terça-feira, 30 de janeiro de 2007

domingo, 28 de janeiro de 2007

Geografia

A minha mais nova tem esta semana 3 testes. Um deles de Geografia sobre países e respectivas capitais de todo o mundo. Encontrei este programa fantástico freeware de Marianne Wartoft. Até eu estive a decorar os novos países da Europa (que ainda não sabia onde ficavam).

sábado, 27 de janeiro de 2007

Hã?!

Nova terminologia linguística só será suspensa no próximo ano lectivo 26.01.2007 - 19h21 Lusa

O secretário de Estado Adjunto da Educação, Jorge Pedreira, precisou hoje que a experiência pedagógica associada à nova Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário (TLEBS) só será suspensa no próximo ano lectivo.
O responsável esclareceu que a portaria que será publicada no próximo mês só terá efeitos práticos em 2007/2008, ano lectivo em que, mesmo assim, "não vai realizar-se a experiência pedagógica com os alunos, já que não há condições técnicas para isso".
Ontem, o secretário de Estado tinha afirmado à agência Lusa que em Fevereiro seria emitida "uma nova portaria a suspender a experiência pedagógica da TLEBS", sem referir que a suspensão só entraria em vigor no próximo ano lectivo.
Segundo o primeiro subscritor da petição que reuniu mais de oito mil assinaturas contra a aplicação nas escolas dos novos termos gramaticais, o mesmo terá dito Jorge Pedreira na reunião que ontem realizou com os responsáveis daquela iniciativa. "O secretário de Estado garantiu-me que iam parar a experiência já este ano lectivo, através de uma portaria que vai sair dentro de poucos dias", disse José Nunes, autor da petição que será discutida no Parlamento.
No entanto, o governante esclareceu hoje que "este ano [lectivo], tudo se mantém na mesma" relativamente à experiência que tem estado a decorrer nas escolas. "A portaria é publicada em Fevereiro, mas a suspensão da experiência pedagógica só tem efeitos no próximo ano lectivo", afirmou.
Deste modo, o Ministério da Educação assegura não existir qualquer contradição entre Jorge Pedreira e o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, que na semana passada afirmou ao “Diário de Notícias” que "seria pouco responsável, a meio do ano lectivo" suspender a referida experiência.
Além de precisar a data de entrada em vigor da suspensão, Jorge Pedreira esclareceu igualmente que o trabalho de revisão científica e adaptação pedagógica não estará concluído em Maio, como afirmou ontem, mas apenas no início do próximo ano lectivo, o que inviabiliza a realização de qualquer experiência em 2007/2008, mesmo que num "grupo restrito de escolas".

:-))

Depois de saber que os professores do Funchal foram chamados para prestar declarações e como não me apetece comentar tão estúpido facto, prefiro rir-me com o que me mandam por mail (já conhecia, mas rio na mesma):
Numa manhã, a professora pergunta ao aluno:
- Diz-me lá quem escreveu "Os Lusíadas"?
O aluno, a gaguejar, responde:
-Não sei, Sra. Professora, mas eu não fui.
E começa a chorar. A professora, furiosa, diz-lhe:
- Pois então, de tarde, quero falar com o teu pai.
Em conversa com o pai, a professora faz-lhe queixa:
-Não percebo o seu filho. Perguntei-lhe quem escreveu "Os Lusíadas" e ele respondeu-me que não sabia, que não foi ele...
Diz o pai:
- Bem, ele não costuma ser mentiroso, se diz que não foi ele, é porque não foi. Já se fosse o irmão...
Irritada com tanta ignorância, a professora resolve ir para casa e, na passagem pelo posto local da G.N.R.,diz-lhe o comandante:
- Parece que o dia não lhe correu muito bem...
- Pois não, imagine que perguntei a um aluno quem escreveu "Os Lusíadas" respondeu-me que não sabia, que não foi ele, e começou a chorar. O comandante do posto:
- Não se preocupe. Chamamos cá o miúdo, damos-lhe um "aperto", vai ver que ele confessa tudo!
Com os cabelos em pé, a professora chega a casa e encontra o marido sentado no sofá, a ler o jornal. Pergunta-lhe este:
- Então o dia correu bem?
- Ora, deixa-me cá. Hoje perguntei a um aluno quem escreveu "Os Lusíadas". Começou a gaguejar, que não sabia, que não tinha sido ele, e pôs-se a chorar. O pai diz-me que ele não costuma ser mentiroso. O comandante da G.N.R . quer chamá-lo e obrigá-lo a confessar. Que hei-de fazer a isto? O marido, confortando-a:
- Olha, esquece. Janta, dorme e amanhã tudo se resolve. Vais ver que se calhar foste tu e já não te lembras...!

