domingo, 29 de outubro de 2006
Tá bem, tá!
Prestigiar os professores
O Ministério da Educação assumiu a alteração do Estatuto da Carreira Docente (ECD) como um imperativo político, por boas razões. O ECD deve ser um instrumento para a organização das escolas e a valorização do trabalho dos professores, tendo em vista a promoção do sucesso dos alunos, a prevenção do abandono escolar e a melhoria da qualidade das aprendizagens.
DN, 29.10.06
Por emn às domingo, outubro 29, 2006 3 reflexões
Temas: Política?
Engano?
ANTÓNIO BARRETO
Todos os dias nos chegam notícias de medidas inesperadas e intenções imprevisíveis do governo. De tudo um pouco e avulso: decisões fulgurantes, novos planos, reformas radicais, investimentos fabulosos, extinções e reorganizações de serviços. Já se percebeu que o governo montou uma agência ou rede capaz de manter o domínio da informação, aquilo que eles dizem a "agenda". Por culpa dessa mesma rede de propaganda ou graças ao contributo criativo dos jornalistas e das suas fontes, uma parte das notícias é errada, outra é só parcialmente verdade e outra é finalmente verdadeira. Desta última, ainda há a distinguir entre o que realmente se fará e o que é apenas desejo e poderá ser contrariado pela vida. Alguns grandes investimentos, por exemplo, eram verdade até chegarem aos jornais, mas deixaram de o ser poucas semanas depois. Aumentos de preços e tarifas também são exemplos desta espécie de verdades efémeras. O que não impede que a maior parte das escaramuças de Sócrates foram lançadas assim, repentinamente, num discurso. É esse o jeito deste especialista em emboscadas. A aspirina nos supermercados, o fim de algumas Scut, a redução das férias dos juízes e dos professores e o aumento de impostos dos deficientes das forças armadas são exemplos de "rumores" verdadeiros.
PODERÍAMOS REAGIR COMO TANTAS vezes apetece. Isto é, considerar apenas que "são todos uns incompetentes", incluindo nestes todos os gabinetes dos governantes e as redacções dos jornais. Seria também possível considerar, na mais velha tradição popular, que "eles" são todos mentirosos, sendo eles, uma vez mais, os políticos e os jornalistas. Mas as coisas são mais complicadas. Na verdade, suspeito que muitas destas notícias erráticas são deliberadamente fabricadas, seja pelos gabinetes do poder, seja pelos da oposição. Assim como pelos sindicatos e patrões. E também por jornalistas e "fontes" partidárias anónimas. As intenções destas mentiras, meias verdades, boatos, fugas de informação e notícias verdadeiras são várias. Em alguns casos, trata-se simplesmente de "ver se pega" e de "apalpar" as reacções. Noutros, são dissidentes dos partidos que querem assim tornar difícil a vida dos governantes ou das direcções partidárias. Por vezes, trata-se de inexperiência das organizações que dizem o que ainda não devem. Outras, são puras invenções de jornalistas que não fazem o trabalho de casa e não verificam as fontes e os boatos. Finalmente, também temos as tentativas de exagero sensacionalista, da autoria das mais diversas pessoas, jornalistas "empenhados", políticos na sombra, partidos, sindicatos e empresas, com o fim de "dramatizar" uma qualquer questão.
AS ÚLTIMAS SEMANAS FORAM FÉRTEIS neste género de notícias erráticas. Aumentos de impostos, de propinas e de tarifas de serviços públicos; número de abortos legais e clandestinos praticados em Portugal; ou redução das pensões e das comparticipações nos medicamentos foram exemplos. Ainda hoje não sabemos exactamente com que contar. Como os nossos políticos brincam alegremente com os números, é difícil ter uma ideia. Um ministro e um autarca, por exemplo, dizem exactamente o contrário, um do outro, diante de números supostamente iguais. De igual modo, um ministro, um patrão e um sindicalista referem "dados de facto" absolutamente opostos, mas relativos à mesma realidade. Quem necessita da informação para a sua vida profissional, ou simplesmente porque quer estar informado, pode abandonar qualquer esperança de conhecer os factos a tempo.
