quarta-feira, 25 de abril de 2007

Abril? Nova PIDE?

Comentários ao post O esplendor do sistema anti-democrático - Do Portugal Profundo de onde destaco as palavras finais do autor e dois comentários:

  • esta gente não aprende que os recados, directos e indirectos, os avisos, mais ou menos insidiosos, e as ameaças de violência são contraproducentes para os seus objectivos de calar o povo e provocam ainda mais vontade de resistir aos cidadãos activos...

25 De Abril! Dia de comemoração! Comemoração e, no entanto, já quase nada resta desse dia. Ou melhor, restam duas coisas. Por agora e, talvez, por muito pouco tempo! Hoje, 25 de Abril de 2007, podemos ainda comemorar a liberdade de poder dizer, publicamente, que o PM de Portugal é aldrabão e que é o produto de vários lapsos desvalorizados pela maioria da classe política e…e não ir para a cadeia! Não sei por quanto tempo mais isso será possível! Hoje, 25 de Abril de 2007, podemos ainda comemorar o direito à greve e a existência dos sindicatos. Por quanto tempo mais? Quanto ao resto, desse dia histórico, tudo acabou. Todas as conquistas do povo desapareceram ou estão, a passos cada vez mais largos, em vias de extinção. Justiça, Saúde e Educação deveriam ser, mais do que direitos dos cidadãos, um dever do Estado! Não se devia procurar tirar dividendos de nenhuma destas áreas! Justiça, Saúde e Educação são investimento no país e no seu futuro! Eram um investimento em Portugal! Era um direito de todos nós e uma obrigação do Estado Português! Eram os alicerces fundamentais de qualquer país democrático! Hoje, foi feriado e dia de comemoração. O Senhor Presidente da República, já sem cravo na lapela, diz que os jovens desconhecem o valor desse dia. E nós? Nós que o vivemos… que conclusões podemos tirar? E o que poderemos fazer? E podemos, ainda, fazer alguma coisa? Quanto tempo nos resta? Por quanto tempo mais teremos a liberdade de poder fazer e alterar, mais uma vez, o curso da história? Quanto tempo nos resta?


Sr. Carlos Ribeiro, vive em Marte?

Não tem lido este blog e os comentários?
Não viu vários DRs com a nomeação do Engenheiro José Sócrates, desde há anos?
Não viu biografias oficiais do Engenheiro José Sócrates?
Não viu que a biografia do PM no portal do governo já foi emendada duas vezes?
Não viu as pautas, ou melhor, 4 papéis a que chamaram pautas?
Não viu o trabalho doméstico de inglês técnico classificado com 15 valores, enviado com um cartão oficial do governo?
Não viu os 2 certificados com datas diferentes?
Não lê os jornais?
Não ouviu a entrevista do PM e a conferência de imprensa da UNI?
Não viu os “Gatos Fedorentos”?
Não ouviu a história do “brinde” do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa?
Etc., etc., etc….

Acha tudo isto natural, ou uma cabala contra o PS o PM e o governo? Considera que o prestígio e a credibilidade do PM são questões pouco importantes, tanto a nível nacional como internacional?

Ou admite condescender que, como alguém afirmou, tudo isto é afinal um exercício de democracia?

E, já agora, só mais uma pergunta, sente-se tranquilo com a acusação que algum organismo ou funcionário do Estado anda a vigiar o que escreve e a vasculhar o seu computador?
Acha que estarão em causa segredos de Estado ou actos “subversivos”?

Com esta política, o agravar das desigualdades, o desemprego, a pobreza, o encerramento de escolas e serviços de saúde, o ataque a direitos fundamentais conquistados com o 25 de Abril e uma luta prolongada e muitas vezes bem dolorosa, o que é que falta? Caxias ou exílio?

Não se esqueça que hoje festejamos o 33 aniversário do 25 de Abril que derubou a ditadura e convém relembra, a propósito, o poema de Brecht:

“Primeiro, vieram buscar os comunistas.
Não disse nada, pois não era comunista.
Depois, vieram buscar os judeus.
Nada disse, pois não era judeu.
Em seguida foi a vez dos operários, membros dos sindicatos.
Continuei em silêncio, pois não era sindicalizado.
Mais tarde levaram os católicos.
Nem uma palavra pronunciei, pois sou protestante.
Agora, vieram buscar-me.
E, quando isso aconteceu, não havia mais ninguém para falar.”

Roberto

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