http://ocantinhodaeducacao.blogspot.com/

segunda-feira, 12 de junho de 2006

Toma! - disse a Sra Ministra

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=61&id_news=231898

Docentes fecham escola do Lumiar depois agressão a professora
A Escola EB1 S. Gonçalo, no Lumiar, estará encerrada segunda-feira, por decisão dos professores, depois de uma professora ter sido agredida sexta-feira por um casal familiar de um aluno do estabelecimento, disse à agência Lusa fonte sindical.
De acordo com o relato feito à agência Lusa pela presidente do Sindicato Democrático dos Professores da Grande Lisboa (SDPGL), Maria Conceição Pinto, a decisão de encerrar a escola foi tomada pelos professores e o estabelecimento vai manter-se fechado «enquanto não se resolver o problema de segurança».
A informação sobre o fecho do estabelecimento, segundo Maria Conceição Pinto, está afixada num cartaz colocado à porta da escola na sexta-feira.
A dirigente sindical adiantou que o órgão executivo do Agrupamento de Escolas Pintor Almada Negreiros - a que pertence a EB1 S. Gonçalo -, «telefonou de imediato à Direcção Regional de Educação de Lisboa (DREL) a comunicar o incidente» e que obteve como resposta a indicação de que «ninguém fale com a comunicação social e que a escola não feche».
A Lusa entrou em contacto com a porta-voz do Ministério da Educação, mas não foi possível obter um esclarecimento da DREL em tempo útil.
O incidente ocorreu sexta-feira, pela hora de almoço, quando a professora em causa, que é coordenadora da escola e membro do conselho- geral do SDPGL, se encontrava dentro do estabelecimento de ensino, explicou Maria Conceição Pinto.
A docente, que está na escola há quase duas décadas, terá chamado a atenção a um aluno, com cerca de 13 anos, que estava a atirar cascas para o chão.
Este ignorou o aviso da professora, que fez menção de lhe segurar a mão para que o jovem apanhasse as cascas, mas este escapuliu-se.
Segundo o relato da dirigente sindical, «pouco tempo depois» terá entrado na sala onde estava a docente um casal de etnia cigana, aparentemente familiares próximos do aluno, que a insultou, tentou arremessar-lhe à cabeça um balde de lixo de alumínio e lhe bateu na cara e na cabeça repetidas vezes até que os restantes professores e auxiliares conseguiram por cobro ao ataque.
A professora, de 50 anos, foi assistida pelo Instituto Nacional de Emergência Médica na escola e vai ficar de baixa, adiantou Maria Conceição Pinto.
A sindicalista acrescentou não ter conhecimento de outras agressões a docentes neste estabelecimento, mas acentuou que a escola tem vários problemas de segurança (nomeadamente devido a «brincadeiras perigosíssimas» com que alguns alunos assediam outros), que haviam levado já a professora atacada a solicitar a presença da polícia no recreio durante os intervalos.
Naquela tarde, «a polícia havia acabado de sair» do estabelecimento, pormenorizou a sindicalista, que frisou que, «pouco tempo depois [do ataque à docente] vieram logo à escola outras pessoas de etnia cigana, pais de alunos, muito incomodados, muito revoltados com a situação, a lamentar que, por causa de uns, ficam todos com a mesma fama».
Maria Conceição Pinto asseverou à Lusa que a docente atacada tem uma «relação muito boa» com a comunidade cigana que tem filhos naquele estabelecimento de ensino e que «o ano passado foi a única professora que não concorreu para fora da escola».
A sindicalista acrescentou que o SDPGL, que integra a Federação Nacional dos Sindicatos de Educação (FNE), vai entrar em contacto com a DREL na segunda-feira «para saber que tipo de intervenção se vai fazer numa escola destas, onde os professores não se sentem seguros».
Diário Digital / Lusa
11-06-2006 18:18:00

