quarta-feira, 30 de novembro de 2005

Representatividade da Confap

Transcrevo aqui uma Carta da Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Básica 2/3 de Grão Vasco de Viseu, que pediu à Confap para a publicar no seu site, por discordar das posições apresentadas pelo seu representante. Afinal qual é a representatividade da Confap???? Na reunião de pais em que participei (como mãe e não falei...), os pais insurgiram-se contra «estas» substituições, referindo inclusivamente que «no seu tempo» bem gostavam dos «furos», que proporcionavam momentos de socialização que não se podem ter durante as aulas. O problema é que AGORA muitas aulas, em vez de serem espaço de aprendizagem, são deste «tipo» de socialização (em que, claro está, nada se aprende).
Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Básica 2/3 de Grão Vasco de Viseu contra estas aulas de substituição
Face à inexistência de informação escrita para os Pais e Encarregados de Educação da Escola Grão Vasco de Viseu sobre as aulas de substituição/actividades de ocupação de tempos escolares e respectivas faltas, questionámos o Conselho Executivo, que nos respondeu dia 26 de Outubro dizendo que estava a cumprir as directrizes do Ministério da Educação e que “No que concerne ao regime de faltas às actividades de ocupação dos tempos escolares somos de informar que estas servem para estrito controlo por parte dos Directores de Turma”.Surpreendentemente surge a informação nº 156/SEE/2005, datada de 21/10/2005, com despacho de 24/10/2005, (no entanto divulgada em 26 de Outubro) que refere precisamente o oposto, dizendo mesmo que “Estas ausências são consideradas como falta à disciplina marcada no horário do aluno;..O processo de justificação segue os procedimentos estipulados para qualquer falta de presença”. Perante o exposto pode concluir-se que estes factos podem denotar uma total falta de consulta e de coordenação entre as partes envolvidas (pais e encarregados de educação, escolas e M.E.).A Associação mostra a sua preocupação pelo facto de paradoxalmente, e de forma totalmente antipedagógica, poder haver alunos a reprovar por faltas a disciplinas a que na verdade nunca faltaram, tendo faltado sim às actividades de ocupação dos tempos escolares, que não têm nada a ver com os conteúdos leccionados na disciplina a que o aluno está a faltar. Segundo o próprio Ministério, se a estas actividades não lhes é assim atribuída a dignidade de uma aula, como poderá haver, então, falta?Será que a intenção desta informação é fornecer verdadeiras aulas de substituição. Leccionadas por um docente do mesmo grupo disciplinar, no seguimento do planeamento diário elaborado pelo professor titular da disciplina? Sim, essas teriam o apoio de todos e a todos os tempos mas, até ao momento, não temos notícia de nenhuma aula de substituição na Escola Grão Vasco de Viseu.Só a falta com consequências para todos os efeitos legais a verdadeiras aulas de substituição fará sentido, caso contrário será uma imposição absurda, totalmente antidemocrática e que não respeita a vontade de muitos pais e encarregados de educação.Muitos pais e encarregados de educação gostariam de ser eles a organizar os tempos livres dos seus filhos e educandos, principalmente, se os mesmos recaírem aos primeiros e últimos tempos da manhã e da tarde. Deveriam assim ser facultativas, estas actividades, dando o direito de opção a todos os Pais e Encarregados de Educação, dado tratar-se de actividades extracurriculares. Parece-nos, assim, estranho e incompreensível que a Escola queira os alunos dentro da mesma, quando muitas vezes terão possibilidade de ir para suas casas estudar ou descansar na companhia da sua família.Será que se está a esquecer a autonomia das Escolas? E os Direitos dos Pais e Encarregados de Educação? Esta medida do M.E. parece-nos ser uma medida centrada nas aparências, em que não foram ponderadas as consequências pedagógicas da mesma, sendo também descontextualizada da realidade Escola/Meio.
A Direcção da Associação de Pais da E.B.2/3 de Grão Vasco de Viseu

sexta-feira, 25 de novembro de 2005

A Finlândia

Ler o ponto 8.2.12. working time na página: http://www.eurydice.org/Eurybase/Application/frameset.asp?country=FI&language=EN

Most teachers' working hours are based on teaching duties. Teaching duties vary between 15 and 23 weekly lessons according to the type of institution and subject. At vocational institutions, weekly teaching duties amount to between 20 and 25 lessons. Some institutions define duties on an annual basis.Most teachers' working hours are based on teaching duties. Teaching duties vary between 15 and 23 weekly lessons according to the type of institution and subject. At vocational institutions, weekly teaching duties amount to between 20 and 25 lessons. Some institutions define duties on an annual basis.

Na página seguinte pode consultar-se a informação em relação a outros países:
http://www.eurydice.org/Eurybase/frameset_eurybase.html

Veja-se na Dinamarca: com um horário de 37 horas semanais, por cada hora lectiva o professor tem uma para preparação.

Professores

Pintura de C J Koh

Para além do humor, a realidade está aqui bem iluminada.