VEM ISTO A PROPÓSITO DE DUAS informações, ainda não confirmadas, recebidas nestas últimas semanas. Primeira: o ensino da filosofia no secundário vai ser considerado marginal, isto é, optativo, e o respectivo exame de 12º ano deixa de ser obrigatório, incluindo para os alunos que, na universidade, pretendam cursar ciências sociais, direito, história ou mesmo filosofia. Conclusão inevitável: nunca mais alguém se vai interessar pela filosofia e o seu ensino está condenado a curto prazo. Segunda: a ministra da Educação pretende que já no próximo ano os professores sejam obrigados a dar oito horas de aulas por dia. Eis duas notícias dadas pelos jornais que me deixaram perplexo. A ponto de não acreditar. São de uma tal ignorância e de tal modo insensatas que não podem ser verdade. Devem fazer parte das provocações dirigidas contra alguém, neste caso contra a ministra e o seu ministério.
NÃO QUERO ACREDITAR, MAS A verdade é que a morte da filosofia na escola tem fortes possibilidades de ser verdadeira. Nunca vi desmentido. Até já li artigos assinados por Nuno Crato e José Gil justamente indignados. Não consigo perceber o que leva o ministério a cometer um crime destes. Numa altura em que está na moda o "conhecimento transversal" e em que os manuais elogiam a "interdisciplinaridade" e a "multidisciplinaridade", a extinção da filosofia tem o odor da poupança e da facilidade. Ou então vem daqueles círculos que querem uma escola virada para o emprego, as técnicas, "a vida", dizem eles. A filosofia deve ser considerada inútil, difícil, traumatizante e eventualmente burguesa ou livresca. Também pode ser que a considerem perigosa, porque ajuda a pensar. Num tempo em que os conhecimentos explodem e se diversificam, nada mais essencial, nada mais útil do que uma disciplina que possa fazer sínteses, que ajude à formação de uma visão do mundo, que permita aprender como os homens pensam e que ajude a raciocinar. A filosofia é essa disciplina. É quando a escola se vira para as profissões e foge da cultura que mais se precisa da filosofia. Já o senhor marquês de Pombal dizia que era necessário "o estudo da filosofia e das artes, pois servem de base de todas as ciências"! Eu sei que a estupidez tem tradições e não deveria ficar surpreendido. Por razões semelhantes se foram retirando das escolas as artes plásticas, a história da ciência e da arte, o teatro e a música. A própria geografia foi atirada para uma antecâmara do lixo e não ficaria admirado que a história siga um dia o mesmo caminho. Mesmo assim, não quero acreditar na decisão do ministério. Deve haver engano.
COMO ENGANO DEVE HAVER NAS notícias que nos dizem que a ministra quer que os professores cumpram oito horas de aulas por dia. Oito vezes cinco dias, temos quarenta horas de aulas por semana. A que se devem acrescentar as horas de reunião de turma e de escola, as horas de recepção dos alunos e dos pais, as horas de revisão de testes e de exames, as horas de substituição de professores e as horas de acompanhamento de estudo e trabalho, sem esquecer evidentemente as horas de preparação de aulas. Pensar que isto é possível ou que deve ser feito releva de uma mente definitivamente descolada da realidade. Desafio qualquer ser humano a cumprir este horário! Creio que nem sequer vale a pena fazer mais contas e argumentar. Não quero acreditar. Deve ser engano.
(In Público de 29 de Outubro de 2006)
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quinta-feira, 26 de outubro de 2006
Mentir é feio
PROCESSO DE REVISÃO DO ECD:
PRIMEIRO-MINISTRO ESTÁ A MENTIR!
Só por desconhecimento, distracção ou tentativa de enganar a opinião pública, o Primeiro-Ministro, José Sócrates, poderá ter afirmado que as organizações sindicais de docentes teriam, finalmente, concordado com a introdução de mecanismos de avaliação do desempenho na carreira docente e com a sua divisão em duas categorias.
