sábado, 9 de maio de 2009

Ofertas

Transcrevo apenas o ponto 3 deste post do «Pedro na Escola»


3. O dinheiro oferecido sem nada em troca
Quando tivemos a Avaliação Externa na nossa escola, vi-me, pela primeira vez, confrontado com o conceito de custo por aluno. Neste caso, uns 6000 euros anuais por cada um. Ou seja, o Estado, cujo fundo de maneio vem da remuneração de todos nós, oferece 6000 euros, por aluno, às famílias que têm os filhos a estudar na nossa escola. Oferece, mas não pede nada em troca. Não pede esforço, nem dedicação, nem sucesso, nem sequer comportamentos adequados. A maior parte dos pais não paga 6000 euros de IRS ao Estado, nem nada que se pareça. Pelo que se trata, efectivamente, de uma oferta. Um exemplo. Um aluno entra para o 7º ano e o Estado paga-lhe 6000 euros para andar gratuitamente na escola. O aluno, que descobriu que os pais não se importam muito com o seu sucesso escolar ou que não mostraram autoridade suficiente para o obrigar a ter aproveitamento, chega ao fim do ano lectivo e fica retido. O Estado, generoso quanto baste, chega-se à frente com outros 6000 euros para o ano lectivo seguinte. A estória repete-se, com nova e lamentável retenção. Os pais, entretanto, já descobriram que o filho ficou retido, pela segunda vez, por vingança e/ou perseguição dos professores, claro. Pelo terceiro ano consecutivo, o Estado entra com outros 6000 euros. A escola tenta dar a volta à situação, com uma transição por baixo da mesa, perante o ar de gozo e de desplante do aluno (e dos pais, já agora). Com jeito, talvez integre uma turma de PCA, ou um CEF, ou outra alternativa qualquer que, pela dimensão das turmas, sugere um custo por aluno muito superior aos dos alunos aplicados e cumpridores. Nunca o Estado encosta o aluno e os respectivos pais à parede e lhes pede contas pelo esbanjamento dos 6000 euros. Nunca! Mas era bom que se fizessem contas à vida e se contabilizasse o dinheiro que foi literalmente atirado ao lixo pelas famílias que não obrigaram os seus filhos a estudar e a ter aproveitamento. Como se isso não bastasse, quantos destes desperdícios não estiveram (e estão, e vão continuar a estar) associados directamente ao prejuízo dos alunos que querem aprender (ou cujos pais os obrigam a aprender)? Contas, precisam-se. Felizmente, este Estado descobriu o remédio para que nunca mais seja necessário fazer este tipo de contas e muito menos encontrar soluções: a milagrosa abolição das retenções. Mais um passe de mágica.
A não perder a leitura de todo o texto aqui.

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