Substituições

Transcrevo aqui o texto de um artigo de Florentino Beirão, publicado na secção Opinião da Reconquista desta semana:

Aulas de substituição
Uma escola desconfortável

Desde 1967 que dou aulas até hoje. Tirando os tempos da ditadura, nunca me senti tão desconfortável na escola. Poderá ser da idade? Talvez. Mas, da parte dos colegas mais novos, não sinto maior conforto. A alguns já ouvi afirmar, à boca cheia, algo que nunca me passou pela cabeça: Se pudesse, mudava de ramo.
O papel da escola na sociedade tem vindo a mudar vertiginosamente. Todos o sentem.
A sua principal função que era educar e instruir, hoje tem que ser repensado. Os resultados altíssimos do insucesso escolar e de abandono da escola aí estão a demonstrar a nossa apagada e vil tristeza. Os alunos que se arrastam, anos a fio, repetindo o mesmo, prejudicando-se a si e aos colegas, pelo clima por eles criado na turma, com cerca de 30 alunos. É um espinho cravado no sistema educativo. A escola não sabe o que fazer deles. Ninguém os despista para novas alternativas educativas profissionalizantes. Saem da escola com uma mão cheia de nada. Quanto aos programas, de reforma em reforma, continuam a ser altamente desmotivantes e enciclopédicos.
Os novos papéis a que os professores são chamados a desempenhar, com crianças cada vez mais irrequietas e agressivas, tornam a profissão cada vez mais desgastante.
As faltas dos professores amontoam-se atirando o ministério da Educação cá para fora números que dão que pensar. Aqui, aparecem as aulas de substituição. É necessário preencher este vazio. Falta um professor, avança outro. Qual é a turma? Qual é o ano a substituir? Saia um professor para colmatar a falta. Como se vai fazer esta imprevista substituição? A criatividade e as qualidades individuais, ou não, ditarão na altura o que fazer. Qualquer professor da escola, mesmo que nunca tenha visto pela frente tais alunos é convidado a desfilar na “passerelle”, sujeito ou não às inclemências da plateia.
As anedotas vindas a público, garanto que são completamente verdadeiras, aí estão para gáudio e descrédito da escola e dos professores. Os pais ficam perplexos. Julgavam que as aulas eram de aproveitamento pedagógico e foram transformadas, em grande parte, em espaços de café ou bar sem bebidas.
O ministério face a este clamor, apressa-se a substituir o nome destas e pensa que a questão ficou resolvida face à opinião pública. Do que se trata, verdadeiramente, é de uma medida que, podendo ser útil e necessária, já não somos os primeiros a fazê-lo, pelo atabalhoamento com que foi implementada, tornou-se um foco de tensão entre alunos e professores e entre professores e o ministério. Ninguém sai bem na fotografia. A greve da passada semana foi um grito de um insofismável mal-estar. Só vira a cara para o lado, quem queira persistir, teimosamente, fazendo fé em algo que, como está, só envenena o clima escolar. Tantas experiências, tantas reformas educativas e tanto dinheiro para termos o ensino com os resultados que temos! Senhores governantes, para bem das nossas crianças e jovens, mandem fazer uma avaliação isenta e profunda do sistema educativo e tomem medidas não avulsas, mas coerentes com explicações razoáveis aos professores e aos pais.
Talvez quem esteja na base, no terreno, nas dificuldades do dia a dia, tenha algo a dizer também sobre tudo isto. Num clima de profunda crispação e deriva que hoje afecta a escola, não vamos lá.
É verdade que necessitamos de pensar em conjunto nos novos papéis que a sociedade hoje exige à escola. Talvez sejam outros que não só socializar pelo ensino e pela instrução. A educação cívica do cidadão não pode ficar de fora. A ocupação dos tempos livres é hoje um grande desafio. Talvez mesmo um imperativo dado que os pais ocupados ou desempregados, com problemas em casa, necessitem deste apoio. A integração correcta dos filhos dos emigrantes na escola e na sociedade não se poderá descurar na escola. Os filhos de famílias com dificuldades merecem uma atenção. Mas se há novos papéis deverá haver também novas competências com novos agentes educativos diversificados. O bem das nossas crianças e jovens assim o exigem.

quinta-feira, 24 de novembro de 2005

Estou melhor...



E estou melhor; passou-me a cólera. E a vizinha?
A pobre engomadeira ir-se-á deitar sem ceia?
Vejo-lhe a luz no quarto. Inda trabalha. É feia...
Que mundo! Coitadinha!

Cesário Verde

terça-feira, 22 de novembro de 2005

Indignação



Tenho andado afastada dos blogues, porque o ofício a isso mo obrigou. Não que a raiva surda tenha acalmado, mas, usando as palavras da Srª Ministra, por o cansaço enlutado me ter assoberbado.


Mas eis que esta noite tive 3 horas de insónia, depois de ter visto o «Prós e Contras». Que voltas e reviravoltas dei na cama, argumentando tudo aquilo que os supostos meus representantes não argumentaram. As únicas reacções foram a voz, que falou do que sabe, da nossa caríssima colega Amélia Pinto Pais e as caras de espanto atónito e deslumbrado a algumas palavras da nossa Ministra que ficaram sem o devido esclarecimento à barbárie dos argumentos apresentados, por parte dos sindicalistas presentes. É finalmente agora que me vou dar ao trabalho de me riscar da lista dos que descontam mensalmente para os sindicatos.

Sinto-me ludibriada pelos quase 18 anos de descontos no vencimento para o sindicato.