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

A paixão


Francisco José Viegas
Desde os anos setenta que o Ministério da Educação tem sido ciclicamente invadido por técnicos que se acham investidos de uma luminosa presciência para educar o povo - impondo modelos pedagógicos e científicos (na matemática como no ensino da História ou da Língua) conforme a sua vontade de experimentar e de mudar, mas vivendo na impunidade e na quase inimputabilidade. Muitos desses técnicos estão afastados do mundo real das escolas há muitos anos, circulando de seminário em seminário, de congresso em congresso, certamente munidos de muito boa-vontade, mas ignorando que a boa-vontade não é um instrumento generoso quando se trata de educação. Seria, aliás, muito útil saber quanto o Estado despendeu, nos últimos anos, em "reformas pedagógicas" incompletas e inconsequentes e na sucessivamente chamada "inovação pedagógica" ou "curricular". E, paralelamente, o que sobra dessas experiências, cujas vítimas são, em primeiro lugar, os alunos do básico e do secundário e, depois, os próprios professores que vivem parte do seu tempo de trabalho ocupados a interpretar o "eduquês" das senhoras e dos senhores técnicos do Ministério da Educação, distribuído por inenarráveis documentos que aparentemente são escritos em português e que, virtualmente, talvez falem de educação e de ensino. Recomendo que os interessados visitem os "sites" do Ministério e leiam, com atenção, os documentos teóricos sobre pedagogia, ensino da Língua e da Matemática - e que, se sobreviverem, entrem nos domínios reservados pelas associações de professores dessas matérias.

domingo, 21 de janeiro de 2007

TLEBS

Mais importantes desenvolvimentos no Nocturno com Gatos.

sábado, 20 de janeiro de 2007

Telemóvel

Repare-se na extrema concentração destes alunos...
Não perdem pitada da matéria.
Tanto cá...



Como lá...

:-)

http://jn.sapo.pt/2007/01/19/ultima/optimismoprecisase.html

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Relevar

Novo estatuto:
Artigo 46º
5—A atribuição de menção qualitativa igual ou superior a Bom fica dependente do cumprimento de, pelo menos, 95% das actividades lectivas em cada um dos anos do período escolar a que se reporta a avaliação.
8—As ausências legalmente equiparadas a serviço efectivo nos termos do artigo 103.º relevam para o cumprimento das actividades lectivas a que se refere o n.º 5.

relevar:
do Lat. relevare

  1. v. tr.,
    dar relevo a;
    fazer sobressair;
    tornar saliente;
    permitir;
    consentir;
    desculpar;
    aliviar;
  2. v. int.,
    estar condicionado por depender de;
    ter relação necessária de sujeição;
    importar;
    interessar;
    ser conveniente, necessário.

Qual destes significados tem este «relevam para»????
Será que ainda estou mentalmente diminuída devido à (derivado da :)) febre???

Equidade

Entre os 38 e 39 graus de febre desde a última terça, fiquei em casa a fazer companhia à minha mais velha que está na mesma. Só hoje consegui baixar a febre para os 37,5º. Só hoje me consigo levantar e andar a direito.
Com 4 familiares médicos, nunca recorri ao Serviço Nacional de Saúde, a não ser para as vacinas das crianças. Muito raramente justifiquei faltas com atestado. O último foi há 4 anos, por dois dias. Normalmente usava o artigo 102º, descontando um dia de férias.

Agora, veja-se aqui, sempre que estiver doente, tenho de ir (é a isto que acho mais piada) para a bicha/fila do Centro de Saúde ou das urgências.

