sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

É fun_tástico

Os alunos que frequentarem estas vias de ensino (Cursos Tecnológicos) mas que optarem depois por continuar a estudar no superior acabam por ter a vida facilitada em termos de acesso. Com esta alteração da lei, já aprovada em Conselho de Ministros, passam a fazer apenas um ou dois exames nacionais (os que forem exigidos como prova de ingresso no curso ao qual se candidatam), e não três obrigatórios como se previa no diploma aprovado em 2004 e que produziria efeitos no 12.º em 2006/2007.
Além disso, a classificação que os alunos das vias profissionalizantes obtiverem nas provas de ingresso deixa de entrar no cálculo da nota final do secundário.
Quanto aos estudantes das formações científico-humanísticas (antigos cursos gerais) terão de continuar a fazer quatro exames nacionais; cada um conta 30 por cento para a nota final da disciplina.
A entrada no ensino superior através de vias alternativas como o ensino recorrente - supostamente destinado a dar uma segunda oportunidade de conclusão de estudos a adultos e que, até há pouco tempo, não estava sujeito a exames nacionais - chegou a ser utilizada por milhares de jovens para ingressar na universidade de forma mais fácil. Entre 1998 e 2002, o número de candidatos oriundos do recorrente disparou de 1800 para 18.500.
JUSTIFICAÇÃO
A tutela explica a alteração com a necessidade de ser assegurada a "unidade e coerência de tratamento entre os diferentes tipos de formação profissionalmente qualificantes". Se os alunos dos cursos profissionais (também orientados para a integração no mercado de trabalho) já estavam dispensados de fazer os exames nacionais para concluir o secundário, não há nenhuma razão para os dos tecnológicos serem sujeitos a regras diferentes, explica António Ramos André, adjunto da ministra da Educação.
,OU SEJA,
1. A «unidade e coerência de tratamento» visa tornar tudo mais fácil para todos, em vez de exigir mais a todos....
2. Os cursos «científicos/humanísticos» serão extintos por falta de alunos.

15 comentários:

Teresa Martinho Marques disse...

Só para dizer que, depois de descobrir o teu blogue (a partir do da IC), virei fã absoluta. Gosto da inteligência em acção, da coerência, da entrega consciente das limitações, da forma de luta honesta, forte e ponderada, do pôr a nu o óbvio das contradições. Aprendo muito por aqui!
Vais para o meu cantinho de eleitos. Como calculas, nem sempre é possível um comentário (com o tempo que nos foi rooubado e que tento canalizar sobretudo para os alunos), mas a minha cabeça ficará sempre enredada nas tuas questões e isso dar-me-á a lucidez de que preciso e que está sempre associada aos bons processos de crescimnento. Parabéns e obrigada!

Anônimo disse...

Muito obrigada pelo cumprimento.... e que bem que sabe vindo de ti. Comprazo-me a ler os teus textos... :)

Teresa Martinho Marques disse...

Obrigada eu! :)

Anônimo disse...

Não ando a par do assunto (só agora pelo teu post), por isso não pensei nele mas... sublinho essa frase "tornar tudo mais fácil para todos, em vez de exigir mais a todos". :)

Teresa Martinho Marques disse...

E eu acrescento: mais honesto seria deixá-los chegar "todos" às universidades e depois fazer lá a triagem... quem estivesse verdadeiramente motivado e "tivesse unhas", ficava...
É uma prática comum em alguns países (com regras e condições muito próprias dessas sociedades, é claro) mas não sei se aqui seria exequível... Todavia, sabendo nós como funcionam as injustiças da selecção (entre várias, aqui nesta entrada é focada uma fun_tástica) talvez merecesse a pena pensar em alternativas às existentes...

Anônimo disse...

Durante muito tempo coube às universidades a triagem, através dos exames de admissão. Passou depois essa responsabilidade para o secundário com os exames nacionais.
Se a entrada fosse «livre», voltaria aos profs universitários essa selecção... mas, da forma como os nossos alunos andam a perder tempo a aprender a aprender, em vez de realmente aprender, coitados deles. Estou a ser muito conservadora, eu sei...
Era preciso muita coisa mudar... a começar em casa de cada um dos alunos. A escola nunca chega. Não se consegue 'adoptar' 100 alunos ao mesmo tempo...

Miguel Pinto disse...

Deixo as incongruências para o olhar atento da EMN. O meu enfoque é político: está em curso a preparação do terreno [uniformização dos planos de estudo…] para o alargamento da escolaridade obrigatória. É a reconfiguração do ensino secundário – de antecâmara do ensino superior passar a ser uma antecâmara para o desemprego [que exagero…].

Anônimo disse...

não sei se será exagero... quantos licenciados estão a trabalhar em caixas de hipermercados? Eu conheço dois (e vivo numa pequena cidade)...
A avaliação das aprendizagens e do sistema é importante quer se trate de cursos orientados para o prosseguimento de estudos quer se trate de cursos orientados para a vida activa...

Pedro disse...

É deste tipo de medidas dúbias que eu tenho receio. A imagem que passa é que se tenta facilitar o sucesso escolar. E até os meus alunos do 10º ano me vieram com esse argumento...

Anônimo disse...

É verdade, Miguel... e é também injusto. As condições têm de ser iguais para todos...

Amélia disse...

EU SÓ SEI QUE ASSIM NÃO SE VAI LÁ...NEM A LADO NENHUM.
POBRE PAÍS!
EU ACHO QUE NÓS MERECÍAMOS BEM MELHOR...MAS TAMBÉM NÃO SABEMOS OPOR-NOS AO PODER E FAZER VISÍVEL GESTOS DE INDIGNAÇÃO - COMO DIZIA O ALMADA ÍSTO ESTÁ É A PRECISAR DE UM (TSUNAMI) DE MANGUITOS!
SÃO MUITO POUCOS OS QUE COERENTEMENTE SÃO CAPAZES DE DIZER NÃO.E O MEDO VOLTA A REINAR UM POUCO POR TODO O LADO.

soledade disse...
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soledade disse...

Eliana disse: «Estou a ser muito conservadora, eu sei...»
Não,estás a ser realista e lúcida. Acabemos com o politicamente correcto! O que dói é sentir o peso da responsabilidade e a impotência. Estou cada vez mais convicta de que o secundário é um ponto charneira, não apenas da escola, mas do processo social. E revolta-me perceber que quando ensino, isto é, quando consigo ser eficaz no meu desempenho, isso acontece à revelia do sistema de ensino.

Anônimo disse...

a impotência por exemplo para os 'motivar'... e as 'justificações' para o desinteresse deles, que cai sobre nós, como se fossemos capazes de fazer milagres...(Está aí na nova avaliação...)

Anônimo disse...

'caem'