Então a Ministra afirma que não negociou com os professores porque estes fizeram greve aos Exames????? A greve não surgiu exactamente porque o despacho surgiu sem negociação????????? A Ministra não afirmou que os sindicatos eram contra os Exames???? Os sindicatos são contra os Exames????? A Ministra não disse que cabia aos professores a guarda e custódia das crianças??????
Algum dos nossos ilustres sindicalistas respondeu a isto?
Já corri cem vezes os deveres do professor presentes no Estatuto à procura do DEVER DE GUARDA E CUSTÓDIA....... não encontrei. Deve ser já o Novo Estatuto que vem aí.
Os professores podem não cumprir os programas???????? Cabe-lhes a eles decidir????? Quer dizer que não tenho de estar preocupada e cilindrada por ter disparatadamente de dar aos meus alunos a preparação adequada para fazerem o Exame no final do ano???? Ora cá está algo que eu não sabia e que me poderá proporcionar, a mim e aos meus alunos, mais tempo para aprofundarmos alguns conhecimentos e deixar de lado a TLEBS nova. Aleluia! Aleluia! Será que posso, Sr. Ministra? Ou foi só para enganar a opinião pública e o nervoso Presidente da Associação de Pais?
Que raiva! Que tormenta!

E o tempo vai fazer com que nos acomodemos? Será, Srª Ministra? E isto será positivo para o nosso funcionamento? Também eu espero não desistir devido ao cansaço. Também eu espero que não me obriguem a «guardar» crianças. Não quero ser insultada e violentada emocionalmente sem ter os meios de repor a ordem. Então quero armas que me possibilitem fazer essa «guarda». Às minhas filhas aplico castigos quando se revelam necessários.... (há um mês que não há em casa «Morangos com Açucar») Mas na escola há a «psicologia» a funcionar, há o «coitadinho», o «não se podem traumatizar as crianças».... Se em casa eu não tivesse de impôr (é impôr, não sugerir) tinha muito menos trabalho, mas tinha, com toda a certeza duas «selvagens» a meu cargo (e são, sem qualquer dúvida, uns doces de meninas).
Leia-se o Estatuto do Aluno no que respeita aos seus deveres. Está claro, lá, que não podem sair da escola sem autorização, ou ir para o «café da esquina». Não podem fumar ou drogar-se no recinto escolar. Mas isto acontece. Porquê? Porque o regime disciplinar é cada vez mais permissivo e as leis não se fazem aplicar pois «coitadinhas», «não se pode traumatizar as crianças».
Por uma cultura de exigência e rigor que sem disciplina não existe.

sábado, 5 de novembro de 2005

Implementação Novos Programas

Transcrevo aqui integralmente um mail de uma amiga que me leu no blog:


Linda:

Olha tu! A imagem do desespero!



Perante o desespero que nos vai na alma, ao tentarmos pôr em prática um Programa para o qual supostamente devíamos estar preparados, recordo os tempos em que o DES apostou na formação de professores através do projecto Navegar no Português. Foram 3 anos de trabalho intenso sempre ao longo do 1º período com a reflexão do que poderia então vir a ser um apoio para a leccionação dos Novos Programas.
Posteriormente, em Julho de 2001, acompanhei o núcleo de candidatos a acompanhantes locais da zona centro, numa acção de formação denominada Reflexão sobre o Programa de Língua Portuguesa 10º ano, com a duração de 15 horas que decorreu na Escola Secundária de Pombal e cujos formadores foram dois dos autores da então proposta de Programa - Drª Maria de La Salette da Costa Loureiro e Dr. João Seixas.
Durantes esses dois dias, muitas foram as questões levantadas, por se considerar que apesar «de bem pensado e elaborado», era muito ambicioso dados os conteúdos propostos nas várias componentes. De facto, tratava-se de um só ano curricular, o que levou inclusivamente a comentários, por se entender que o mesmo chegaria quase para os três anos do Secundário.
Por isso, o grupo decidiu então elaborar um documento - Proposta de Implementação do Programa de Língua Portuguesa- que sensibilizasse o DES para a forma que se entendia ser a mais eficaz e pertinente para minimizar a pressão que, naturalmente, se iria exercer sobre os professores a braços com a tarefa de o pôr em prática.
Nesse documento, propunha-se «criar um conjunto de condições que forneçam ao corpo docente a segurança necessária para corresponder às exigências científicas, pedagógicas e processuais exigidas pela implementação pertinente do programa» através de uma série de objectivos que visavam, nomeadamente, «estudar e propôr estratégias e materiais para a didactização do Programa», bem como «estudar e propôr materiais para a sua avaliação». Sugeria-se ainda a formação de uma Equipa de Trabalho que deveria estudar aprofundadamente o Programa, sob uma perspectiva pragmática, para apoiar a sua didáctica. Os materiais que daí resultassem, surgiriam sempre como proposta, salvaguardando assim a sua apropriação pelos professores. Finalmente, formar-se-iam Acompanhantes Locais na utilização, apropriação e reconversão dos materiais elaborados pela equipa de trabalho, de modo a que, numa terceira fase, todos os professores, se assim o entendessem, pudessem receber essa formação.
Estes passos que seriam absolutamente necessários, para uma eficaz aplicação dos Novos Programas, não foram dados. Em vez disso, saltaram-se os passos intermédios e nas acções postumamente promovidas, apenas se fez uma leitura do Programa, sem haver qualquer tipo de material para trabalhar, por exemplo, o novíssimo Funcionamento da Língua, que acredito estar, neste momento, a criar grandes obstáculos ao eficaz trabalho dos professores, nomeadamente os que leccionam o 12º ano com a espada sobre a cabeça - a integração destes conteúdos no Exame Nacional.
Como António Bolívar, acredito que «em educação, antes de se decidir alguma coisa de novo é preciso estudar e avaliar a situação à partida (...) É importante que a investigação e a reflexão prévias aconteçam antes das tomadas de decisão que impliquem mudança».
Emn, apesar do desespero, não vale a pena desesperar, porque como aconteceu em reformas anteriores assistiremos, decerto, a alterações, alterações de alterações do Programa e, quem sabe, um dia consigamos estar de acordo com ele e, sem ironia, podermos gritar «Vivó Programa!».
Mª Paula Mendes

