quinta-feira, 26 de julho de 2007

Avaliação dos professores

Como nos diz Paulo Guinote

(...)é esse modelo de análise quantificada, pretensamente objectiva e neutral, que desinveste toda a dimensão humana do processo, que o ME pretende aplicar na implementação do futuro modelo de avaliação dos professores, quase reduzida a uma grelha estatística indistinta, como se tudo fosse redutível a cruzinhas, números e estatísticas.
(...)

Claro que de acordo com a teoria dos efeitos perversos, a aplicação deste modelo irá ricochetear nas suas próprias limitações e iniquidades. Porque é uma porta escancarada para, em troca de uma avaliação mais favorável, os docentes reproduzirem a lógica na sua prática quotidiana de avaliação. E fabricarem o sucesso que fará (quase) todos felizes, com o Ministério na crista da onda de um sucesso educativo estatístico que alguém tentou há 15 anos com métodos menos hard-core: se o sucesso é que interessa e se eu quero sucesso para mim e só o conseguirei se os outros tiverem sucesso, então vamos a isso. Acho que não é preciso explicar mais.

Pois não, não é preciso explicar mais nada. Está claro que estaremos reduzidos à «chantagem»: só somos bons, se os nossos alunos forem bons. Se eles não são bons, somos nós que os não conseguimos «motivar» e/ou ensinar.
Nada disto é novo. As «justificações» obrigatórias, para as actas, das percentagens de negativas são já disso um exemplo. O rol de papelada infindável dos planos disto e daquilo também. Quanto mais fácil é dar o 10 ou o 3 e não ter que preencher papéis justificativos!
Ainda me insurgi por duas vezes contra isto. De uma, num 12º ano extremamente preguiçoso com 60% de negativas, não juntei uma linha à acta relativamente a esse assunto, para escândalo geral do Conselho de Turma. De outra, neste CEF que este ano tive, recusei-me a preencher umas folhas com cruzinhas que supostamente serviam para eu «prestar mais atenção» a uma série de parâmetros das «atitudes e comportamentos» dos alunos. Sim, porque sem se preencher aquelas folhinhas como é que um professor sabe o que fazer aos alunos sem sucesso?

...Carneiros...
Temos, enquanto classe, o que merecemos.

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