terça-feira, 6 de junho de 2006

Na imprensa

A ministra está atenta
Instada na Maia acerca da assustadora realidade da violência nas escolas, que há muito faz parte do quotidiano de professores, funcionários e alunos, mas que só agora, em virtude de uma reportagem da RTP, chegou à agenda mediática, a ministra da Educação limitou-se a dizer que "está atenta". Podemos, pois, ficar tranquilos. Só até Abril deste ano, a PSP já detectou, em escolas de todo o país, 50 armas na posse de alunos, facas, navalhas, mas também sete armas de fogo, mas a ministra está atenta. Os furtos e roubos multiplicam-se, mas a ministra está atenta. Em mês e meio, a PSP instaurou 22 processos por venda de álcool a menores nas proximidades de escolas, apreendeu 40 doses de cocaína, 52 de heroína, 1498 de haxixe e recebeu 49 queixas de atentado ao pudor, mas a ministra está atenta. No ano lectivo 2004/2005, o próprio Ministério registou mais de 1200 agressões no interior das escolas (às vezes dentro da sala de aula) e 191 alunos, professores e funcionários tiveram que receber tratamento hospitalar, mas não temos que nos preocupar porque a ministra está atenta. E, provavelmente, virá um dia destes a público dizer que a culpa é dos professores e que a coisa se resolve pondo os pais dos delinquentes a avaliar a sua competência.

PROFESSORES LINCHADOS

Paulo Fafe
in Diário do Minho de 2006/05/06


A Sra. Ministra da Educação veio a público decla rar que o insucesso escolar se deve aos professores. Este terrorismo contra os docentes insere-se, quanto a nós, numa clara intenção de fazer os seus remendos (reforma educativa não é), com o beneplácito da popula ção. Para isso, achou a Sra.. Ministra que a melhor táctica seria desmoralizar primeiro a classe dos professores, atá-los no pelourinho público para serem linchados. Depois que o terreno estivesse arado ficaria pronto para a sementeira. E teremos que louvar a Sra. Ministra porque a táctica está a resultar. O fermento mau também leveda.
(...)
Mas nada disto é por acaso. Não foi ao acaso, ou levianamente como se poderia pensar ou como os mais ingénuos pensam, que a Sra. Ministra procedeu ao descrédito dos professores. Depois de os achincalhar na praça pública, depois de os comprometer seriamente perante o País, depois de os denegrir como profissionais, parece que está aberta a via para impor os seus remendos. A classe dos professores nem no regime deposto em 25 de Abril de 1974 foi tão atacada como o está a ser agora pelo governo socialista. Nem o governo socialista teve tão boa e fiel intérprete como a actual responsável pelo Ministério da Educação.
Para impor as suas doutrinas económicas, encontrou na pessoa da Sra. Doutora Maria de Lurdes Rodrigues o que Salazar encontrou em António Carneiro Pacheco. Durante dois anos e meio, Salazar teve três Ministros da Instrução Pública, sem nenhum deles ser a medida dos seus desígnios. Conseguiu Salazar (1936) encontrar, em António Carneiro Pacheco, um executor implacável da doutrina política do governo. Neste nosso tempo, tempo de democracia, a doutrina política do governo de Sócrates é acabar com direitos adquiridos pelos professores.
Car­neiro Pacheco fez uma profunda remodelação em todo o sistema. educativo. Na remodelação do Ministério da Educação Nacional, pode ler-se quesitos como: «selec­ção do professorado de qualquer grau de ensino (...), exigências da sua essencial cooperação na fun­ção educativa», avaliação por per­centagens de aprovação, etc., etc. Transposto para os dias de hoje e dados os retoques finais que o sistema democrático exige, o espírito da Sra. Ministra da Educação não vai beber a outra fonte. Sócrates conseguiu em Maria de Lurdes o seu Carneiro Pacheco? Tudo indica que sim. O que se recomenda aos professores é que não tenham medo. Que se unam. Que pensem que as perseguições não duram mais que uma próximas eleições. Não há bem que sempre dure nem mal que não acabe. Que se apoiem decisiva mente nas suas organizações de classe. Que pensem sempre que se não há ensino sem alunos tam­bém não há ensino sem professores. Que os ministros passam e os professores ficam. Que para cer­tos traumas ministeriais não há catarse. Paciência. Estamos plena­mente convencidos que o ensino em Portugal só melhorará quando houver menos ministério e mais escola. Os professores têm tam­bém direito à indignação. Sentem-se ofendidos pela Ministra da Educação e como quem se não sente não é filho de boa gente, há que reagir contra a ofensa na mesma intensidade com que fo­ram esbofeteados.

