Diálogos II
IC disse...
"Como será possível que a responsabilidade passe apenas pela escola e não sejam pedidas ou exigidas contrapartidas aos alunos?" Pois será possível pela fraude, pelo medo incutido aos professores de chumbarem alunos mesmo que dos planos de recuperação não cumpram sequer fazer os TPCs... (Chegou hoje à minha escola, embora ainda não o tenha lido, um ofício (ou qualquer coisa parecida) a elucidar que alunos com plano de recuperação só em caso excepcional (julgo que o ofício diz "em último caso")poderão reprovar. (Pelos vistos, os do nono também deverão ir todos a exame mesmo que não trabalhem um milímetro, para depois poderem apontar as culpas dos resultados aos professores)
"Como será possível que a responsabilidade passe apenas pela escola e não sejam pedidas ou exigidas contrapartidas aos alunos?" Pois será possível pela fraude, pelo medo incutido aos professores de chumbarem alunos mesmo que dos planos de recuperação não cumpram sequer fazer os TPCs... (Chegou hoje à minha escola, embora ainda não o tenha lido, um ofício (ou qualquer coisa parecida) a elucidar que alunos com plano de recuperação só em caso excepcional (julgo que o ofício diz "em último caso")poderão reprovar. (Pelos vistos, os do nono também deverão ir todos a exame mesmo que não trabalhem um milímetro, para depois poderem apontar as culpas dos resultados aos professores)
f... disse...
Lindo!!!Se os que não têm plano de recuperação não podem reprovar porque não foi feito plano de recuperação e por isso, mesmo que desapareçam no 3º período, não lhes podem ser atribuídas notas negativas, ou baixar as que têm ... se os que têm plano de recuperação mesmo que não se esforcem, mesmo que não façam nada, tiverem que ser aprovados, este ano ninguém reprova, a não ser que isso aconteça nos exames!!!Porque não vamos todos para casa?! Pelos vistos não estamos lá a fazer nada ... nem nós, nem eles! O sucesso está garantido ... as estatísticas estão todas acima do nível de água! Não interessa que saibam ou aprendam, não interessa que ensinemos! Apenas interessam que os resultados digam SUCESSO, mesmo que não exista!
Prof24 disse...
Isto é tudo uma palhaçada. Rousseau dizia que o homem é naturalmente bom; a sociedade é que o corrompe (por acaso esta história está mal contada, mas fico-me por aqui). Aplicado a certas tendências ideológicas da Educação nos últimos anos, o aluno é sempre visto como VÍTIMA de insucesso; nunca como AGENTE do seu próprio insucesso. Não nego a existência de factores condicionantes do melhor ou pior aproveitamento de cada um, mas BOLAS, chegamos ao ponto em que se o aluno reprova é porque O PROFESSOR não o soube guiar. Isto é ridículo e faz-me um profundo nojo.
Anónimo disse...
Colegas
Colegas
Como somos os únicos responsáveis pelo insucesso dos alunos está na hora de denunciar a demagogia educativo do governo. Temos de denunciar o lastimável sistema de avaliação dos alunos no ensino básico: não é necessário trabalho, nem empenho, nem ter material de trabalho porque os professores são obrigados a passar todos os alunos. Quando os alunos reprovarem nos exames só existirá um culpado. Não, não é o aluno! Nem o choque tecnológico!
Brevemente
Brevemente
Seremos um pântano educativo. Mas não devemos esquecer que a educação das elites está garantida e não é na escola pública. Façam o favor de denunciar a "passagem" sem sucesso dos alunos. E aproveitem para o fazer com as associações de pais.
Mas será possível??? Os deuses devem estar loucos!!! (ou é o nosso Ministério?)