quarta-feira, 2 de novembro de 2005

Nova Terminologia III

Mais um esclarecimento: nova portaria.

Agora afirma-se que os docentes do secundário tomaram conhecimento em 2001 da nova Terminologia. Através de quê? Do Programa, que só foi homologado em 2002. Então, fazendo uma leitura do mesmo, ficámos todos a saber o que aquilo era.
Julguei, até hoje, ter herdado a ginástica mental dos meus pais. Mas não. Para mim só lá está uma listagem de nomes - alguns reconhecíveis, outros inauditos e outros ainda que sei, agora, serem algo completamente diferente do que conhecia (como a anáfora) - sem qualquer explicação e sem haver qualquer material onde eu pudesse «estudar».
Descobri que era minha obrigação saber o que cada um daqueles termos implicava. Pois com ccerteza. Por burra, que descobri agora ser, não vou passar. Aos meus alunos já lhes dei essa listagem. Claro está que facilmente entenderão o que aquilo é.
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Por outro lado, afirmam que os do básico não tomaram conhecimento. Será que, sem me aperceber, os professores de 3º ciclo já não dão aulas no secundário? Os professores do 3º Ciclo precisam de materiais de apoio (coitaditos, não têm o Programa). Os do Secundário não. Estes estão iluminados. Estes têm o Programa!
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Só os professores do Básico precisam de formação antes. Os do Secundário não, porque, claro está, já sabem tudo, porque tiveram acesso ao Programa. Tendo o Programa, tem-se tudo. No Programa, está tudo clarinho como água. Adoro o Programa. Está lá tudo. Não preciso de mais nada, pois tenho o Programa. Vivó Programa!!!!!!!!
Apesar do cd de apoio só ter sido distribuído a partir de Março de 2005, como é dito na Portaria, os professores do Secundário (que pelos vistos também não dão aulas no 3º Ciclo) já sabiam tudo, porque tinham o Programa.
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É desesperante.

sexta-feira, 28 de outubro de 2005

Nova Terminologia II

Bom: não sei se chore, não sei se ria.

Já veio nova resposta sobre os Exames agora da Direcção Geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular.
E, de novo, afirmam que estes alunos de 12º ano têm de saber tudo o que supostamente foi dado no 10º e 11ºs anos. Veja-se aqui a listagem de itens que me dei ao trabalho de fazer para se perceber a extensão da mesma, pois no programa ela aparece «espalhada». Aqui também se pode consultar um índice completo do que o cd contém, assinalado a cinzento o que os alunos têm supostamente de saber.

Como já referi neste bloque (em Nova Terminologia), esta interminável lista não foi dada, porque os professores não o podiam fazer por não terem sequer informação sobre o assunto. Embora os conteúdos do funcionamento da língua já estivessem no programa homologado em 2002, a respectiva listagem, a TLEBS, apenas foi publicada já estes alunos estavam no 11º ano e o cd chegou à minha escola para ser distribuído pelos docentes a 2 meses do final das aulas.
Nas acções de formação que frequentámos, sobre os Novos Programas, apenas foi abordado o item da Pragmática Linguística e alguns pormenores da Semântica Frásica. E o resto? Seria nossa obrigação adivinharmos de que se tratava tudo isto? Acredito que os linguistas nos chamem ignorantes, mas, que eu saiba, ninguém nasce ensinado.
Pelo menos já fizeram uma correcção ao cd: errata. Falta ainda dar os exemplos que faltam, e listar as designações que omitiram.
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Já para não falar que no 11º ano estes alunos apenas tiveram 3 horas semanais, quando ESTE famoso programa PREVIA 4. Se algum professor de Português neste país deu o programa integralmente nestas condições, das duas uma: ou os alunos eram todos génios e, portanto, tudo correu sempre sobre rodas ou ficou sumariado no papel, mas não gravado no cérebro deles.
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A quem me vou dirigir agora?
Já contactei a Associação de Pais por mail, mas não obtive resposta.
Já pedi esclarecimento à DGIDC, mas só me repetiram o que já tinham dito.
Não sei se desista desta luta inglória e me limite a dar aos alunos o que tenho: uma listagem de termos, com as respectivas definições.
(Pedir-lhes-ei que desistam das outras disciplinas? Só o Português já lhes preenche bem o ano.)
Peço que o Ministério me dê mais uma hora lectiva com eles por semana para poder trabalhar isto?
Enfim. Logo se vê. Como sempre. Bem à portuguesa: «a gente que se amanhe».