domingo, 4 de junho de 2006

A entrevista

Muita clareza no discurso da senhora: o professor está qualificado para lidar com TODOS os alunos. «Tem que saber trabalhar com crianças! TODAS!»
  • Uma de 6 anos é exactamente igual a uma de 1o ou a uma de 17... (isto toda a gente sabe)
Justifica-se assim a orientação para a organização do próximo ano lectivo que diz:
Os docentes sem componente lectiva, independentemente do seu ciclo de ensino, devem ser afectos, de acordo com as necessidades do Agrupamento/Escola, à Dinamização de actividades de prolongamento do horário no 1º ciclo.
Fechem-se já os cursos de Psicologia e de Assistência Social! Porque é esse o nosso papel.
Ficou claro que o nosso papel já não é ensinar conteúdos curriculares a quem quer aprender. É reunir.
  • Palavra de ordem: REUNIÃO! Somos uma organização. Precisamos de reunir. A reunião é o caminho para a resolução de todos os problemas.
Com o trabalho em equipa vamos com toda a certeza fazer com que alunos como os que foram aqui ou aqui focados passem a olhar para a escola de uma forma completamente diferente.
- Que estão 30 professores a fazer na sala de professores, se na sala ao lado está um colega com um problema de disciplina? Em que escola isto acontece? Estaremos no mesmo país?

As aulas de substituição servem para minimizar os problemas de indisciplina? Só pode ser anedota. É aí que se têm verificado mais problemas... E servem para se ver a escola como um «espaço de convívio e socialização com os bens e meios culturais» (?!?) ... (chinês?)

segunda-feira, 6 de março de 2006

quinta-feira, 2 de março de 2006

É triste...

Leia-se aqui , não para onde vai, mas onde já está a educação...
A 'minha' escola é pacata, numa vila do interior e o que aqui é relatado também na minha já acontece.
A educação começa em casa. Enquanto se desculpabilizarem as 'criancinhas' e os 'paizinhos' (porque estão muito cansados do trabalho e/ou não têm tempo/disponibilidade para os educar (aturar?)), enquanto se entregar à escola toda a responsabilidade de os 'educar' para além de os 'instruir' sem lhe dar os meios para o fazer...... NADA FEITO. (ponto final, parágrafo)

domingo, 19 de fevereiro de 2006

Papás Multibanco

Transcrição de um texto que me foi enviado por Amélia Pais:

