Implementação Novos Programas
Transcrevo aqui integralmente um mail de uma amiga que me leu no blog:
Linda:
Perante o desespero que nos vai na alma, ao tentarmos pôr em prática um Programa para o qual supostamente devíamos estar preparados, recordo os tempos em que o DES apostou na formação de professores através do projecto Navegar no Português. Foram 3 anos de trabalho intenso sempre ao longo do 1º período com a reflexão do que poderia então vir a ser um apoio para a leccionação dos Novos Programas.
Posteriormente, em Julho de 2001, acompanhei o núcleo de candidatos a acompanhantes locais da zona centro, numa acção de formação denominada Reflexão sobre o Programa de Língua Portuguesa 10º ano, com a duração de 15 horas que decorreu na Escola Secundária de Pombal e cujos formadores foram dois dos autores da então proposta de Programa - Drª Maria de La Salette da Costa Loureiro e Dr. João Seixas.
Durantes esses dois dias, muitas foram as questões levantadas, por se considerar que apesar «de bem pensado e elaborado», era muito ambicioso dados os conteúdos propostos nas várias componentes. De facto, tratava-se de um só ano curricular, o que levou inclusivamente a comentários, por se entender que o mesmo chegaria quase para os três anos do Secundário.
Por isso, o grupo decidiu então elaborar um documento - Proposta de Implementação do Programa de Língua Portuguesa- que sensibilizasse o DES para a forma que se entendia ser a mais eficaz e pertinente para minimizar a pressão que, naturalmente, se iria exercer sobre os professores a braços com a tarefa de o pôr em prática.
Nesse documento, propunha-se «criar um conjunto de condições que forneçam ao corpo docente a segurança necessária para corresponder às exigências científicas, pedagógicas e processuais exigidas pela implementação pertinente do programa» através de uma série de objectivos que visavam, nomeadamente, «estudar e propôr estratégias e materiais para a didactização do Programa», bem como «estudar e propôr materiais para a sua avaliação». Sugeria-se ainda a formação de uma Equipa de Trabalho que deveria estudar aprofundadamente o Programa, sob uma perspectiva pragmática, para apoiar a sua didáctica. Os materiais que daí resultassem, surgiriam sempre como proposta, salvaguardando assim a sua apropriação pelos professores. Finalmente, formar-se-iam Acompanhantes Locais na utilização, apropriação e reconversão dos materiais elaborados pela equipa de trabalho, de modo a que, numa terceira fase, todos os professores, se assim o entendessem, pudessem receber essa formação.
Estes passos que seriam absolutamente necessários, para uma eficaz aplicação dos Novos Programas, não foram dados. Em vez disso, saltaram-se os passos intermédios e nas acções postumamente promovidas, apenas se fez uma leitura do Programa, sem haver qualquer tipo de material para trabalhar, por exemplo, o novíssimo Funcionamento da Língua, que acredito estar, neste momento, a criar grandes obstáculos ao eficaz trabalho dos professores, nomeadamente os que leccionam o 12º ano com a espada sobre a cabeça - a integração destes conteúdos no Exame Nacional.
Como António Bolívar, acredito que «em educação, antes de se decidir alguma coisa de novo é preciso estudar e avaliar a situação à partida (...) É importante que a investigação e a reflexão prévias aconteçam antes das tomadas de decisão que impliquem mudança».
Emn, apesar do desespero, não vale a pena desesperar, porque como aconteceu em reformas anteriores assistiremos, decerto, a alterações, alterações de alterações do Programa e, quem sabe, um dia consigamos estar de acordo com ele e, sem ironia, podermos gritar «Vivó Programa!».
Mª Paula Mendes
5 comentários:
..bem, eu conheço formadores que, valha-me deus nossa senhora!Mas tudo bem.É formador quem se oferece...não quems abe forçosamente mais que os outros ou foi «iniciado» à pressa.
O oiro não e a certeza que cedo ou tarde havcerá alterações nos profgramas, o problema é o que sucede com o actual aos de agora, professores e elunos, nomeadamente os de 12ºano...
pois, neste «entretanto» (como já foi há uns anos atrás, antes de lançarem as «orientações de gestão do programa», que reduziu substancialmente os conteúdos) amargamos nós e os alunos...
Da formadora que me calhou não tenho razão de queixa... é uma excelente comunicadora, manifesta uma grande sensibilidade e «sabe»... mas só nos pode dar o que lhe deram a ela - pouco. Tudo o que é feito à pressa acaba sempre por ser superficial.
O meu comentário está com gralhas que, quem me não conheça terá diciculdade em entender...Vamos ver se corrijo a parte final:
O pior não e a certeza que cedo ou tarde haverá alterações nos programas; o problema é o que sucede com o actual aos de agora, professores e alunos, nomeadamente os de 12ºano...
emn, que olhar assustador! :-)
Gostei muito de ler esta carta. Quem procurou consolá-la, consolou-me tb um pouco.
:)
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