quinta-feira, 30 de março de 2006

Exercícios

Ministério da Educação propõe exercícios em vez de provas-modelo
Alunos queixam-se de não conhecer modelo dos exames do secundário

Os alunos que estão a terminar o 12.º ano queixam-se que o Ministério da Educação não disponibilizou provas-modelo como referência do que poderão ser os exames nacionais que os esperam, em Junho. A tutela responde que, desde Maio passado, estão disponíveis, na Internet, exemplos de "itens" da matéria, a partir da qual os jovens podem estudar. O Gabinete de Avaliação Educacional (Gave), responsável pelos exames, declara que não tenciona publicar mais nada.

Para terminar o ensino secundário é necessário realizar exames nacionais, que também contam para o acesso ao ensino superior. Este ano, os alunos do 12.º ano têm disciplinas com novos programas, diferentes dos do ano anterior.

Na página da Internet do Gave, www.gave.pt, não há provas-modelo para estas novas cadeiras, como as que existem para o antigo secundário. Em vez de provas, há listas com exemplos de exercícios.

Catarina e os colegas da secundária Rainha D. Leonor, em Lisboa, consideram que estão a ser "alvo de uma injustiça" e que podem ser prejudicados em relação aos estudantes que vão fazer exames segundo as disciplinas do antigo ensino secundário. Esses alunos têm provas-modelo, por isso, podem treinar, ter uma ideia do que pode ser perguntado nos exames, argumenta Catarina. "Estamos a ser cobaias porque estamos a estudar por programas novos que nunca foram experimentados e vamos fazer exames que não sabemos como serão", queixa-se a estudante do 12.º ano.

Resolver exercícios propostos

A decisão do Gave foi a de dar uma "informação diferente", ou seja, em vez das provas-modelo, é fornecida informação com "itens que são exemplificativos do que pode ser o exame", explica a presidente do gabinete, Glória Ramalho. "Os alunos podem tentar resolver aqueles exercícios e os professores, à custa dos exemplos que lá estão, podem fazer exercícios variados", sugere.
(he he he...)

Alguns professores do ensino secundário, ouvidos pelo PÚBLICO, queixam-se de não ser possível saber quais serão as questões de escolha múltipla e as de resposta aberta. Além disso, também não se sabe quanto valerá cada pergunta.

A partir das provas-modelo, publicadas nos anos anteriores, os docentes tinham uma noção do que poderia ser perguntado e quanto valia, argumentam. Glória Ramalho responde que, no exame, a relevância de cada matéria será "proporcional à importância que o programa lhe dá".
(Preciso de explicações...)

"As pessoas dão demasiado ênfase à prova-modelo e procuram uma tranquilidade que não é proporcional àquela que esta lhes pode dar, já que não se sabe que perguntas vão ser feitas este ano", analisa Glória Ramalho.

Caso do Português

No que diz respeito à disciplina de Português, os professores estão preocupados porque o novo programa prevê uso de nova terminologia - por exemplo, as palavras formadas por justaposição ou aglutinação passam a chamar-se "compostos morfosintáticos".
(Se fosse só isto...)

Glória Ramalho garante que o Gave terá "todo o cuidado em acautelar distúrbios por causa desta inovação". Esta tem sido a resposta dada pelo Gave aos e-mails e faxes que chegam de escolas e de professores de Português com a mesma dúvida, revela a presidente do Gave.

Na página de Internet do Gabinete de Avaliação Educacional estão disponíveis todas as provas que já se fizeram, desde 1997. No que diz respeito aos novos programas, foram publicadas, em Janeiro e Maio de 2005, informações com tipos de exercícios para cada disciplina.
Um professor, para fazer uma prova ( e está referenciado na lei, no ponto 5.6.2. do Despacho Normativo nº 11/2003) elabora obrigatoriamente uma matriz, pois só assim se pode saber (ele e os alunos), consoante as cotações, o peso a atribuir a cada uma das áreas do respectivo programa e assim saber a importância a atribuir a cada uma dessas áreas.
Esse peso não está definido nos programas.
O que o Gabinete de Avaliação do Ministério está a dizer aos professores é que ninguém tem de fazer matrizes e que nem professores nem alunos têm de saber sequer qual a estrutura das provas, dos exames, dos testes.
Tudo às escuras. Vamos em frente. Se cairmos, levantamo-nos logo a seguir. É bom para o crescimento. Este Ministério está a ajudar-nos a todos a crescer.
Fico feliz por todos nós.

7 comentários:

IC disse...

"É bom para o crescimento. Este Ministério está a ajudar-nos a todos a crescer." Tal ainda não me tinha ocorrido, mas... talvez, quem sabe?

Anônimo disse...

Eu sei que é inconsciente... Ninguém faz tanto disparate conscientemente...
Mas o sofrimento que provoca, como toda a inconsciência humana faz, leva-nos a todos a maturar. Qualquer dia estamos prontos para comer.

Amélia disse...

Não estou assim tão certa de que tudo seja por inconsciência...
Olá,Eliana!
Vamos então crescer - acho que já não vai acontecer comigo -1,45 de altura...

emn disse...

Estou esperançada no crescimento... (só tenho mais 7 cm, mas chego a todo o lado como a Amélia) Se não crescer, não vejo o proveito de tudo isto...
:)

soledade disse...

Eles não dão resposta porque não conseguem, porque também não sabem. Nada disto foi ponderado a montante do próprio GAVE e, em nome de interesses políticos e económicos, o min-edu arranjo um novelo de tal forma ensarilhado, que não lhe acha a ponta. Este ano lectivo foi a insanidade total na nossa disciplina. Não passa pela cabeça de quem está de fora o que sofreram (e vão sofrer até ao fim do ano) professores e alunos nestas condições. O exame vai ser às cegas, depois de um ano lectivo bastante às cegas também.
Ah, treinei os célebres itens de V/F, completamento, escolha múltipla, etc, propostos pelo GAVE. Notei uma coisa: os alunos mais críticos e criativos lidam mal com estes testes, queixam-se de que os obrigam a caminhar em esquadrias e não lhes permitem avaliar, fundamentar. Pois é, não é? :( Mas os resultados dos alunos com mais dificuldades inflaccionam. Pode ser que eu tenha feito mal as coisas, mas se o peso é o proposto pelos programas, e não contemplando este exame uma das 4 competências, cada uma das quais vale 25%, será então 1/3 para uma. Sou do tempo da Pedagogia por objectivos: objectivos mensuráveis e com classificação taxonómica. Os níveis superiores, sobretudo o da síntese, ocorrem na escrita...

emn disse...

Nos testes que fiz, não consegui ficar-me pelo V/F... pu-las falsas e pedi que as corrigissem... Na escolha múltipla pedi a 'razão da escolha'... Não consigo ver a avaliação da língua sem ver o que escrevem. A 'explicação' é bem mais importante do que 'acertar' na resposta correcta, ou não?

soledade disse...

Sem dúvida, até porque assim se dilui o factor sorte.