São disparates em cima de disparates, em nome da convergência.
http://dn.sapo.pt/2007/01/08/economia/a_aberracao_o_senso_justica.html
Adenda:
Os meus pais contam as visitas aos doentes que, inicialmente, faziam de bicicleta a kms de distância. O pagamento? Galinhas vivas ou mortas, vinho, um borrego (ainda me lembro dele - simpaticíssimo, que, qual cão, nos vinha dar marradinhas ternas quando o íamos visitar no espaço que lhe foi reservado do quintal- morreu de velhice, claro) ... Outros tempos, obviamente. Mas bons costumes. Agora impera a desconfiança militante.

sábado, 13 de janeiro de 2007

Discurso político

Sotôr...


Recebido por mail :-)
Dissolução vs Solução

Qual é a diferença entre uma dissolução e uma solução?

Uma dissolução seria meter um político num tanque de ácido para que se dissolva.

Uma solução seria metê-los a todos.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Aleluia?

Será que partiu mesmo desta preocupação? Ou surgiu exactamente porque se «ouviu» a polémica em torno da TLEBS?
Parece-me que aquando da reformulação dos programas o «barulho» foi pouco...

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

???


Tutela diz que experiência da TLEBS se mantém


Bárbara Wong



Escolas escolhem modo como desenvolvem aplicação. Subscritor da petição contra a terminologia contesta



A generalização da Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário foi ou não suspensa? A pergunta é da Associação dos Professores de Português e do primeiro subscritor da petição contra a efectivação desta experiência pedagógica, José Nunes.


A questão surge depois das declarações do director-geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular do Ministério da Educação (ME), Luís Capucha, em entrevista ao PÚBLICO no sábado passado, em que anunciou que a tutela suspendeu a generalização da aplicação da terminologia (TLEBS) e que esta só será generalizada em 2008/2009. A terminologia tem como objectivo uniformizar os termos gramaticais. Luís Capucha anunciou ainda que o ME criou dois grupos de trabalho, um que será responsável pela correcção da lista de termos e outro que vai aplicar a nova lista aos vários ciclos de ensino.


Quer Paulo Feytor Pinto, presidente da Associação dos Professores de Português (APP), quer José Nunes questionaram o ME sobre esta questão. A resposta foi: "A generalização está suspensa, mas a experimentação generalizada mantém-se." "O que é que isto quer dizer?", perguntam.


O director-geral explica: "A experiência pedagógica continua e é feita ao ritmo das escolas, quando a TLEBS for aplicada de forma generalizada, então todas as escolas terão de a aplicar."
O quê? Desculpe. Importa-se de repetir? Repare-se neste documento onde se lê: ponto 5. o departamento curricular decide; ponto 6. sai nos exames. Afinal decide o quê? Se há-de ensinar ou não o que vai sair nos exames?

Em Setembro, as escolas receberam um documento de orientação onde era dito que podiam escolher a modalidade e os prazos para fazer a experiência pedagógica, ou seja, para experimentar a TLEBS. "Em princípio todas as escolas devem fazer esta experimentação", explica o director-geral.


Quanto à obrigatoriedade de aplicar a nova terminologia, a chamada generalização, será apenas em 2008/2009, mas só depois de todos os professores de Português fazerem formação e de haver materiais didácticos disponíveis. Portanto, "a experiência pode prolongar-se por mais um ano e a generalização ser adiada", acrescenta.


José Nunes "presume" que a TLEBS possa ser inconstitucional, porque tem erros científicos, reconhecidos pela tutela, o que viola a garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar, uma vez que os alunos estão a aprender com erros. "Esta é uma geração que é carne para canhão, que está em desigualdade comparativamente às gerações antes e pós TLEBS", lamenta. "O caso é muito sério e pode prefigurar, a partir de agora, um dano causado pelo Estado, de forma reiterada, contínua e consciente, sobre menores de idade, sobre os nossos filhos", conclui.



