quarta-feira, 30 de novembro de 2005

Representatividade da Confap

Transcrevo aqui uma Carta da Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Básica 2/3 de Grão Vasco de Viseu, que pediu à Confap para a publicar no seu site, por discordar das posições apresentadas pelo seu representante. Afinal qual é a representatividade da Confap???? Na reunião de pais em que participei (como mãe e não falei...), os pais insurgiram-se contra «estas» substituições, referindo inclusivamente que «no seu tempo» bem gostavam dos «furos», que proporcionavam momentos de socialização que não se podem ter durante as aulas. O problema é que AGORA muitas aulas, em vez de serem espaço de aprendizagem, são deste «tipo» de socialização (em que, claro está, nada se aprende).
Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Básica 2/3 de Grão Vasco de Viseu contra estas aulas de substituição
Face à inexistência de informação escrita para os Pais e Encarregados de Educação da Escola Grão Vasco de Viseu sobre as aulas de substituição/actividades de ocupação de tempos escolares e respectivas faltas, questionámos o Conselho Executivo, que nos respondeu dia 26 de Outubro dizendo que estava a cumprir as directrizes do Ministério da Educação e que “No que concerne ao regime de faltas às actividades de ocupação dos tempos escolares somos de informar que estas servem para estrito controlo por parte dos Directores de Turma”.Surpreendentemente surge a informação nº 156/SEE/2005, datada de 21/10/2005, com despacho de 24/10/2005, (no entanto divulgada em 26 de Outubro) que refere precisamente o oposto, dizendo mesmo que “Estas ausências são consideradas como falta à disciplina marcada no horário do aluno;..O processo de justificação segue os procedimentos estipulados para qualquer falta de presença”. Perante o exposto pode concluir-se que estes factos podem denotar uma total falta de consulta e de coordenação entre as partes envolvidas (pais e encarregados de educação, escolas e M.E.).A Associação mostra a sua preocupação pelo facto de paradoxalmente, e de forma totalmente antipedagógica, poder haver alunos a reprovar por faltas a disciplinas a que na verdade nunca faltaram, tendo faltado sim às actividades de ocupação dos tempos escolares, que não têm nada a ver com os conteúdos leccionados na disciplina a que o aluno está a faltar. Segundo o próprio Ministério, se a estas actividades não lhes é assim atribuída a dignidade de uma aula, como poderá haver, então, falta?Será que a intenção desta informação é fornecer verdadeiras aulas de substituição. Leccionadas por um docente do mesmo grupo disciplinar, no seguimento do planeamento diário elaborado pelo professor titular da disciplina? Sim, essas teriam o apoio de todos e a todos os tempos mas, até ao momento, não temos notícia de nenhuma aula de substituição na Escola Grão Vasco de Viseu.Só a falta com consequências para todos os efeitos legais a verdadeiras aulas de substituição fará sentido, caso contrário será uma imposição absurda, totalmente antidemocrática e que não respeita a vontade de muitos pais e encarregados de educação.Muitos pais e encarregados de educação gostariam de ser eles a organizar os tempos livres dos seus filhos e educandos, principalmente, se os mesmos recaírem aos primeiros e últimos tempos da manhã e da tarde. Deveriam assim ser facultativas, estas actividades, dando o direito de opção a todos os Pais e Encarregados de Educação, dado tratar-se de actividades extracurriculares. Parece-nos, assim, estranho e incompreensível que a Escola queira os alunos dentro da mesma, quando muitas vezes terão possibilidade de ir para suas casas estudar ou descansar na companhia da sua família.Será que se está a esquecer a autonomia das Escolas? E os Direitos dos Pais e Encarregados de Educação? Esta medida do M.E. parece-nos ser uma medida centrada nas aparências, em que não foram ponderadas as consequências pedagógicas da mesma, sendo também descontextualizada da realidade Escola/Meio.
A Direcção da Associação de Pais da E.B.2/3 de Grão Vasco de Viseu

sexta-feira, 25 de novembro de 2005

A Finlândia

Ler o ponto 8.2.12. working time na página: http://www.eurydice.org/Eurybase/Application/frameset.asp?country=FI&language=EN

Most teachers' working hours are based on teaching duties. Teaching duties vary between 15 and 23 weekly lessons according to the type of institution and subject. At vocational institutions, weekly teaching duties amount to between 20 and 25 lessons. Some institutions define duties on an annual basis.Most teachers' working hours are based on teaching duties. Teaching duties vary between 15 and 23 weekly lessons according to the type of institution and subject. At vocational institutions, weekly teaching duties amount to between 20 and 25 lessons. Some institutions define duties on an annual basis.