3 comentários:
O nosso Ministério está louco (pelo menos tem crises de loucura), mas... a verdade é que se os professores se deixarem intimidar e alterarem os seus critérios de avaliação, não saberei que "diagnóstico" será adequado a eles. Eu até defendo que no básico, nos anos não terminais, se evite a reprovação tanto quanto possível, as matérias dos programas retomam-se, se o aluno revela condições minimamente indispensáveis para recuperar de lacunas importantes evita-se reprovar, mas reprova-se quando não é o caso. O mal é que cada vez há maior desresponsabilização dos alunos e isso está a ser alimentado neles, pelo que o lógico é que uma avaliação correcta até aumente a taxa de insucesso. Na minha última reunião de departamento em que colegas que leccionam 5º ano contavam o estado (incrível) em que chegam alguns do 1º Ciclo e eu perguntei: Mas porque os deixam vir assim?, uma colega respondeu: Tenho falado com professoras do 1º Ciclo, sabes lá o "sarilho" que é poderem reter um aluno (O sarilho tem a ver com os obstáculos que o Ministério põe). Confesso que não sabia, até este ano não havia pressões nem no 2º nem no 3º Ciclo. Agora passa a haver, o que é muito mais grave, a meu ver.
Vou-me fazendo de surda e exigindo cada vez mais dos alunos (quando comparo as avaliações que faço hoje, tão "puxadas", e as que fazia há uns anos até me assusto)... e explicando-lhes (a eles e aos pais) por que razão o faço. Um dia vão entender. A sociedade cada vez exige mais do cidadão, cada vez é mais competitiva, mais dura na selecção... que mensagem passaremos se baixarmos a nossa bitola, a nossa exigência? O que pretenderá o Governo? Não seria mais ajuizado criar condições para um ensino mais efectivo e exigente, em vez de aplicar uma pomadita na ferida depois de feita a ver se resolve? Tenho andado a fazer uma bateria de testes (reconhecidos por colegas do 7º como muito exigentes para miúdos de 6º), mas eles, depois de umas negativas, de uns sustos e de muito trabalho têm vindo a recuperar e estão a trabalhar a um nível bastante bom, com resultados que até a mim me surpreendem - ultimamente o salto foi enorme e é uma alegria ver as respostas que diferem de teste para teste - não treino macaquinhos amestrados para resolver problemas de uma certa maneira - mas todas têm em comum a busca de uma solução que acaba por ser encontrada à maneira do aluno (confesso que há momentos em que duvido de mim própria e depois é uma satisfação). É claro que me dá muito (imenso) trabalho, que não dou tantos cincos como o colega do lado que só os treina nas expressões numéricas... mas os pais e eles (tive sorte nestes dois anos) estão satisfeitos com a exigência e, inteligentes como são, sabem que só assim poderá ser criada uma oportunidade no futuro para as crianças. Não vão em cantigas de facilitismos. Nem eu. Posso ser doce e carinhosa, mas ralho muito, exijo imenso e nenhuma criança sucumbiu até hoje por excesso de trabalho. Fundamentarei sem medo as situações em que o aluno não deu de si, provando que dei tudo o que estava ao meu alcance dar.
O insucesso deste país em alguns sectores está relacionado apenas com isto: falta de exigência, responsabilização e empenho. A começar pelo ME que se apressa a legislar para que todos possam seguir esse exemplo de laxismo e falta de inteligência... Ou seja, não cria condições, destrói as poucas que existem e ainda arranja maneira de "provar" que tem razão em todas as medidas e que o sucesso aumentou. Não caiam na ratoeira!
(Costumo dizer aos meus alunos que era fácil todos terem cinco: bastava eu fazer uns testes com umas coisinhas simples e não exigir nada deles... e acrescento: depois, mais tarde, chumbavam em todos os exames e nas provas de acesso a empregos percebiam a fraude que vocês eram... É isso que querem para vocês?)
Não é a "nota", o falso sucesso que traduz as conquistas feitas... Quando finalmente o perceberem lá em cima, vai ser tarde de mais para este país...
Desculpem tantas palavras...
Como concordamos tão em absoluto!
Seremos aves raras... ou com gripe?
Se não houvesse esta pedagogia do facilitismo a começar logo na primária, não teríamos este meninos tão 'moles'. Os 'ses' são tantos que cada vez é mais difícil corrigir o que tão errado está...
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