Público,10.01.2007

Ilegalidades

Mais uma aluna de Coimbra repetiu exame de Química

Bárbara Wong

Ordem dos Advogados diz que situação deveria ter sido resolvida antes de chegar aos tribunais
Aconteceu no dia 12 de Dezembro do ano passado. Uma aluna da Escola Secundária da Quinta das Flores, em Coimbra, fez o exame nacional de Química. Subiu assim para cinco o número de casos conhecidos de estudantes que recorreram aos tribunais e conseguiram ver ser-lhes reconhecido o direito de repetir a prova. O Ministério da Educação poderia ter evitado estes casos, diz a Ordem dos Advogados.
Vários estudantes recorreram a diferentes tribunais administrativos e fiscais, em Coimbra, Leiria e Viseu, alegando que não tiveram a mesma oportunidade que foi dada pelo Ministério da Educação (ME) aos colegas que puderam fazer as provas nas 1.ª e 2.ª fases. A tutela decidiu, a meio da época dos exames do ano lectivo passado, permitir que os estudantes pudessem repetir as provas de Química e de Física. Só que os alunos que decidiram fazer as provas na 2.ª fase, cerca de dez mil, não tiveram a mesma possibilidade. Por isso, alguns recorreram aos tribunais, alegando que não houve igualdade de oportunidades para todos.
"Teria sido bom que no plano administrativo se tivesse conseguido evitar a intervenção dos tribunais e repor a plena igualdade ao dar uma segunda oportunidade a todos os alunos", defende o bastonário da Ordem dos Advogados, Rogério Alves.
Também Carla Amado Gomes, assistente da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, concorda que a tutela deveria ter dado uma segunda oportunidade a todos os alunos. "O Estado devia ter aberto uma época especial para todos a quem não deu essa hipótese", diz.

Aprofundar a desigualdade
Agora, por cada vez que a tutela cumpre uma decisão dos tribunais administrativos, está a "renovar a violação do princípio de igualdade" relativamente a todos os outros que não tiveram igual opção. "Cada aluno que realiza essas provas, fá-lo em circunstâncias desiguais", defende.
Só que essa "desigualdade" não é imputável ao ME, mas aos tribunais, alerta o professor de Direito Administrativo da Universidade Católica Portuguesa, Luís Fábrica. "Ao Ministério cabe apenas executar rigorosamente a sentença - é inadmissível que sobreponha o seu juízo ao do tribunal e diga: "Não executo a sentença, porque isso só vai piorar as coisas"", explica.
Os tribunais têm decidido que o ME deve realizar nova prova de Química e que, no caso de as notas possibilitarem a entrada nos cursos pretendidos, sejam abertas vagas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior.
Foi o que já aconteceu a dois alunos, que estão a frequentar Medicina, na Universidade de Coimbra. Anteontem houve um estudante de Viseu que fez a prova de Química e soube-se ainda que há um aluno de Leiria que se está a preparar para a nova prova. O caso de mais uma aluna de Coimbra, da secundária Quinta das Flores, a quem foi dada a oportunidade de repetir o exame só ontem foi conhecido. A jovem obteve 18,4 valores na prova, mas o PÚBLICO desconhece se a classificação lhe abriu as portas ao curso pretendido. A Universidade de Coimbra ainda não foi contactada pelo ministério de Mariano Gago, que não comenta.
Conhecer os seus direitos
Haverá injustiça social pelo facto de alguns alunos terem recorrido aos tribunais e outros não? Não, porque o que aconteceu é que quem não fez queixas foi porque se conformou com a situação, considera Luís Fábrica. Ou não o fez porque desconhecia os seus direitos, acrescenta Rogério Alves: "A Ordem dos Advogados tem militado por informar todas as pessoas dos seus direitos.
"O Código de Processo dos Tribunais Administrativos abre a possibilidade aos alunos que não recorreram à justiça de poderem fazer os exames. Mas, para tal, será necessário que existam cinco casos individuais cujas sentenças finais sejam "perfeitamente idênticas", de maneira a pedir a extensão dos efeitos. Ou seja, é preciso esperar pelos resultados dos recursos dos dois ministérios e que estes confirmem as sentenças favoráveis aos alunos.
Isto pode demorar muito tempo, porque os ministérios recorreram aos tribunais centrais administrativos e podem ir até ao Supremo Tribunal Administrativo, caso as sentenças lhes sejam desfavoráveis.
Tudo isto poderia ter sido evitado, reforça Rogério Alves. "A intervenção dos tribunais pode dar origem a decisões divergentes, demoradas e que lançam insegurança na vida dos estudantes", conclui.