Partia vidros, fabricava bombas artesanais, falsificava as notas. Bernardo procurava sempre situações limite. Possuía tudo o que podia ser comprado com dinheiro. Não tinha a atenção dos pais, empresários que estavam ocupados a ganhar dinheiro. O filho cresceu no meio de criadas. Aos 15 anos, a escola deixou de ter paciência para o aturar.
"É um tipo de miúdo que, se não for agarrado a tempo pode entrar na marginalidade, no consumo de drogas. Porque isso representa entrar num caminho onde não há limites", explica a psicóloga Andreia Moniz.
O Bernardo foi um dos seus doentes mais difíceis. Motivo de uma educação centrada no bem-estar físico. A atenção, o carinho e a partilha de experiências em família foi substituída por bens de consumo. É o pior exemplo dos efeitos dos "papás multibanco", uma definição de Victor Cerqueira, formado em Ciências de Educação. É professor e o que vê?
"Vejo alunos com telefones de última geração. Roupas de marca. Os pais demitem-se da sua função, que é definir regras, impor limites, exercer a autoridade. É mais difícil dizer 'não' do que 'sim'". Tende-se a substituir isso pelo multibanco, muitas vezes com sacrifício", explica. O termo surgiu depois de dizer que solução para os problemas de um jovem seria abrirem uma conta e darem-lhe um cartão multibanco. Um aluno não percebeu a ironia e disse: "Isso mesmo!"
"Os pais de hoje têm tão pouco tempo para os filhos que estes deixam de ser uma prioridade. Têm sentimentos de culpa e acabam por compensar com as coisas materiais. Como se assim pudessem substituir os afectos", acrescenta Andreia Moniz, responsável pelo gabinete de psicologia Psicodam e onde Victor Cerqueira prepara outros profissionais para lidarem com estas situações.
Mudanças
Hoje, as pessoas têm menos tempo, sobretudo os que vivem em Portugal, diz a socióloga da família Maria das Dores Guerreiro. "Somos o país em que se consome mais tempo fora de casa, tanto no trabalho como nos transportes. Temos a semana de 40 horas, o que já não acontece em muitos países da UE, e há sectores com cargas horárias muito díspares. Temos a maior taxa de actividade das mulheres a tempo inteiro. Ambos os membros do casal trabalham e investem no bem-estar da família. Para dar aos filhos o que não tiveram."
A sociedade evoluiu muito, "mas passou-se do 8 para 80, a todos o níveis. Passou-se de uma disciplina rígida para a ausência de disciplina", acrescenta Victor Cerqueira. O bem material surge para compensar a ausência, o abandono. Há também quem superproteja a criança, resolvendo-lhe os obstáculos e comprando-lhe tudo. Mas, alertam os técnicos, quando a situação se torna um problema é porque existem outros pontos críticos. A terapia começa com o filho e acaba na família.
E até a ida ao psicólogo começa por ser uma forma de "comprar" a resolução de um problema. "Os pais do Bernardo pagaram para alguém lidar com o filho. Disse-lhes que eles é que tinham de tomar uma decisão", conta Andreia Moniz. O rapaz chumbou e os pais mandaram-no para um colégio interno em Espanha nas férias. Foi castigado. Ouviu muitos nãos. Demorou três anos para perceber que viver em sociedade implica regras e que nem tudo pode ser comprado. Aprendeu a lidar com limites e a frustração de não ter tudo.
A partir da adolescência, a terapia tem que ser feita quase exclusivamente com o doente. «Chamamos a atenção dos pais para o que não devem fazer, mas trabalha-se a maturidade do jovem. Explica-se que tudo o que faça tem implicações na sua vida. No final, já era o Bernardo que dizia aos pais o que estavam a fazer de errado com a irmã mais nova." Isto para que o jovem não chegue à idade adulta com um comportamento de criança. E, como a birra já não consegue um emprego, uma promoção, acaba por sentir-se frustrado.
Pedro, sete anos, desafiava tudo e todos. Só obedecia com tareia. "Parece que gosta de apanhar", dizia a mãe, com quem vivia desde os dois anos. Os pais eram divorciados. A irmã, mais velha era bem diferente. Ao Pedro faltou a autoridade paternal, uma característica comum a crianças com este tipo de comportamento. O que também acontece quando o progenitor passa pouco tempo em casa. Os pais tinham dificuldades financeiras para lhe darem tudo o que queria. Foi uma professor que aconselhou a ida ao psicólogo. O Pedro entrou no consultório sem cumprimentar, embirrou que não ficava com a psicóloga, depois que não brincava com os objectos próprios da terapia. Andreia Moniz explicou-lhe que a consulta tinha 30 minutos e ou aproveitava para brincar ou continuava aos gritos. Houve também um trabalho com a família. São os pais que têm de arranjar alternativas de comportamento. Estar com eles. Dizer "não" quando é preciso, explicando-lhes porquê. O Pedro era outro ao fim de ano e meio.
O pediatra Mário Cordeiro diz que estes exemplos não fazem a regra. "A parentalidade é vivida hoje de uma maneira como nunca foi em gerações anteriores. Talvez por isso, os pais se sentem angustiados quando sentem que não são tão bons como desejariam", defende.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Perdidos

Um dia, aqui num desabafo sobre a indisciplina, referi o facto de desconhecer como os alunos se ‘perdem’. Basta olhar um bocadinho à volta e encontram-se exemplos:


Há uns dias atrás, ao chegar à noite à escola para iniciar as aulas, deparo-me com uma conversa entre uma colega de História, com 30 anos de serviço, que conversava acaloradamente com um dos meus (bons) alunos do secundário recorrente, homem feito de trinta e tal anos. Assunto: a colega queixava-se de um aluno de 7º, que no teste se tinha limitado a escrever frases sem nexo, depois de ela ter dado uma ficha formativa idêntica ao mesmo e, supostamente, os alunos a terem estudado à sua frente. O aluno em causa era filho da companheira deste meu aluno. Daí o seu desabafo. Se inicialmente o tom era de apenas inquirição, para ver se alguma coisa se passava com o miúdo, a seguir passou a ser já de zanga, por lhe parecer que todo o teste dele e do colega do lado eram puro e simples ‘gozo’. Ora, o que imediatamente argumentou o ‘padrasto’ (o meu aluno da noite) era que o garoto tinha tudo o que queria da mãe e do pai ausente. Disse que o rapazito no 1º período teve 7 negativas e o pai deu-lhe, no Natal, o computador que ambicionava. Devido ao divórcio dos pais, desde sempre havia a ‘compensação’ sistemática do menino, que conseguia tudo o que queria, apesar de nada fazer para o ganhar. Queixava-se ainda de não ter voto na matéria, dizendo também ele ter uma filha que nunca teve quaisquer problemas. O que ali via de completamente errado era uma criança a crescer com tudo, sem responsabilização e, pior, sempre desculpabilizado.


