sábado, 5 de novembro de 2005

Implementação Novos Programas

Transcrevo aqui integralmente um mail de uma amiga que me leu no blog:


Linda:

Olha tu! A imagem do desespero!



Perante o desespero que nos vai na alma, ao tentarmos pôr em prática um Programa para o qual supostamente devíamos estar preparados, recordo os tempos em que o DES apostou na formação de professores através do projecto Navegar no Português. Foram 3 anos de trabalho intenso sempre ao longo do 1º período com a reflexão do que poderia então vir a ser um apoio para a leccionação dos Novos Programas.
Posteriormente, em Julho de 2001, acompanhei o núcleo de candidatos a acompanhantes locais da zona centro, numa acção de formação denominada Reflexão sobre o Programa de Língua Portuguesa 10º ano, com a duração de 15 horas que decorreu na Escola Secundária de Pombal e cujos formadores foram dois dos autores da então proposta de Programa - Drª Maria de La Salette da Costa Loureiro e Dr. João Seixas.
Durantes esses dois dias, muitas foram as questões levantadas, por se considerar que apesar «de bem pensado e elaborado», era muito ambicioso dados os conteúdos propostos nas várias componentes. De facto, tratava-se de um só ano curricular, o que levou inclusivamente a comentários, por se entender que o mesmo chegaria quase para os três anos do Secundário.
Por isso, o grupo decidiu então elaborar um documento - Proposta de Implementação do Programa de Língua Portuguesa- que sensibilizasse o DES para a forma que se entendia ser a mais eficaz e pertinente para minimizar a pressão que, naturalmente, se iria exercer sobre os professores a braços com a tarefa de o pôr em prática.
Nesse documento, propunha-se «criar um conjunto de condições que forneçam ao corpo docente a segurança necessária para corresponder às exigências científicas, pedagógicas e processuais exigidas pela implementação pertinente do programa» através de uma série de objectivos que visavam, nomeadamente, «estudar e propôr estratégias e materiais para a didactização do Programa», bem como «estudar e propôr materiais para a sua avaliação». Sugeria-se ainda a formação de uma Equipa de Trabalho que deveria estudar aprofundadamente o Programa, sob uma perspectiva pragmática, para apoiar a sua didáctica. Os materiais que daí resultassem, surgiriam sempre como proposta, salvaguardando assim a sua apropriação pelos professores. Finalmente, formar-se-iam Acompanhantes Locais na utilização, apropriação e reconversão dos materiais elaborados pela equipa de trabalho, de modo a que, numa terceira fase, todos os professores, se assim o entendessem, pudessem receber essa formação.
Estes passos que seriam absolutamente necessários, para uma eficaz aplicação dos Novos Programas, não foram dados. Em vez disso, saltaram-se os passos intermédios e nas acções postumamente promovidas, apenas se fez uma leitura do Programa, sem haver qualquer tipo de material para trabalhar, por exemplo, o novíssimo Funcionamento da Língua, que acredito estar, neste momento, a criar grandes obstáculos ao eficaz trabalho dos professores, nomeadamente os que leccionam o 12º ano com a espada sobre a cabeça - a integração destes conteúdos no Exame Nacional.
Como António Bolívar, acredito que «em educação, antes de se decidir alguma coisa de novo é preciso estudar e avaliar a situação à partida (...) É importante que a investigação e a reflexão prévias aconteçam antes das tomadas de decisão que impliquem mudança».
Emn, apesar do desespero, não vale a pena desesperar, porque como aconteceu em reformas anteriores assistiremos, decerto, a alterações, alterações de alterações do Programa e, quem sabe, um dia consigamos estar de acordo com ele e, sem ironia, podermos gritar «Vivó Programa!».
Mª Paula Mendes

5 comentários:

Amélia disse...

..bem, eu conheço formadores que, valha-me deus nossa senhora!Mas tudo bem.É formador quem se oferece...não quems abe forçosamente mais que os outros ou foi «iniciado» à pressa.
O oiro não e a certeza que cedo ou tarde havcerá alterações nos profgramas, o problema é o que sucede com o actual aos de agora, professores e elunos, nomeadamente os de 12ºano...

emn disse...

pois, neste «entretanto» (como já foi há uns anos atrás, antes de lançarem as «orientações de gestão do programa», que reduziu substancialmente os conteúdos) amargamos nós e os alunos...
Da formadora que me calhou não tenho razão de queixa... é uma excelente comunicadora, manifesta uma grande sensibilidade e «sabe»... mas só nos pode dar o que lhe deram a ela - pouco. Tudo o que é feito à pressa acaba sempre por ser superficial.

Amélia disse...

O meu comentário está com gralhas que, quem me não conheça terá diciculdade em entender...Vamos ver se corrijo a parte final:

O pior não e a certeza que cedo ou tarde haverá alterações nos programas; o problema é o que sucede com o actual aos de agora, professores e alunos, nomeadamente os de 12ºano...

soledade disse...

emn, que olhar assustador! :-)
Gostei muito de ler esta carta. Quem procurou consolá-la, consolou-me tb um pouco.

emn disse...

:)