Ministérios não comentam
Os ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior não comentam, nem disponibilizam informação sobre o caso dos exames de Química. "O senhor ministro diz que já deu todas as explicações sobre o assunto e que não comenta", declara Dulce Anahory, assessora do ministro Mariano Gago depois de o PÚBLICO colocar algumas questões sobre as situações conhecidas esta semana. Também o assessor de imprensa da Educação, Rui Nunes, diz que "não há nada a adiantar": "Os tribunais estão a funcionar."
Quando foi conhecido o primeiro caso de uma aluna de Coimbra a quem o tribunal decidiu que o Ministério da Educação deveria fazer o exame, Maria de Lurdes Rodrigues deixou claro que a tutela cumpriria a ordem judicial. Quanto a Mariano Gago, informou, nos dois casos de alunos de Coimbra, que a tutela iria criar as duas vagas adicionais na Faculdade de Medicina de Coimbra para estes alunos serem admitidos. B.W.


Público.10.01.2007

Evasivas


TLEBS: as seis evasivas

Vasco Graça Moura



Luís Capucha, director-geral do Ministério da Educação, deu uma entrevista sobre a TLEBS [Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário] publicada no Público de 06.01.2007.
A novidade de monta é a de a generalização da terminologia a todo o ensino básico e secundário ter sido suspensa.
No entanto, pelo art. 4.º da Portaria n.º 1147/2005, de 8 de Novembro (do actual Governo), a aplicação da experiência pedagógica da TLEBS foi generalizada ao universo das escolas do ensino básico no corrente ano lectivo.
E, pelo art. 7.º do mesmo diploma mantêm-se em vigor os preceitos da Portaria 1488/2004 (que aprova a TLEBS) relativamente ao secundário.
Onde está a agora portaria que determina a suspensão? Se não existe, está-se, não perante um progresso na matéria, mas perante uma evasiva destinada a iludir a opinião pública...
Outra evasiva resulta desta eufemística passagem: "Provavelmente não teria feito sentido que o anterior Governo a tivesse aprovado." De acordo. Mas é preciso saber quem induziu o anterior Governo a fazê-lo. E só podem ter sido os serviços do Ministério. Os mesmos que também induziram este Governo a aprovar a Portaria 1147/2005, em plena concordância com o teor da TLEBS, o que continua sem fazer sentido… E continua sem se saber quem é que, no Ministério, patrocinou junto de um Governo a adopção da medida e, junto de outro, a sua manutenção e, agora, pelos vistos, a sua suspensão. Volto a perguntar: o Ministério faz esta tristérrima figura e não acontece nada aos serviços responsáveis por isso?
A terceira evasiva, porventura a mais delirante, está em se imputar à "forte componente de ensino de textos de literatura" o insucesso escolar e a iliteracia: pretende-se justificar a TLEBS como panaceia, em vez de se considerar que há uma desordenada componente de textos e autores organizada sem qualquer critério cultural ou pedagógico digno desse nome. Sem falar das omissões escandalosas…
A quarta evasiva está no expediente da revisão. Somos informados de que os profs. João Costa e Vítor Aguiar e Silva foram incumbidos da correcção das deficiências. Isto significa que o Ministério reconhece ter começado por forçar a aplicação de um instrumento que tem muitas deficiências (aliás, também se reconhece que "não há ainda formação de professores que seja passível de sustentar a introdução da TLEBS"). Ou seja, nos últimos dois anos, o Ministério tem andado a gozar com toda a gente, professores, alunos, responsáveis pela educação, cidadãos em geral!
Aguiar e Silva é uma das mais conceituadas e isentas figuras da nossa Universidade, não da área da Linguística, mas da área da Literatura. Não é de questionar, antes é de saudar a sua intervenção.
Mas João Costa só tomou posições públicas em defesa da TLEBS (Visão, de 16.11.2006; Público, de 15.11.2006). Considera que não houve nela a assunção de um modelo teórico específico (Visão), mas deixa entrever que há uma remissão para a gramática chomskyana (Público). Entende que a TLEBS não revoga os programas vigentes, mas ignora a Circular n.º 3/2005 do Ministério, que informa terem os termos adoptados sido "observados na elaboração dos Programas homologados de língua materna e de línguas estrangeiras na Revisão Curricular do Ensino Secundário", e a Circular n.º 14/2005 cujo ponto 2.1 diz que ela "não se sobrepõe aos programas vigentes, mas actualiza-os", isto é, interfere neles, alterando-os…
Na estrutura criada há um patente desequilíbrio quanto à presença de orientações científicas diferentes. O único linguista que dela faz parte acabará por se reconduzir à figura do juiz em causa própria. Impunha-se a presença de, pelo menos, um dos catedráticos altamente qualificados que deram a cara contra a TLEBS, apontando-lhe publicamente os vícios inumeráveis e os erros calamitosos (o que João Costa não fez, antes silenciou). Refiro-me evidentemente a João de Andrade Peres e Jorge Morais Barbosa.
A quinta evasiva está em se afirmar que o trabalho de correcção, "depois de concluído, vai ser debatido e só depois haverá homologação". Se é assim, mais uma razão para a suspensão da TLEBS ser decretada por portaria que dissipe de vez todas e quaisquer dúvidas.
A sexta evasiva respeita aos editores de materiais escolares. Não foram desmentidas as declarações de Vasco Teixeira, presidente da Porto Editora e da APEL, ao DN de 23.11.2006, segundo as quais o Ministério contactou os editores e induziu-os a seguirem as recomendações no sentido da generalização aos 3.º, 5.º e 7.º anos. Diz-se agora que "se as editoras fizeram manuais antes da revisão científica final, provavelmente haverá ajustamentos a fazer". O Ministério não pode escamotear a sua responsabilidade nos termos prenunciados por esta dúbia tomada de posição.
Infelizmente, tudo parece indicar que nem mesmo no tocante ao ensino da língua o Estado pode ser considerado uma pessoa de bem...