Má Fortuna

Uma música cujo «eu» é um Camões de mochila, de Rui Veloso e Carlos Tê do Auto da Pimenta
Fiz isto para os meus alunos (o «Karaoke»), mas não lhes mostrei porque não tenho na sala o equipamento necessário. Talvez se a vissem lhes despertasse a sensibilidade e não reagissem tão mal à linguagem d'Os Lusíadas.

Talvez o vissem como um homem, em vez de só lhe verem os hipérbatos.
Guardafui.wmv

quarta-feira, 26 de outubro de 2005

Indisciplina

Hoje uma amiga ligou-me porque precisava de desabafar. Cansada, procurava apoio e suporte, pois tivera mais uma daquelas fantásticas experiências com um grupo de alunos de 7º ano, insurrectos, malcriados, desobedientes, sem regras, completamente desenquadrados do que é, ou deve ser, o ambiente escolar.

Passo a relatar a «historinha»:

Por estar a acabar uma acta duma reunião de Conselho de Turma numa sala destinada aos professores num piso superior da escola, não se apercebeu do toque de entrada e só se dirigiu para o pavilhão onde ia ter aulas um minuto depois desse toque (porque uma colega lhe perguntou se não tinha aula). Quando lá chega, depara-se com os seus alunos, de entre os quais, um grupo «exige» um professor de «substituição» - veja-se o cúmulo.
Dirige-se para a sala de aula, avisando que os que não a acompanhassem teriam falta. Todos a seguem. Uma vez lá, alguns começam a queixar-se de cheiro a queimado. Efectivamente alguns deles tinha pegado fogo a qualquer coisa que não se conseguiu perceber o que era. De entre as caras de todos eles, nota as sorridentes e as espantadas. Já irritada com o comportamento, resolve dirigir-se ao Conselho Executivo. Aí lhe sugerem que dê ordem de saída da sala de aula ao ou aos responsáveis. Assim faz, mas não sem antes se fazer acompanhar pelo chefe dos funcionários da escola, homem corpulento e ginasticado (a que ponto chegámos). Já na sala de aula, com a funcionária do pavilhão, o chefe de funcionários e ela própria, ao dar ordem de saída a esse grupo de «meninos» assiste ao comportamento agressivo de um deles que empurra violentamente a cadeira e se comporta como um petit sauvage. É o chefe de funcionários que o admoesta, dizendo-lhe que conhece bem o pai e que aquele comportamento será sancionado.

Devo acrescentar que esta minha amiga, nunca teve problemas de «segurar» os alunos. Todos sabemos que há, no sistema, colegas que não têm mão neles. Não é este o caso.
Tem mais duas turmas em que tudo decorre na mais completa normalidade (estas duas bem mais pequenas) e uma outra também bem recheada e também essa com problemas de comportamento. Mas quanto maiores as turmas, mais dinheiro se poupa. E há que pensar no deficit. É a primeira prioridade.


Pois é.
Como ela referiu, naquela turma há um grupo que quer aprender, que faz os trabalhos, que se interessa e que olha para esses colegas como se estivesse num zoo a admirar animais estranhos. Outros há, que se não tivessem aqueles «exemplares» seriam também facilmente «puxados» para o prazer de aprender, de trabalhar. Mas, naquele ambiente turbulento de 28 com alguns «índios», como é possível?
São estes alunos a quem se vai dar aulas de recuperação? Disparates. Estão no sistema porque ainda lhes falta um ano para a idade de trabalhar. E, entretanto, desestabilizam os mais novos, impedem o regular funcionamento das aulas e, pior, ensinam a alguns dos mais novos «o gozo» do mau comportamento, do desafio da autoridade. Como chegaram a este estado? Não sei. O que sei é que se os pais não os «seguram» em casa, na escola só os «corpulentos» é que o conseguem.

Pessoa

Fernando Pessoa dito por uma aluna:
Liberdade.wmv

terça-feira, 25 de outubro de 2005

NOVA TERMINOLOGIA



Pedido de esclarecimento feito pelos professores da minha escola:
_______________________________________________________________
Exmª Sr. Directora Geral da Inovação
e de Desenvolvimento Curricular
De acordo com a Portaria nº 1488 de 24 de Dezembro de 2004 que aprova a adopção da Nova Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário, no artigo nº 1 lê-se:

É adoptada, a título de experiência pedagógica, a Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS), constante do anexo da presente portaria e que desta faz parte integrante.
No seu artigo nº 4 lê-se:
É fixado em três anos lectivos, com início no presente ano lectivo, o prazo de duração da experiência pedagógica referida no n.o 1.o

Ou seja, em Dezembro de 2004, quando os actuais alunos do 12º ano, estavam no final do 1º período do 11º ano, os docentes tiveram conhecimento da nova TLEBS, sendo que só em Abril de 2005 receberam a informação em suporte cd sobre a mesma. Tendo em conta o tempo remanescente para o final do ano lectivo, o professor disporia apenas de 18 tempos lectivos para leccionar todos os conteúdos do funcionamento da língua relativos a todo o ano lectivo. Acresce o facto do programa da disciplina não estar ajustado à carga horária, porquanto o mesmo programa apontava para dois blocos, contra um bloco e meio em vigor.
Face ao exposto parece-nos completamente insustentável cumprir cabalmente com o estipulado no actual esclarecimento acerca da Portaria supracitada, presente no endereço do DES, onde se lê:
No que se refere ao Ensino Secundário, esclarece-se que:
- A terminologia adoptada pelo novo Programa de Português (homologado em 2002) é a constante da TLEBS, pelo que a implementação da TLEBS decorre da implementação do Programa;
- No que se refere aos exames nacionais de 12.º ano, a terminologia utilizada será a constante do Programa, e, como tal, a definida pela TLEBS;
- A Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular levará a cabo, a iniciar neste ano lectivo, formação de Docentes para a TLEBS. Do mesmo modo, serão publicados materiais de apoio, de carácter científico e pedagógico.

