quinta-feira, 30 de março de 2006

Exercícios

Ministério da Educação propõe exercícios em vez de provas-modelo
Alunos queixam-se de não conhecer modelo dos exames do secundário

Os alunos que estão a terminar o 12.º ano queixam-se que o Ministério da Educação não disponibilizou provas-modelo como referência do que poderão ser os exames nacionais que os esperam, em Junho. A tutela responde que, desde Maio passado, estão disponíveis, na Internet, exemplos de "itens" da matéria, a partir da qual os jovens podem estudar. O Gabinete de Avaliação Educacional (Gave), responsável pelos exames, declara que não tenciona publicar mais nada.

Para terminar o ensino secundário é necessário realizar exames nacionais, que também contam para o acesso ao ensino superior. Este ano, os alunos do 12.º ano têm disciplinas com novos programas, diferentes dos do ano anterior.

Na página da Internet do Gave, www.gave.pt, não há provas-modelo para estas novas cadeiras, como as que existem para o antigo secundário. Em vez de provas, há listas com exemplos de exercícios.

Catarina e os colegas da secundária Rainha D. Leonor, em Lisboa, consideram que estão a ser "alvo de uma injustiça" e que podem ser prejudicados em relação aos estudantes que vão fazer exames segundo as disciplinas do antigo ensino secundário. Esses alunos têm provas-modelo, por isso, podem treinar, ter uma ideia do que pode ser perguntado nos exames, argumenta Catarina. "Estamos a ser cobaias porque estamos a estudar por programas novos que nunca foram experimentados e vamos fazer exames que não sabemos como serão", queixa-se a estudante do 12.º ano.

Resolver exercícios propostos

A decisão do Gave foi a de dar uma "informação diferente", ou seja, em vez das provas-modelo, é fornecida informação com "itens que são exemplificativos do que pode ser o exame", explica a presidente do gabinete, Glória Ramalho. "Os alunos podem tentar resolver aqueles exercícios e os professores, à custa dos exemplos que lá estão, podem fazer exercícios variados", sugere.
(he he he...)

Alguns professores do ensino secundário, ouvidos pelo PÚBLICO, queixam-se de não ser possível saber quais serão as questões de escolha múltipla e as de resposta aberta. Além disso, também não se sabe quanto valerá cada pergunta.

A partir das provas-modelo, publicadas nos anos anteriores, os docentes tinham uma noção do que poderia ser perguntado e quanto valia, argumentam. Glória Ramalho responde que, no exame, a relevância de cada matéria será "proporcional à importância que o programa lhe dá".
(Preciso de explicações...)

"As pessoas dão demasiado ênfase à prova-modelo e procuram uma tranquilidade que não é proporcional àquela que esta lhes pode dar, já que não se sabe que perguntas vão ser feitas este ano", analisa Glória Ramalho.

Caso do Português

No que diz respeito à disciplina de Português, os professores estão preocupados porque o novo programa prevê uso de nova terminologia - por exemplo, as palavras formadas por justaposição ou aglutinação passam a chamar-se "compostos morfosintáticos".
(Se fosse só isto...)

Glória Ramalho garante que o Gave terá "todo o cuidado em acautelar distúrbios por causa desta inovação". Esta tem sido a resposta dada pelo Gave aos e-mails e faxes que chegam de escolas e de professores de Português com a mesma dúvida, revela a presidente do Gave.

Na página de Internet do Gabinete de Avaliação Educacional estão disponíveis todas as provas que já se fizeram, desde 1997. No que diz respeito aos novos programas, foram publicadas, em Janeiro e Maio de 2005, informações com tipos de exercícios para cada disciplina.
Um professor, para fazer uma prova ( e está referenciado na lei, no ponto 5.6.2. do Despacho Normativo nº 11/2003) elabora obrigatoriamente uma matriz, pois só assim se pode saber (ele e os alunos), consoante as cotações, o peso a atribuir a cada uma das áreas do respectivo programa e assim saber a importância a atribuir a cada uma dessas áreas.
Esse peso não está definido nos programas.
O que o Gabinete de Avaliação do Ministério está a dizer aos professores é que ninguém tem de fazer matrizes e que nem professores nem alunos têm de saber sequer qual a estrutura das provas, dos exames, dos testes.
Tudo às escuras. Vamos em frente. Se cairmos, levantamo-nos logo a seguir. É bom para o crescimento. Este Ministério está a ajudar-nos a todos a crescer.
Fico feliz por todos nós.