Relativamente à avaliação do desempenho, os Sindicatos de Professores concordam com a sua existência há, pelo menos, 16 anos, ou seja, desde que foi aprovado o primeiro Estatuto da Carreira Docente. O que tem separado (e continua a separar!) os Sindicatos, do Ministério da Educação, é que, para as organizações sindicais, a avaliação do desempenho deverá ter um carácter essencialmente formativo, servindo para melhorar a qualidade do desempenho dos docentes. Já para o ME, os objectivos são outros: castigar os professores, retirar-lhes tempo de serviço que cumpriram, impedi-los de chegar ao topo da carreira e, em situação limite, expulsá-los da profissão. Daí que, também sobre esta matéria, as divergências entre os Sindicatos e o Ministério da Educação se mantenham!
A admissão, em sede de negociação e num esforço extraordinário de procura de consenso, de uma eventual aceitação do modelo (do modelo!) proposto pelo ME, dependeria sempre da sua disponibilidade para deixar cair os constrangimentos de carreira que propõe (quotas e vagas). O ME não aceitou o esforço sindical, logo essa flexibilidade negocial assumida pelos Sindicatos, deixou de existir!
Quanto às duas categorias, trata-se de outra questão fracturante no actual processo de revisão que, na reunião realizada ontem com o ME, ocupou a maior parte da discussão. Para os Sindicatos de Professores, a existência de duas categorias significaria a negação da própria profissão, pois deixaria a meio da carreira milhares de professores e educadores que são dos melhores que existem nas escolas!
Já a admissão (admissão!) de introduzir no debate a existência de um ou dois patamares salariais (que não se confundem com categorias!) de acesso condicionado, para os Sindicatos dependeria de um compromisso a assumir pelo ME: nenhum professor ou educador actualmente no sistema poderia ser impedido de atingir o actual topo da carreira (10º escalão – índice salarial 340), pelo que tais escalões, a existirem, teriam sempre de ser superiores ao actual topo. Este compromisso exigido pelos Sindicatos foi desde logo recusado pelo ME, pelo que tal discussão terminou no momento em que se colocou!
Assim sendo, o desacordo global manifestado pelas 14 organizações sindicais de docentes que constituem a Plataforma Sindical de Professores mantém-se em absoluto e a FENPROF exige que o Primeiro-Ministro, José Sócrates, corrija as suas afirmações, pois fica mal a um governante com as responsabilidades de Primeiro-Ministro, de fazer afirmações que não são verdadeiras!
Por fim, a FENPROF apela aos professores e educadores para que se mantenham atentos, pois, como se prova, o Governo, neste momento, não olha a meios para atingir os seus fins que parecem ser a criação de confusão e de divisões entre os professores. A consulta dos sites dos Sindicatos da FENPROF será sempre o meio de informação mais adequado sobre o ponto da situação negocial.
O Secretariado Nacional
Por emn às quinta-feira, outubro 26, 2006 3 reflexões
Temas: Política?
quinta-feira, 19 de outubro de 2006
Chantagem
A posição do ME é definitiva. Está concluída. Os sindicatos...ou querem parar de tentar afundar o barco... ou querem entrar no barco connosco.
Por emn às quinta-feira, outubro 19, 2006 6 reflexões
Temas: Política?
Maus pais
Um pdf que recebi por mail sobre os maus pais.
Por emn às quinta-feira, outubro 19, 2006 1 reflexões
Temas: Pais
quarta-feira, 18 de outubro de 2006
A não perder...
No Eduquês, mais uma carta aberta de Santana Castilho.
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Temas: Política?
Ignorância
Uma das coisas que venho ensinando aos meus alunos e às minhas filhas é de que não se devem fazer juízos de valor nem comentários acerca de pessoas ou acontecimentos, sem haver um conhecimento real dos factos sobre os quais se opina. Quando tal acontece – explico-lhes eu – para quem está dentro do assunto revela-se ignorância, leviandade e arrogância.
É um facto que este senhor, a quem eu sempre ouvi com interesse quando comentava assuntos que eu desconhecia, revelou ser ignorante, leviano e arrogante. Vejamos: então no actual estatuto os professores com mais de quarenta anos deixam de dar aulas? Afirmou-o. Não está prevista qualquer avaliação? Verifique-se aqui. Ou aqui, como muito bem revela Paulo Guinote.
Pois é. Agora já sei que muitas vezes falará sem saber do que fala. Já sei como o ouvir da próxima vez.
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terça-feira, 17 de outubro de 2006
Tempo...