Na página seguinte pode consultar-se a informação em relação a outros países:
http://www.eurydice.org/Eurybase/frameset_eurybase.html

Veja-se na Dinamarca: com um horário de 37 horas semanais, por cada hora lectiva o professor tem uma para preparação.

Professores

Pintura de C J Koh

Para além do humor, a realidade está aqui bem iluminada.

Substituições

Transcrevo aqui o texto de um artigo de Florentino Beirão, publicado na secção Opinião da Reconquista desta semana:

Aulas de substituição
Uma escola desconfortável

Desde 1967 que dou aulas até hoje. Tirando os tempos da ditadura, nunca me senti tão desconfortável na escola. Poderá ser da idade? Talvez. Mas, da parte dos colegas mais novos, não sinto maior conforto. A alguns já ouvi afirmar, à boca cheia, algo que nunca me passou pela cabeça: Se pudesse, mudava de ramo.
O papel da escola na sociedade tem vindo a mudar vertiginosamente. Todos o sentem.
A sua principal função que era educar e instruir, hoje tem que ser repensado. Os resultados altíssimos do insucesso escolar e de abandono da escola aí estão a demonstrar a nossa apagada e vil tristeza. Os alunos que se arrastam, anos a fio, repetindo o mesmo, prejudicando-se a si e aos colegas, pelo clima por eles criado na turma, com cerca de 30 alunos. É um espinho cravado no sistema educativo. A escola não sabe o que fazer deles. Ninguém os despista para novas alternativas educativas profissionalizantes. Saem da escola com uma mão cheia de nada. Quanto aos programas, de reforma em reforma, continuam a ser altamente desmotivantes e enciclopédicos.
Os novos papéis a que os professores são chamados a desempenhar, com crianças cada vez mais irrequietas e agressivas, tornam a profissão cada vez mais desgastante.
As faltas dos professores amontoam-se atirando o ministério da Educação cá para fora números que dão que pensar. Aqui, aparecem as aulas de substituição. É necessário preencher este vazio. Falta um professor, avança outro. Qual é a turma? Qual é o ano a substituir? Saia um professor para colmatar a falta. Como se vai fazer esta imprevista substituição? A criatividade e as qualidades individuais, ou não, ditarão na altura o que fazer. Qualquer professor da escola, mesmo que nunca tenha visto pela frente tais alunos é convidado a desfilar na “passerelle”, sujeito ou não às inclemências da plateia.
As anedotas vindas a público, garanto que são completamente verdadeiras, aí estão para gáudio e descrédito da escola e dos professores. Os pais ficam perplexos. Julgavam que as aulas eram de aproveitamento pedagógico e foram transformadas, em grande parte, em espaços de café ou bar sem bebidas.
O ministério face a este clamor, apressa-se a substituir o nome destas e pensa que a questão ficou resolvida face à opinião pública. Do que se trata, verdadeiramente, é de uma medida que, podendo ser útil e necessária, já não somos os primeiros a fazê-lo, pelo atabalhoamento com que foi implementada, tornou-se um foco de tensão entre alunos e professores e entre professores e o ministério. Ninguém sai bem na fotografia. A greve da passada semana foi um grito de um insofismável mal-estar. Só vira a cara para o lado, quem queira persistir, teimosamente, fazendo fé em algo que, como está, só envenena o clima escolar. Tantas experiências, tantas reformas educativas e tanto dinheiro para termos o ensino com os resultados que temos! Senhores governantes, para bem das nossas crianças e jovens, mandem fazer uma avaliação isenta e profunda do sistema educativo e tomem medidas não avulsas, mas coerentes com explicações razoáveis aos professores e aos pais.
Talvez quem esteja na base, no terreno, nas dificuldades do dia a dia, tenha algo a dizer também sobre tudo isto. Num clima de profunda crispação e deriva que hoje afecta a escola, não vamos lá.
É verdade que necessitamos de pensar em conjunto nos novos papéis que a sociedade hoje exige à escola. Talvez sejam outros que não só socializar pelo ensino e pela instrução. A educação cívica do cidadão não pode ficar de fora. A ocupação dos tempos livres é hoje um grande desafio. Talvez mesmo um imperativo dado que os pais ocupados ou desempregados, com problemas em casa, necessitem deste apoio. A integração correcta dos filhos dos emigrantes na escola e na sociedade não se poderá descurar na escola. Os filhos de famílias com dificuldades merecem uma atenção. Mas se há novos papéis deverá haver também novas competências com novos agentes educativos diversificados. O bem das nossas crianças e jovens assim o exigem.

quinta-feira, 24 de novembro de 2005

Estou melhor...



E estou melhor; passou-me a cólera. E a vizinha?
A pobre engomadeira ir-se-á deitar sem ceia?
Vejo-lhe a luz no quarto. Inda trabalha. É feia...
Que mundo! Coitadinha!