Não há ‘afecto’ de professor que funcione num caso destes. Não há medidas de recuperação, planos, papéis, nada que funcione. A escola, os professores, as matérias, para este tipo de alunos não têm qualquer significado. Porque tudo é fácil. E as próprias aulas são uma brincadeira. A noção de ‘trabalho’ e ‘esforço’ são conceitos totalmente desconhecidos. E o garoto está numa fase crucial de aprendizagem e consolidação da personalidade. Mas, neste caso específico, ou a mãe começa a ter noção de que o seu filho é uma criança perfeitamente normal e que há comportamentos que são social e moralmente incorrectos e, por isso, reprováveis, a quem tem de ‘exigir’ para poder ‘dar’, ou ele fará parte daqueles que se perdem completamente e ‘vagueiam’ pelas escolas sem delas tirarem qualquer proveito.

Já tive alunos assim. E em dois casos que ‘abandonaram’ a escola, para voltarem depois... e parecerem outras pessoas, completamente transformadas. Porque passaram pela experiência de ‘trabalhar’. Aprenderam a noção de ‘esforço’, à sua custa. No regresso, um, completamente indisciplinado antes, era um exemplo de bom comportamento para os demais. O outro, de quem eu dizia (e quanto me arrependo) que devia ter algum atraso, passou a ser um aluno de 4. Nem num caso, nem noutro, houve interferência dos professores, psicólogos ou pais. Foi um processo individual de crescimento, de contacto com a realidade, que não é efectivamente um ‘mar de rosas’.
Também ‘estudar’ não é um mar de rosas. Nada é na vida. Só passa a ser quando adquirimos noção do valor que tem ultrapassar o que ‘custa’ para termos a merecida ‘recompensa’ depois. (Parece-me que cada vez se ‘cresce’ mais devagar e mais tarde.)

Será que no caso apresentado acima, há alguma coisa que um professor possa fazer se não houver a consciencialização da mãe? E se a mãe não perceber nunca que o que está a fazer é errado?

Por isso digo, repito e volto a dizer: para além dos professores primários que dão as bases em termos de conhecimentos e as regras que ensinam o que é ‘estar’ numa sala de aula, há uma grande, enorme e decisiva responsabilidade dos pais. O professor, nestes casos, nada pode fazer, porque o aluno não ‘ouve’ nada do que se lhe diga, nem ‘vê’ nada do que se lhe apresente. Está ‘a leste do paraíso’.
Cada vez mais e por experiência pessoal de vida, por um lado, e profissional, por outro, me convenço disso.

Mas também há os ‘casos’ em que ninguém consegue fazer nada...
Relato outro episódio: conversas intermináveis com um aluno (de 11º ano) e respectivo pai, porque se descobriu que andava a fumar 'erva’. Cheguei-lhe bem ao coração, porque lhe falei ‘do coração’. E convenci-me que era capaz de o orientar... Só que, no momento em que me ouvia e se abria, tudo o que ‘prometia’ era efectivamente verdade. Mas.... a ‘vontade’ era tão pouca, que dez minutos depois, se calhar já nem se lembrava do que tinha conversado (efeitos nos consumidores habituais). Acabou por abandonar a escola (miúdo espertíssimo, com pais presentes e conscientes) e foi por muito maus caminhos. Nada sei dele, hoje.

terça-feira, 17 de janeiro de 2006

Exemplos a seguir...

Graças à IC, descobri isto. Em Ontário, no 1º ciclo, as turmas têm agora tamanhos ainda mais reduzidos...