Isto a propósito das reduções: agora no novo ECD surgem apenas aos 50, até ao máximo de 6; no ainda em vigor, a partir dos 40 até ao máximo de 8; surgiam, quando entrei na carreira, ao fim de cada 5 anos de serviço. Estariam loucos? Ou estão agora?
Há uns poucos anos atrás, eu não sentia as limitações que hoje sinto. Nunca precisei de apontar nada e nunca me esquecia de nada. As caras dos alunos eram únicas no final de duas semanas, os seus nomes claros e sabia exactamente o que tinha dito a uma turma e faltado dizer na outra. Numa noite corrigia uma turma de testes sem nunca me faltar a concentração. Agora, as caras e respectivos nomes só são únicos ao fim de muiiiiito tempo. Agora, se não aponto o que tenho de fazer no dia seguinte, pareço andar com um detector de metais à procura de uma moeda no deserto. Agora, corrigir uma turma de testes é escalar o Everest.
Como eu entendo e sinto a necessidade das reduções! Duvido que aguente até aos 55 neste ritmo. Mas tenho de aguentar. Afinal, tudo se aguenta. Em que condições? Não interessa. Tenho de me convencer que sou um militar e apenas tenho de obedecer a generais! Tenho de me convencer que isto de dar aulas é uma brincadeira e que não é necessário fazer o melhor possível - basta fazer o que o tempo deixa. Como disse uma encarregada de educação numa reunião a que também fui no mesmo papel - os professores substitutos podem inventar qualquer coisita para dar nessas aulas. Embora tenha comentado que «aulas não se inventam», se calhar é o que tenho de começar a fazer para ter tempo de viver.
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Temas: TEMPO
segunda-feira, 16 de outubro de 2006
Despesas/Poupanças
Despesa da Educação equivale a 3,7% do PIB
A despesa do Ministério da Educação contemplada na proposta de OE para 2007 é de 5,8 milhões de euros.
A despesa do Ministério da Educação contemplada na proposta de OE para 2007 é de 5,8 milhões de euros.
De acordo com o Governo este valor representa um corte de 4,2% face a 2206, correspondendo a 3,7% do PIB e a 10,7% das despesas da Administração Central.
Esta variação, de acordo como documento "resulta do efeito conjugado de um decréscimo nas despesas de funcionamento cobertas com receitas gerais com incidência relevante no ensino básico e secundário e nos investimentos do plano e de um acréscimo nas despesas com a educação pré-escolar. O decréscimo foi possível sobretudo pela introdução de medidas na organização e gestão dos recursos educativos".
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quinta-feira, 12 de outubro de 2006
Saúde
Ainda bem que há tanta lucidez nos nossos governantes.
Por emn às quinta-feira, outubro 12, 2006 2 reflexões
Temas: Política?
quarta-feira, 4 de outubro de 2006
Futurologia
Novas resoluções ministeriais apontam, na sequência dos bons resultados obtidos com o novo ECD dos professores, no que diz respeito a faltas, que a ideia nuclear dos 97% de presença no serviço se aplique a todos.
Assim, com mais de 3% de faltas, justificadas ou não, determina-se que:
- os alunos ficarão retidos no ano em que estão;
- os deputados não se poderão recandidatar;
- todos os funcionários públicos ou por conta de outrem não poderão ser aumentados e/ou progredir na carreira.
Adenda: segundo a nova proposta que vi no Miguel Pinto, já deram com este disparate. Vá lá... agora já vai em 5% e as equiparadas à prestação efectiva de trabalho não contam.
Por emn às quarta-feira, outubro 04, 2006 2 reflexões
Manifestações
Ministra da Educação sugere a alunos que organizem contestações(? Também há cerca de um ano atrás o PM disse que os portugueses se manifestavam pouco.)
Maria de Lurdes Rodrigues, apelou hoje aos alunos da Escola Secundária de Loulé, que a receberam em protesto na visita ao estabelecimento, para que se organizem e apresentem as suas contestações. "Por causa da manifestação que houve hoje, esta escola não será notícia por causa das suas boas práticas e eu tenho muita pena disso", disse aos jornalistas, à margem de uma sessão que contou também com a presença do ministro da Saúde.
Por emn às quarta-feira, outubro 04, 2006 0 reflexões
Temas: Política?