terça-feira, 4 de julho de 2006

Exame II

Falta de sensibilidade e de sensatez na elaboração dos exames é o comentário que Carmo Vieira faz a propósito do conteúdo das provas de Português, nos ensinos Básicos e Secundário. Para esta professora, em vez de se premiar o esforço dos alunos, impera o facilitismo e o convite à preguiça
por Carmo Vieira

Os exames de Português do 12.º ano são o exemplo, não só da falta de rigor científico e de exigência na sua elaboração, mas também da manifesta indiferença pelo trabalho e pelo esforço desenvolvidos por professores e alunos, ao longo do ano. Não é aceitável o facilitismo, o convite à preguiça ou a penalização de quem estudou e foi assíduo às aulas, nem tampouco a incorrecção na formulação de várias questões pelos ditos «professores seniores do Ministério» ou a pobreza da interpretação proposta quer para o poema de Fernando Pessoa, «O Menino da sua Mãe», quer para o extracto da narrativa de Saramago, «Memorial do Convento». Estes são os aspectos, que em nossa opinião, caracterizam os dois exames, nomeadamente o que se refere à antiga reforma (n.º 139) e o que responde ao «programa novo implementado a partir de 2003/2004 (n.º 639). De realçar ainda, na prova que analisa o poema de Pessoa (n.º 139) o facto de se oferecer aos alunos a explicação de algum vocabulário, nomeadamente «plaino: planície; exangue: sem sangue e langue: mortiço; sem brilho». Num texto poético que só muito raramente os alunos não terão lido em aula, não se aceita a preocupação em explicar e oferecer mastigado o sentido de vocábulos, que os alunos deveriam conhecer. Um exemplo de facilitismo, em que o convite ao culto da passividade e da dependência é flagrante.

3 comentários:

soledade disse...

O 639 consegue ser pior que o 139 -até pelos cenários de resposta que admite.

emn disse...

A verdade é que assim consegue-se sucesso... mesmo que falso, não deixa de ser sucesso. Será uma forma de se defender os novos programas de Português pois com os resultados que aparecerão se dirá que «preparam melhor os alunos»...

soledade disse...

Nem mais!