"The government’s class size reduction plan is definitely working. My class size was reduced last year and as a result I was able to spend more time helping students who were struggling or had special needs. They would not have been able to make the progress they did in a larger class," said Maria Fatigati...

MAS...
That means more than 381,000 primary students are in smaller classes this year compared to about 137,000 two years ago. This is the result of $126 million in additional funding this year, on top of $90 million last year, which helped school boards hire 1,100 teachers to reduce class sizes in 1,300 elementary schools.
Pois é... Quem quer melhor educação, tem de gastar mais dinheiro...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

Número de alunos por turma

Fosse o PP, o PS, o PSD, a CDU ou quem quer que fosse... É das mais básicas iniciativas para melhorar o desempenho dos alunos e facilitar o trabalho individualizado dos professores com eles.
Um tio meu, numa conversa que tivemos há uns tempos, dizia-me que «no tempo dele» eram trinta e muitos na sala.... pois... «naquele tempo» havia a noção do que é a «disciplina» e as «regras de comportamento»...
Já não estamos «naquele tempo».

sexta-feira, 25 de novembro de 2005

Substituições

Transcrevo aqui o texto de um artigo de Florentino Beirão, publicado na secção Opinião da Reconquista desta semana:

Aulas de substituição
Uma escola desconfortável

Desde 1967 que dou aulas até hoje. Tirando os tempos da ditadura, nunca me senti tão desconfortável na escola. Poderá ser da idade? Talvez. Mas, da parte dos colegas mais novos, não sinto maior conforto. A alguns já ouvi afirmar, à boca cheia, algo que nunca me passou pela cabeça: Se pudesse, mudava de ramo.
O papel da escola na sociedade tem vindo a mudar vertiginosamente. Todos o sentem.
A sua principal função que era educar e instruir, hoje tem que ser repensado. Os resultados altíssimos do insucesso escolar e de abandono da escola aí estão a demonstrar a nossa apagada e vil tristeza. Os alunos que se arrastam, anos a fio, repetindo o mesmo, prejudicando-se a si e aos colegas, pelo clima por eles criado na turma, com cerca de 30 alunos. É um espinho cravado no sistema educativo. A escola não sabe o que fazer deles. Ninguém os despista para novas alternativas educativas profissionalizantes. Saem da escola com uma mão cheia de nada. Quanto aos programas, de reforma em reforma, continuam a ser altamente desmotivantes e enciclopédicos.
Os novos papéis a que os professores são chamados a desempenhar, com crianças cada vez mais irrequietas e agressivas, tornam a profissão cada vez mais desgastante.
As faltas dos professores amontoam-se atirando o ministério da Educação cá para fora números que dão que pensar. Aqui, aparecem as aulas de substituição. É necessário preencher este vazio. Falta um professor, avança outro. Qual é a turma? Qual é o ano a substituir? Saia um professor para colmatar a falta. Como se vai fazer esta imprevista substituição? A criatividade e as qualidades individuais, ou não, ditarão na altura o que fazer. Qualquer professor da escola, mesmo que nunca tenha visto pela frente tais alunos é convidado a desfilar na “passerelle”, sujeito ou não às inclemências da plateia.
As anedotas vindas a público, garanto que são completamente verdadeiras, aí estão para gáudio e descrédito da escola e dos professores. Os pais ficam perplexos. Julgavam que as aulas eram de aproveitamento pedagógico e foram transformadas, em grande parte, em espaços de café ou bar sem bebidas.
O ministério face a este clamor, apressa-se a substituir o nome destas e pensa que a questão ficou resolvida face à opinião pública. Do que se trata, verdadeiramente, é de uma medida que, podendo ser útil e necessária, já não somos os primeiros a fazê-lo, pelo atabalhoamento com que foi implementada, tornou-se um foco de tensão entre alunos e professores e entre professores e o ministério. Ninguém sai bem na fotografia. A greve da passada semana foi um grito de um insofismável mal-estar. Só vira a cara para o lado, quem queira persistir, teimosamente, fazendo fé em algo que, como está, só envenena o clima escolar. Tantas experiências, tantas reformas educativas e tanto dinheiro para termos o ensino com os resultados que temos! Senhores governantes, para bem das nossas crianças e jovens, mandem fazer uma avaliação isenta e profunda do sistema educativo e tomem medidas não avulsas, mas coerentes com explicações razoáveis aos professores e aos pais.
Talvez quem esteja na base, no terreno, nas dificuldades do dia a dia, tenha algo a dizer também sobre tudo isto. Num clima de profunda crispação e deriva que hoje afecta a escola, não vamos lá.
É verdade que necessitamos de pensar em conjunto nos novos papéis que a sociedade hoje exige à escola. Talvez sejam outros que não só socializar pelo ensino e pela instrução. A educação cívica do cidadão não pode ficar de fora. A ocupação dos tempos livres é hoje um grande desafio. Talvez mesmo um imperativo dado que os pais ocupados ou desempregados, com problemas em casa, necessitem deste apoio. A integração correcta dos filhos dos emigrantes na escola e na sociedade não se poderá descurar na escola. Os filhos de famílias com dificuldades merecem uma atenção. Mas se há novos papéis deverá haver também novas competências com novos agentes educativos diversificados. O bem das nossas crianças e jovens assim o exigem.