Acreditamos pois tratar-se de um equívoco para o qual pedimos esclarecimento/reformulação urgente, a fim de implementarmos as nossas planificações, uma vez que se revela factualmente impossível dar cumprimento, a um programa definido para três anos lectivos, apenas em um.
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Telefonicamente a resposta foi de que o esclarecimento à portaria é para cumprir (?????) Esperemos que a resposta escrita seja diferente (!).

De mencionar que não é alterada apenas a «terminologia», mas toda uma gama de conceitos novos surge, que substituem e/ou alteram os que estavam em vigor (e que os alunos foram assimilando, mal ou bem, desde o 1º ano do ensino básico......)
Não é num ano lectivo que se alteram com eficácia saberes instituídos.

EXEMPLOS:
O campo da Morfologia, onde se incluíam a análise das Classes de Palavras, surge agora apenas com a formação e a análise da forma das palavras, excluindo-se pois as Classes de Palavras que surgem num novo campo de estudo (com diversas alterações, aparecendo uma nova classe: os «quantificadores»). Mas mesmo dentro da tradicional nomenclatura surgem novos conceitos:
Os «nomes» que conhecíamos apenas por comuns ou próprios, concretos ou abstractos e colectivos, passam a ter novas designações que implicam uma conceptualização completamente nova:
Nome contável vs. nome não contável;
Nome animado vs. nome não animado;
Nome humano vs. nome não humano;
ou, quanto ao género, surge-nos:
Nome epiceno;
Nome sobrecomum;
Nome comum de dois... (trocados) Errata

Mais caricato e estranho é o exemplo seguinte relativo à Sintaxe:

Vejamos a seguinte frase:

Eu quero um penteado difícil de imitar.

Ao fazer-se a análise sintáctica desta frase na VELHA (?) terminologia, teríamos apenas uma oração, cujo verbo principal é quero. «imitar» é neste contexto um verbo substantivado e, portanto, não um verbo «principal», ou seja, não temos aqui qualquer oração.
De sublinhar que esta frase pode ser reduzida a:

Eu quero um penteado inimitável ou Eu quero um penteado de difícil imitação.

Vamos agora ver na NOVA:
Eu quero um penteado difícil- 1ª «frase»
de imitar - 2ª «frase» (??????????????????????)

Classificação:
1ª - Subordinante
2ª - Subordinada substantiva completiva (???) adjectival - de um adjectivo ?????
Ou seja, para além da incongruência desta divisão, pois torna principal um verbo substantivado, a designação é ainda mais caricata, porquanto faz de uma «frase» - de imitar - , uma subordinada não de uma subordinante, mas de um adjectivo (???) (que está na Classe de Palavras e não na Sintaxe.) Quando muito seria subordinada de um atributo ou modificador (difícil)... Enfim....
A este respeito pedi esclarecimento ao «ciberdúvidas» que muito gentilmente me esclareceu remetendo para diversos exemplos de diversos gramáticos e concluindo no final «Uma frase subordinada continua a ser, de uma forma simplista, aquela que se encontra hierarquicamente dependente de uma outra. Mas, integrando uma frase, não tem, necessariamente, que depender do verbo. E se um nome ou um adje(c)tivo não constituem, canonicamente, uma frase, nada impede que integrem uma e sejam completados por uma outra. Quanto aos seus alunos, dê as completivas como as daria se não houvesse nova terminologia. O nome até nem muda! Cabe a si, como cabe, dramaticamente, a todos nós, diante de uma turma, decidir a que nível de aprofundamento se pode chegar. Oxalá possa chegar bem longe.»

Um último exemplo:
Na área da Semântica Frásica surge um termo que os alunos conhecem há muito como fazendo parte da Estilística - anáfora - como figura de retórica. Ainda hoje, na análise de um texto perguntei que figura de estilo ali estava presente e várias vozes a reconheceram e nomearam. Tive de me interromper, porque me lembrei que vi o termo num outro qualquer contexto: agora anáfora (só depois de chegar a casa, ligar o meu computador e consultar a Terminologia pude verfificar que) é:
Fala-se de anáfora quando a interpretação de uma expressão (habitualmente designada por termo anafórico) depende da interpretação de uma outra expressão presente no contexto verbal (o termo antecedente). Mais concretamente, a expressão referencialmente não autónoma (o termo anafórico) retoma, total ou parcialmente, o valor referencial do antecedente. Há casos de anáfora em que o termo anafórico e o antecedente são co-referentes (isto é, designam a mesma entidade, como os exemplos 1 e 2 ilustram), mas há também casos de anáfora sem co-referência (ex.3).
(1) O João está doente. Vi-o na semana passada.
(2) A Ana comprou um cão. O animal já conhece todos os cantos da casa.
(3) A sala de aulas está degradada. As carteiras estão todas riscadas.
(4) O João faz 18 anos no dia 2 de Julho de 2001. [No dia seguinte] parte para uma grande viagem pela Europa.
No exemplo 1, o pronome pessoal o é o termo anafórico, referencialmente dependente, que retoma o valor referencial do grupo nominal o João.
No exemplo 2, o termo anafórico é o grupo nominal o animal, que retoma o valor referencial do antecedente o cão. É a relação de hiponímia/hiperonímia entre cão e animal que suporta a co-referência.
No exemplo 3, a interpretação referencial do grupo nominal as carteiras depende da sua relação anafórica com o grupo nominal a sala de aulas. Entre os lexemas em causa, há uma relação parte-todo (ver meronímia e holonímia) que sustenta a relação anafórica.
O enunciado (4) exemplifica um caso de anáfora temporal. O valor referencial da locução adverbial no dia seguinte constrói-se a partir da interpretação do termo antecedente, a expressão temporal no dia 2 de Julho de 2001. Assim, o dia seguinte designa o dia 3 de Julho de 2001.