DN de 10.01.07

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Abrantes é na Finlândia?

Mais de 300 computadores vão ser adquiridos pela Câmara de Abrantes, durante este ano lectivo, para distribuir pelas escolas do primeiro ciclo, alargando o projecto pioneiro de educação com novas tecnologias a todo o Município.
O Projecto «Mocho XXI» teve início em 2005 com um programa-piloto na escola de São Facundo que, a pouco e pouco, se tem estendido a outros estabelecimentos do Concelho, estimando-se que, em 2008, a média seja de um computador por cada dois alunos do primeiro ciclo.
Em comunicado, a autarquia explica que vão ser investidos cerca de 500 mil euros em 303 portáteis, 27 computadores fixos, 27 impressoras e vário material informático de apoio.

Diário Digital / Lusa

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Pimba

O Ministério pimba da Educação

Desidério Murcho, Professor de Filosofia


Público.4 jan.2007


A propósito do livro Desastre no Ensino da Matemática: Recuperar o Tempo Perdido, organizado por Nuno Crato, Edições Gradiva, 2006

Os Encontros de Caparide foram uma louvável iniciativa do Ministério da Educação, que pretendia ouvir as sociedades científicas sobre o ensino de algumas disciplinas fundamentais (Português, Matemática, Filosofia) cujas deficiências a nível de currículos são gritantes. Foram tempos áureos, em que um ministro da Educação, David Justino, se preocupava com questões relacionadas com o ensino e não apenas com questões laborais e meramente organizacionais. O cerne da excelência do ensino é a solidez científica dos currículos e a formação científica dos professores, mas as discussões públicas nacionais sobre educação nunca abordam estes aspectos centrais. Até parece que tudo o resto é que é a finalidade do ensino, quando na verdade são apenas meios.
Dos Encontros de Caparide resultaram dois livros. O primeiro, dedicado à Filosofia (Para a Renovação do Ensino da Filosofia, Plátano), foi publicado no início deste ano. E este volume, dedicado à Matemática, surgiu agora. No primeiro caso, trata-se de discutir uma proposta concreta que visa melhorar a qualidade científica e didáctica dos programas de Filosofia do ensino secundário. No segundo, trata-se de discutir questões pedagógicas gerais que afectam não apenas a disciplina de Matemática, mas todas as outras.
As desastrosas doutrinas pedagógicas que imperam em Portugal, algo pós-modernaças e "construtivistas", são elitistas - apesar de fingirem o contrário - e têm por denominador comum um ódio visceral às Ciências, à Matemática, à História, à Gramática, à Literatura, à Filosofia; enfim, a tudo o que se pareça com verdadeiros conteúdos escolares. Em vez de conteúdos, fala-se de competências - como se pudesse haver competências sem conteúdos. E em vez de se distinguir cuidadosamente o que são verdadeiros conteúdos escolares do resto, procura-se transformar a escola numa espécie de entretenimento com ademanes de educação para a cidadania - tudo, menos ensinar seriamente Matemática ou Geografia ou Filosofia ou História ou Música. A origem destas ideias remonta a Rousseau e à fantasia do bom selvagem, e o que se visa é acabar com as Ciências, as Artes e as Letras, pois tudo isso corrompe a criança, que é presumivelmente mais feliz a ver televisão e a jogar à bola. Claro que tudo isto é fantasioso porque para andar a entreter os meninos com conversa fiada não é preciso escola: as crianças divertem-se muito mais fora da escola, e no mundo de hoje não têm sequer tempo para se aborrecer.