Cesário Verde

terça-feira, 22 de novembro de 2005

Indignação



Tenho andado afastada dos blogues, porque o ofício a isso mo obrigou. Não que a raiva surda tenha acalmado, mas, usando as palavras da Srª Ministra, por o cansaço enlutado me ter assoberbado.


Mas eis que esta noite tive 3 horas de insónia, depois de ter visto o «Prós e Contras». Que voltas e reviravoltas dei na cama, argumentando tudo aquilo que os supostos meus representantes não argumentaram. As únicas reacções foram a voz, que falou do que sabe, da nossa caríssima colega Amélia Pinto Pais e as caras de espanto atónito e deslumbrado a algumas palavras da nossa Ministra que ficaram sem o devido esclarecimento à barbárie dos argumentos apresentados, por parte dos sindicalistas presentes. É finalmente agora que me vou dar ao trabalho de me riscar da lista dos que descontam mensalmente para os sindicatos.

Sinto-me ludibriada pelos quase 18 anos de descontos no vencimento para o sindicato.

Então a Ministra afirma que não negociou com os professores porque estes fizeram greve aos Exames????? A greve não surgiu exactamente porque o despacho surgiu sem negociação????????? A Ministra não afirmou que os sindicatos eram contra os Exames???? Os sindicatos são contra os Exames????? A Ministra não disse que cabia aos professores a guarda e custódia das crianças??????
Algum dos nossos ilustres sindicalistas respondeu a isto?
Já corri cem vezes os deveres do professor presentes no Estatuto à procura do DEVER DE GUARDA E CUSTÓDIA....... não encontrei. Deve ser já o Novo Estatuto que vem aí.
Os professores podem não cumprir os programas???????? Cabe-lhes a eles decidir????? Quer dizer que não tenho de estar preocupada e cilindrada por ter disparatadamente de dar aos meus alunos a preparação adequada para fazerem o Exame no final do ano???? Ora cá está algo que eu não sabia e que me poderá proporcionar, a mim e aos meus alunos, mais tempo para aprofundarmos alguns conhecimentos e deixar de lado a TLEBS nova. Aleluia! Aleluia! Será que posso, Sr. Ministra? Ou foi só para enganar a opinião pública e o nervoso Presidente da Associação de Pais?
Que raiva! Que tormenta!

E o tempo vai fazer com que nos acomodemos? Será, Srª Ministra? E isto será positivo para o nosso funcionamento? Também eu espero não desistir devido ao cansaço. Também eu espero que não me obriguem a «guardar» crianças. Não quero ser insultada e violentada emocionalmente sem ter os meios de repor a ordem. Então quero armas que me possibilitem fazer essa «guarda». Às minhas filhas aplico castigos quando se revelam necessários.... (há um mês que não há em casa «Morangos com Açucar») Mas na escola há a «psicologia» a funcionar, há o «coitadinho», o «não se podem traumatizar as crianças».... Se em casa eu não tivesse de impôr (é impôr, não sugerir) tinha muito menos trabalho, mas tinha, com toda a certeza duas «selvagens» a meu cargo (e são, sem qualquer dúvida, uns doces de meninas).
Leia-se o Estatuto do Aluno no que respeita aos seus deveres. Está claro, lá, que não podem sair da escola sem autorização, ou ir para o «café da esquina». Não podem fumar ou drogar-se no recinto escolar. Mas isto acontece. Porquê? Porque o regime disciplinar é cada vez mais permissivo e as leis não se fazem aplicar pois «coitadinhas», «não se pode traumatizar as crianças».
Por uma cultura de exigência e rigor que sem disciplina não existe.

sábado, 5 de novembro de 2005

Implementação Novos Programas

Transcrevo aqui integralmente um mail de uma amiga que me leu no blog:


Linda:

Olha tu! A imagem do desespero!