Só posso dizer: meu Deus! Será que alguém responsável, que saiba do que se está a falar, prestará atenção e revogará a imposição em vigor? Só peço que alguém que saiba gramática, dê uma olhada na TLEBS e veja que NÃO HÁ nenhuma gramática devidamente adaptada (todas elas alteram os campos de análise), nenhum material de apoio e HÁ um sem número de novas coisas que é impossível pedir aos alunos para apreenderem num ano.
Tal como os meus alunos terei de assimilar todos estes novos conceitos e não me parece correcto que estes alunos sirvam de minhas cobaias e eu de cobaia da tutela. A implementar algo de novo, como o é claramente esta nova «gramática», «pragmática» ou o que quer que seja (pois não se trata apenas de terminologia) deve começar-se pelos alunos que estão agora no 1º ano do Ensino Básico (sem se esquecer a formação dos respectivos professores)...
Antes de se implementar o que quer que seja com os alunos HÁ QUE FORMAR OS PROFESSORES.... e não é admissível como prevê o esclarecimento da portaria INICIAR-SE AGORA essa formação.

Mais problemático ainda é o facto de algumas questões apresentadas na informação de exame não terem resposta na nova TLEBS, como sejam a alínea a do ponto 4.3.4. - questiona-se sobre a colocação dos pronomes que não surge em lado nenhum na TLEBS; ou quando falam em referência mais lata e mais restrita - também não surge.
Então será que para além da infindável lista da nova terminologia, os alunos tenham que saber as respostas a questões que apenas encontrei numa gramática de 2001, anterior e diferente da Nova TLEBS?
A própria TLEBS apresenta gralhas que detectei numa primeira abordagem: remete para exemplos que depois não existem; apresenta designações que depois não surgem na listagem de termos.


Pergunto-me pois como será possível, para além de todos os conteúdos literários e não literários que estão no programa, leccionar a infindável lista da nova terminologia.... É impossível.

Não esquecer que os alunos NÃO aprenderam nada no 10º ano da nova TLEBS porque:
. o manual não a tinha;
. os professores não a conheciam (nem publicada estava).
No 11º ano:
. o manual também não estava a ela adaptado;
. o novo programa previa por semana 180 minutos de aula, mas decorreu com os 135 do antigo programa;
. O cd, suporte que os professores receberam, chegou em Abril do ano passado (a dois meses do final das aulas). Os professores supostamente estudá-la-iam e davam-na aos alunos neste período. (?)
Não há qualquer gramática que esteja adaptada à nova TLEBS. Já comprei três. E já as pus de lado (dinheiro gasto ingloriamente). Uma aproxima-se apenas, mas faz a sua própria interpretação juntando três áreas diferentes e apresentando-se extremamente incompleta.

Que se escolha uma das novas áreas (a da pragmática - específica de 12º ano no programa - por exemplo, e se retire o que diz respeito ao 10º e 11º ano), que se adequem as questões do exame ao que efectivamente surge na TLEBS. Que haja bom senso. Só isso.


Leia-se a este respeito o parecer da Associação de Professores de Português:


Divulgação e implementação da nova terminologia linguística

A primeira padronização da nomenclatura gramatical de descrição da língua portuguesa foi publicada em Diário da República, em 1967. No entanto, apenas volvida uma década, esta nomenclatura começou a conviver com outros termos e conceitos propostos pela investigação entretanto desenvolvida, deixando o documento em apreço de constituir uma referência produtiva na resolução de problemas científicos de carácter linguístico e pedagógico.
Por isso, em 1991, foi apresentada uma proposta de nova nomenclatura gramatical que, apesar da sua pertinência, não foi assumida pelo sistema educativo. Depois de quase três décadas de incertezas, o Ministério da Educação concordou com a elaboração de um novo documento regulador que viria a constituir a Terminologia Linguística dos Ensinos Básico e Secundário (TLEBS). Foi com muita satisfação que a APP contribuiu para a produção do referido documento que ficou concluído em 2002 e que, com grande surpresa nossa, foi homologado pela Portaria nº 1488/2004, de 24 de Dezembro. Surpresa por várias razões.
Em primeiro lugar, porque a APP esteve implicada na coordenação dos trabalhos de elaboração da TLEBS e, desde a sua apresentação pública em Novembro de 2003, não mais tinha sido contactada sobre a matéria, apesar de sobre ela ter interpelado o ME - sabemos que o mesmo tratamento foi dado aos responsáveis científicos da TLEBS.
Em segundo lugar, a surpresa adveio do facto de o diploma ter efeitos retroactivos a 1 de Setembro de 2004 - como alterar as aprendizagens e respectiva avaliação feitas entre Setembro e Dezembro?
Por fim, o que nos causou maior perplexidade e muita apreensão foi o facto de no diploma legal não ser apresentada a TLEBS, mas apenas a sua nomenclatura, ou seja, a lista dos termos sem as devidas definições, exemplos e equivalentes em línguas estrangeiras.
Como é que a tutela prevê cumprir o estipulado pela portaria no que diz respeito à formação de professores da competência do Ministério da Educação? Como se concretizará a primeira avaliação prevista já para o próximo ano lectivo, quando as escolas estarão a receber a TLEBS no final deste ano? Como se processará a introdução de alterações? Como será integrada a TLEBS no programa e/ou currículo do Ensino Básico? Enfim, como serão regulados os três anos de experimentação pedagógica que terminam em Agosto de 2007?



Agora, ajuizadamente, o GAVE informou a APP que os exames de 9º e 12º não serão afectados pela nova TLEBS. Falta ainda que a DGIDC, corrija o acima referido «esclarecimento acerca da portaria 1488». Que haja coordenação.

Cansaço















(9-10-1934)

O que há em mim é sobretudo cansaço -
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço asssim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas -
Essas e o que falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.














(...)
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo,
cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

segunda-feira, 24 de outubro de 2005

Indignação

Ler a
indignação generalizada.
http://www.educare.pt/artigo_novo.asp?fich=ESP_20051012_523

Mudar o que está errado.
Petição Online

Pedagogias

Sistema de «Ensino»



Tanta pedagogia, tanta burocracia... e o que realmente interessa? Fica sempre pelo caminho.
Que desilusão.




Sou professora há 17 anos e mãe há 14. Se não funcionasse em casa como mãe (a exigir a execução dos trabalhos de casa, a controlar cadernos, horas de estudo, a controlar horas à frente da tv, etc, etc, etc..... o que dá, sem dúvida, MUITO trabalho) as minhas filhas estariam com certeza no rol dos «sem sucesso» de colegas meus. NINGUÉM na escola pode motivar os alunos..... porque estudar É UMA CHATICE. Só em casa se pode «trabalhar» a motivação. É aí que se ensinam e impõem regras. Desengane-se quem quiser fazer da escola a família. Não há plano de recuperação que valha a quem não quer aproveitá-lo.

Leia-se o seguinte comentário de um leitor do Público a propósito dos novos Planos de Recuperação:

Mas... Por Anónimo, Oeiras
Mas então não devia estar na base da função dos próprios professores, cujos sindicatos tanto protestam, ajudarem os alunos na recuperação? Ou mesmo evitar que tal recuperação seja necessária? Mas se se preocupassem mais com os alunos, que são a prioridade do Ministério da Educação (e não os professores), e trabalhassem como toda a gente, não haveria uma educação mais eficaz? É que realmente há qualquer coisa que me está a escapar.

A este leitor escapa realmente muita coisa.

Como se recupera um aluno que não quer saber nada da escola, cujo único interesse nela é aproveitar para estar com os amigos, tendo que apanhar umas valentes secas, com os professores a pedirem-lhe, suplicarem-lhe, ordenarem-lhe (e finalmente desistirem) para participar nas actividades da aula? Passa-se então a batata quente para o psicólogo. Resulta? Nunca vi. É em casa que isso se exige. Se aí não há alguém a perguntar-lhe como vai a escola, a controlar-lhe os cadernos a, no fundo, apoiá-lo, não há escola que o consiga.
Estes novos Planos vão resultar sim, assim como resulta no Ensino Básico a passagem automática de todos os alunos do 1º para o 2º ano. Para não se «traumatizarem» as crianças, passam sem sequer as letras conhecer. E, no segundo ano, o professor que se amanhe: tem de se dividir entre as que acompanharam o ano anterior e as que ficaram para trás. Alguém aí sofre, inevitavelmente. E quem será? Exactamente esses que deviam ter ficado no primeiro ano. Isto aconteceu com a turma da minha filha mais velha: uma cigana que apenas foi a algumas aulas no primeiro ano e um rapaz que esteve doente. No segundo ano, obviamente sentiram-se desenquadrados e não foi possível à professora acompanhá-los devidamente, pois tinha mais 24 que também não podiam ficar «desacompanhados».
Exigem-se, para se poder «reter» um aluno (não se pode dizer «reprovar» porque é anti-pedagógico e «traumatiza as crianças»), papéis e mais papéis, páginas e páginas escritas em que se perde tempo útil, inutilmente. Mais vale realmente passá-los a todos administrativamente. Assim temos menos trabalho (inglório, inútil, disparatado) que podemos usar para apoiar quem realmente precisa e quer.
Teremos assim um verdadeiro sucesso contabilístico e cada vez mais ignorantes, iletrados e sem noção do que é realmente trabalhar. E são estes que vão engrossar as hostes dos «sem produtividade». Se sempre se «safaram» bem sem nada fazer, continuam vida fora com a mesma postura.