Fantasioso é também querer certificar manuais escolares quando os programas das disciplinas, que foram certamente certificados pelo próprio ministério, são o locus classicus do erro científico e do disparate pedagógico. Em muitos casos, para que um manual seja cientificamente bom e pedagogicamente adequado, é obrigado a não respeitar o programa. Isto porque os programas se degradaram de tal maneira ao longo dos anos que, hoje em dia, ao ler um programa curricular de Filosofia ou Português ou outra disciplina, uma pessoa pergunta-se onde está a Filosofia ou o Português. Os pedagogos ministeriais impuseram ao país a original perspectiva de que se pode ensinar Português sem Português, Filosofia sem Filosofia e Matemática sem Matemática. Ao mesmo tempo que os estudantes são massacrados com inúmeras disciplinas vácuas sem qualquer centralidade escolar, não têm uma educação básica em Música, nem em Literatura ou Filosofia ou Geografia. Se um estudante de 15 anos quer saber alguma coisa sobre estas coisas, tem de o fazer fora da escola. Mas se quiser brincar aos índios, pode fazê-lo nas chamadas "actividades educativas", em substituição das aulas de Matemática. É esta a educação pimba que temos.
Mas não é esta a educação que a sociedade, no seu todo, quer. Os pais, com maior ou menor formação escolar, queixam-se de que a escola não ensina. Os miúdos cantam, com razão, que "na escola nada se cria, nada se transforma, tudo se perde". Os professores andam há anos a denunciar este estado de coisas. Mas os pedagogos ministeriais vão passando de governo para governo, conseguindo ora mudar a Gramática toda, prejudicando gravemente a possibilidade da excelência do ensino do Português (se antes poucos professores sabiam e ensinavam Gramática, agora ainda menos - ou será que a ideia é mesmo essa?), ora suspender documentos que introduzem conteúdos científicos sérios num programa que carece deles (como foi o caso da badalada suspensão das Orientações de Leccionação do Programa de Filosofia). A ideia de trabalhar pelo bem do país, pela excelência do ensino, em defesa do interesse público, é alheia a estes originais pedagogos.
Numa cultura como a portuguesa, na qual nunca se valorizou realmente o conhecimento - afinal, no tempo da outra senhora, o conhecimento era um ornamento social para exibir em conversas amenas enquanto se tomava chá -, compete à escola entusiasmar os jovens e a sociedade, dando-lhes uma percepção clara do valor intrínseco do conhecimento. Mas quando é o próprio ministério da educação que não acredita no valor intrínseco do conhecimento, dificultando cada vez mais o estudo aos muitos professores sérios que temos por esse país fora, afogando-os em trabalho burocrático e em horas contabilizadas nas escolas só para marcar ponto, que se pode esperar do nosso futuro? Como poderemos recuperar o tempo perdido, tanto no que respeita ao ensino da Matemática como no que respeita às outras disciplinas? Seja qual for a estratégia, o primeiro axioma tem de ser este: o conhecimento tem valor intrínseco, em si e por si, e é do maior interesse público protegê-lo e transmiti-lo, e ensinar a produzi-lo - e só a escola pode fazer isso, ainda que infelizmente o tenha de fazer contra o Ministério pimba da Educação.

Exames 2007

Indicações para Exames

Continuam a não fornecer informações sobre grupos e seus pesos relativos na prova de Português de 12º.

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Follow Through

Novo ano, velhas práticas aparentemente mais proveitosas... Post e comentários no blogue do Paulo Guinote a não perder.



(...)
(Pois claro que não...)
I, personally, would not advocate mandating Direct Instruction, even though it was the clear winner. I don't think that mandates work very well. But every educator in the country should know that in the history of education, no educational model has ever been documented to achieve such positive results with such consistency across so many variable sites as Direct Instruction. It never happened before FT, and it hasn't happened since.