Perante o desespero que nos vai na alma, ao tentarmos pôr em prática um Programa para o qual supostamente devíamos estar preparados, recordo os tempos em que o DES apostou na formação de professores através do projecto Navegar no Português. Foram 3 anos de trabalho intenso sempre ao longo do 1º período com a reflexão do que poderia então vir a ser um apoio para a leccionação dos Novos Programas.
Posteriormente, em Julho de 2001, acompanhei o núcleo de candidatos a acompanhantes locais da zona centro, numa acção de formação denominada Reflexão sobre o Programa de Língua Portuguesa 10º ano, com a duração de 15 horas que decorreu na Escola Secundária de Pombal e cujos formadores foram dois dos autores da então proposta de Programa - Drª Maria de La Salette da Costa Loureiro e Dr. João Seixas.
Durantes esses dois dias, muitas foram as questões levantadas, por se considerar que apesar «de bem pensado e elaborado», era muito ambicioso dados os conteúdos propostos nas várias componentes. De facto, tratava-se de um só ano curricular, o que levou inclusivamente a comentários, por se entender que o mesmo chegaria quase para os três anos do Secundário.
Por isso, o grupo decidiu então elaborar um documento - Proposta de Implementação do Programa de Língua Portuguesa- que sensibilizasse o DES para a forma que se entendia ser a mais eficaz e pertinente para minimizar a pressão que, naturalmente, se iria exercer sobre os professores a braços com a tarefa de o pôr em prática.
Nesse documento, propunha-se «criar um conjunto de condições que forneçam ao corpo docente a segurança necessária para corresponder às exigências científicas, pedagógicas e processuais exigidas pela implementação pertinente do programa» através de uma série de objectivos que visavam, nomeadamente, «estudar e propôr estratégias e materiais para a didactização do Programa», bem como «estudar e propôr materiais para a sua avaliação». Sugeria-se ainda a formação de uma Equipa de Trabalho que deveria estudar aprofundadamente o Programa, sob uma perspectiva pragmática, para apoiar a sua didáctica. Os materiais que daí resultassem, surgiriam sempre como proposta, salvaguardando assim a sua apropriação pelos professores. Finalmente, formar-se-iam Acompanhantes Locais na utilização, apropriação e reconversão dos materiais elaborados pela equipa de trabalho, de modo a que, numa terceira fase, todos os professores, se assim o entendessem, pudessem receber essa formação.
Estes passos que seriam absolutamente necessários, para uma eficaz aplicação dos Novos Programas, não foram dados. Em vez disso, saltaram-se os passos intermédios e nas acções postumamente promovidas, apenas se fez uma leitura do Programa, sem haver qualquer tipo de material para trabalhar, por exemplo, o novíssimo Funcionamento da Língua, que acredito estar, neste momento, a criar grandes obstáculos ao eficaz trabalho dos professores, nomeadamente os que leccionam o 12º ano com a espada sobre a cabeça - a integração destes conteúdos no Exame Nacional.
Como António Bolívar, acredito que «em educação, antes de se decidir alguma coisa de novo é preciso estudar e avaliar a situação à partida (...) É importante que a investigação e a reflexão prévias aconteçam antes das tomadas de decisão que impliquem mudança».
Emn, apesar do desespero, não vale a pena desesperar, porque como aconteceu em reformas anteriores assistiremos, decerto, a alterações, alterações de alterações do Programa e, quem sabe, um dia consigamos estar de acordo com ele e, sem ironia, podermos gritar «Vivó Programa!».
Mª Paula Mendes

quarta-feira, 2 de novembro de 2005

Nova Terminologia III

Mais um esclarecimento: nova portaria.

Agora afirma-se que os docentes do secundário tomaram conhecimento em 2001 da nova Terminologia. Através de quê? Do Programa, que só foi homologado em 2002. Então, fazendo uma leitura do mesmo, ficámos todos a saber o que aquilo era.
Julguei, até hoje, ter herdado a ginástica mental dos meus pais. Mas não. Para mim só lá está uma listagem de nomes - alguns reconhecíveis, outros inauditos e outros ainda que sei, agora, serem algo completamente diferente do que conhecia (como a anáfora) - sem qualquer explicação e sem haver qualquer material onde eu pudesse «estudar».
Descobri que era minha obrigação saber o que cada um daqueles termos implicava. Pois com ccerteza. Por burra, que descobri agora ser, não vou passar. Aos meus alunos já lhes dei essa listagem. Claro está que facilmente entenderão o que aquilo é.
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Por outro lado, afirmam que os do básico não tomaram conhecimento. Será que, sem me aperceber, os professores de 3º ciclo já não dão aulas no secundário? Os professores do 3º Ciclo precisam de materiais de apoio (coitaditos, não têm o Programa). Os do Secundário não. Estes estão iluminados. Estes têm o Programa!
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Só os professores do Básico precisam de formação antes. Os do Secundário não, porque, claro está, já sabem tudo, porque tiveram acesso ao Programa. Tendo o Programa, tem-se tudo. No Programa, está tudo clarinho como água. Adoro o Programa. Está lá tudo. Não preciso de mais nada, pois tenho o Programa. Vivó Programa!!!!!!!!
Apesar do cd de apoio só ter sido distribuído a partir de Março de 2005, como é dito na Portaria, os professores do Secundário (que pelos vistos também não dão aulas no 3º Ciclo) já sabiam tudo, porque tinham o Programa.
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É desesperante.