terça-feira, 22 de novembro de 2005

Indignação



Tenho andado afastada dos blogues, porque o ofício a isso mo obrigou. Não que a raiva surda tenha acalmado, mas, usando as palavras da Srª Ministra, por o cansaço enlutado me ter assoberbado.


Mas eis que esta noite tive 3 horas de insónia, depois de ter visto o «Prós e Contras». Que voltas e reviravoltas dei na cama, argumentando tudo aquilo que os supostos meus representantes não argumentaram. As únicas reacções foram a voz, que falou do que sabe, da nossa caríssima colega Amélia Pinto Pais e as caras de espanto atónito e deslumbrado a algumas palavras da nossa Ministra que ficaram sem o devido esclarecimento à barbárie dos argumentos apresentados, por parte dos sindicalistas presentes. É finalmente agora que me vou dar ao trabalho de me riscar da lista dos que descontam mensalmente para os sindicatos.

Sinto-me ludibriada pelos quase 18 anos de descontos no vencimento para o sindicato.

Então a Ministra afirma que não negociou com os professores porque estes fizeram greve aos Exames????? A greve não surgiu exactamente porque o despacho surgiu sem negociação????????? A Ministra não afirmou que os sindicatos eram contra os Exames???? Os sindicatos são contra os Exames????? A Ministra não disse que cabia aos professores a guarda e custódia das crianças??????
Algum dos nossos ilustres sindicalistas respondeu a isto?
Já corri cem vezes os deveres do professor presentes no Estatuto à procura do DEVER DE GUARDA E CUSTÓDIA....... não encontrei. Deve ser já o Novo Estatuto que vem aí.
Os professores podem não cumprir os programas???????? Cabe-lhes a eles decidir????? Quer dizer que não tenho de estar preocupada e cilindrada por ter disparatadamente de dar aos meus alunos a preparação adequada para fazerem o Exame no final do ano???? Ora cá está algo que eu não sabia e que me poderá proporcionar, a mim e aos meus alunos, mais tempo para aprofundarmos alguns conhecimentos e deixar de lado a TLEBS nova. Aleluia! Aleluia! Será que posso, Sr. Ministra? Ou foi só para enganar a opinião pública e o nervoso Presidente da Associação de Pais?
Que raiva! Que tormenta!

E o tempo vai fazer com que nos acomodemos? Será, Srª Ministra? E isto será positivo para o nosso funcionamento? Também eu espero não desistir devido ao cansaço. Também eu espero que não me obriguem a «guardar» crianças. Não quero ser insultada e violentada emocionalmente sem ter os meios de repor a ordem. Então quero armas que me possibilitem fazer essa «guarda». Às minhas filhas aplico castigos quando se revelam necessários.... (há um mês que não há em casa «Morangos com Açucar») Mas na escola há a «psicologia» a funcionar, há o «coitadinho», o «não se podem traumatizar as crianças».... Se em casa eu não tivesse de impôr (é impôr, não sugerir) tinha muito menos trabalho, mas tinha, com toda a certeza duas «selvagens» a meu cargo (e são, sem qualquer dúvida, uns doces de meninas).
Leia-se o Estatuto do Aluno no que respeita aos seus deveres. Está claro, lá, que não podem sair da escola sem autorização, ou ir para o «café da esquina». Não podem fumar ou drogar-se no recinto escolar. Mas isto acontece. Porquê? Porque o regime disciplinar é cada vez mais permissivo e as leis não se fazem aplicar pois «coitadinhas», «não se pode traumatizar as crianças».
Por uma cultura de exigência e rigor que sem disciplina não existe.

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