Uma proposta de avaliação
Se olharmos, nós que estamos por dentro do sistema, para as nossas escolas, quais são os «maus» professores?
São os que não preparam os alunos, os que efectivamente não «ensinam» aquilo que supostamente se lhes propôs que ensinassem, que «passam o tempo» com os seus alunos sem lhes «exigirem» nada. É esta a minha visão.
Da experiência que tenho como mãe, só tive razão de queixa de três colegas: uma que era «muita fixe» (eram estas as palavras com que a minha filha e as colegas a qualificavam) que «conversava» com eles, mas que não «ensinava» nada e cujos testes (poucos) que fazia, corrigia na própria aula com a ajuda dos alunos; outra, coitada, um pouco surda e um pouco desregulada pois exigia o que não tinha «dado» e em que um dos testes era a preto e branco com perguntas que exigiam uma análise das cores dos mapas... essa era quase uma anedota e penso que já «desistiu» do ensino; finalmente, um colega que sabia tão pouco, que não podia, claro, «ensinar», escudando-se nas boas notas dadas.
Claro que depois há os excelentes professores (que elas tão bem distinguem) que «ensinam» e «exigem» e com um relacionamento com eles de respeito intrínseco, mas com um à-vontade que os faz ter prazer redobrado nas aulas. Depois, os que «ensinam» e «exigem», mas cujo relacionamento é de manifesta distância – são menos bons que os outros? Não. Apenas têm uma postura diferente, que está relacionada com a personalidade e cuja única consequência é tirar algum daquele prazer das aulas. Mas aprendem na mesma. Há também todos aqueles, os «normais», que vão «ensinando», mas «exigindo» ligeiramente menos do que deviam.
São muito poucos os «maus» professores. Mesmo muito poucos. São os que não «ensinam» porque não sabem e os que não o fazem porque não lhes «apetece». E porque é que podem continuar a sê-lo? Porque não «prestam contas» a ninguém.
Há uma forma de simultaneamente se avaliar as escolas (e os seus professores) e de obrigar estes últimos a «ensinar». Sem criar exames a todas as disciplinas, todos os anos, com a carga burocrática e logística que implicam, há uma forma de aferir as aprendizagens – com testes dos conteúdos anuais programáticos para todas as disciplinas «teóricas», espécies de provas globais, (elaboradas pela tutela ou, melhor ainda, por um organismo independente especializado) durante o terceiro período, realizadas como se realizam os «exames intermédios» - à mesma hora para todas as turmas. A correcção destas provas, cujo peso seria exactamente o mesmo que o de um qualquer teste, ficaria a cargo do grupo de professores do nível/disciplina e não do professor. Esses resultados seriam posteriormente entregues a esse organismo que «reuniria» e divulgaria os dados (exactamente como se faz com os exames).
Quais as vantagens deste sistema?
- permitiria aferir dos conhecimentos apreendidos pelos alunos nesse ano lectivo;
- permitiria aos professores perceber dos desvios dos seus alunos relativamente à norma induzindo-lhes a «responsabilidade» de cumprir o programa e preparar os alunos;
- permitiria às escolas analisar, detectar e, essencialmente, corrigir os problemas encontrados. Esta «correcção» seria não só dos professores que não ensinaram, mas também dos alunos que não «aprenderam». Permitiria com um razoável grau de fiabilidade detectar os alunos/professores que precisam de ser apoiados no ano lectivo seguinte.
Este tipo de «avaliação» não implica qualquer esforço acrescido, uma vez que este pseudo-exame apenas substitui um dos testes do professor. Obriga, por outro lado, todos os professores de um grupo à análise dos resultados obtidos pelos alunos.
Se eu fosse ministra era isto que implementava.
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