quarta-feira, 26 de outubro de 2005

Indisciplina

Hoje uma amiga ligou-me porque precisava de desabafar. Cansada, procurava apoio e suporte, pois tivera mais uma daquelas fantásticas experiências com um grupo de alunos de 7º ano, insurrectos, malcriados, desobedientes, sem regras, completamente desenquadrados do que é, ou deve ser, o ambiente escolar.

Passo a relatar a «historinha»:

Por estar a acabar uma acta duma reunião de Conselho de Turma numa sala destinada aos professores num piso superior da escola, não se apercebeu do toque de entrada e só se dirigiu para o pavilhão onde ia ter aulas um minuto depois desse toque (porque uma colega lhe perguntou se não tinha aula). Quando lá chega, depara-se com os seus alunos, de entre os quais, um grupo «exige» um professor de «substituição» - veja-se o cúmulo.
Dirige-se para a sala de aula, avisando que os que não a acompanhassem teriam falta. Todos a seguem. Uma vez lá, alguns começam a queixar-se de cheiro a queimado. Efectivamente alguns deles tinha pegado fogo a qualquer coisa que não se conseguiu perceber o que era. De entre as caras de todos eles, nota as sorridentes e as espantadas. Já irritada com o comportamento, resolve dirigir-se ao Conselho Executivo. Aí lhe sugerem que dê ordem de saída da sala de aula ao ou aos responsáveis. Assim faz, mas não sem antes se fazer acompanhar pelo chefe dos funcionários da escola, homem corpulento e ginasticado (a que ponto chegámos). Já na sala de aula, com a funcionária do pavilhão, o chefe de funcionários e ela própria, ao dar ordem de saída a esse grupo de «meninos» assiste ao comportamento agressivo de um deles que empurra violentamente a cadeira e se comporta como um petit sauvage. É o chefe de funcionários que o admoesta, dizendo-lhe que conhece bem o pai e que aquele comportamento será sancionado.

Devo acrescentar que esta minha amiga, nunca teve problemas de «segurar» os alunos. Todos sabemos que há, no sistema, colegas que não têm mão neles. Não é este o caso.
Tem mais duas turmas em que tudo decorre na mais completa normalidade (estas duas bem mais pequenas) e uma outra também bem recheada e também essa com problemas de comportamento. Mas quanto maiores as turmas, mais dinheiro se poupa. E há que pensar no deficit. É a primeira prioridade.


Pois é.
Como ela referiu, naquela turma há um grupo que quer aprender, que faz os trabalhos, que se interessa e que olha para esses colegas como se estivesse num zoo a admirar animais estranhos. Outros há, que se não tivessem aqueles «exemplares» seriam também facilmente «puxados» para o prazer de aprender, de trabalhar. Mas, naquele ambiente turbulento de 28 com alguns «índios», como é possível?
São estes alunos a quem se vai dar aulas de recuperação? Disparates. Estão no sistema porque ainda lhes falta um ano para a idade de trabalhar. E, entretanto, desestabilizam os mais novos, impedem o regular funcionamento das aulas e, pior, ensinam a alguns dos mais novos «o gozo» do mau comportamento, do desafio da autoridade. Como chegaram a este estado? Não sei. O que sei é que se os pais não os «seguram» em casa, na escola só os «corpulentos» é que o conseguem.