segunda-feira, 13 de março de 2006

Finlândia

http://www.jornaltorrejano.pt/jt/opiniao.htm#opiniao7


Artigo publicado no jornal "O Torrejano" de 10 de Março.
No passado foram construídas escolas em Portugal com armários para skis?

quinta-feira, 9 de março de 2006

Diálogos II

IC disse...
"Como será possível que a responsabilidade passe apenas pela escola e não sejam pedidas ou exigidas contrapartidas aos alunos?" Pois será possível pela fraude, pelo medo incutido aos professores de chumbarem alunos mesmo que dos planos de recuperação não cumpram sequer fazer os TPCs... (Chegou hoje à minha escola, embora ainda não o tenha lido, um ofício (ou qualquer coisa parecida) a elucidar que alunos com plano de recuperação só em caso excepcional (julgo que o ofício diz "em último caso")poderão reprovar. (Pelos vistos, os do nono também deverão ir todos a exame mesmo que não trabalhem um milímetro, para depois poderem apontar as culpas dos resultados aos professores)

f... disse...
Lindo!!!Se os que não têm plano de recuperação não podem reprovar porque não foi feito plano de recuperação e por isso, mesmo que desapareçam no 3º período, não lhes podem ser atribuídas notas negativas, ou baixar as que têm ... se os que têm plano de recuperação mesmo que não se esforcem, mesmo que não façam nada, tiverem que ser aprovados, este ano ninguém reprova, a não ser que isso aconteça nos exames!!!Porque não vamos todos para casa?! Pelos vistos não estamos lá a fazer nada ... nem nós, nem eles! O sucesso está garantido ... as estatísticas estão todas acima do nível de água! Não interessa que saibam ou aprendam, não interessa que ensinemos! Apenas interessam que os resultados digam SUCESSO, mesmo que não exista!

Prof24 disse...
Isto é tudo uma palhaçada. Rousseau dizia que o homem é naturalmente bom; a sociedade é que o corrompe (por acaso esta história está mal contada, mas fico-me por aqui). Aplicado a certas tendências ideológicas da Educação nos últimos anos, o aluno é sempre visto como VÍTIMA de insucesso; nunca como AGENTE do seu próprio insucesso. Não nego a existência de factores condicionantes do melhor ou pior aproveitamento de cada um, mas BOLAS, chegamos ao ponto em que se o aluno reprova é porque O PROFESSOR não o soube guiar. Isto é ridículo e faz-me um profundo nojo.
Anónimo disse...
Colegas
Como somos os únicos responsáveis pelo insucesso dos alunos está na hora de denunciar a demagogia educativo do governo. Temos de denunciar o lastimável sistema de avaliação dos alunos no ensino básico: não é necessário trabalho, nem empenho, nem ter material de trabalho porque os professores são obrigados a passar todos os alunos. Quando os alunos reprovarem nos exames só existirá um culpado. Não, não é o aluno! Nem o choque tecnológico!
Brevemente
Seremos um pântano educativo. Mas não devemos esquecer que a educação das elites está garantida e não é na escola pública. Façam o favor de denunciar a "passagem" sem sucesso dos alunos. E aproveitem para o fazer com as associações de pais.
Mas será possível??? Os deuses devem estar loucos!!! (ou é o nosso Ministério?)

Diálogos

PCosta - Começando pelo texto da Alzira, continuo a dizer que lhe reconheço, para além da qualidade do português, argumentos poderosos na defesa do ensino da literatura, da exigência, da qualidade, do rigor, aspectos que no entender dela, e de tantos nossos colegas, andam um pouco afastados do ensino.
Este ´abaixamento da fasquia`, como todos sabemos, deve-se à massificação do ensino (eu prefiro chamar-lhe democratização), pois houve a entrada obrigatória para o sistema educativo de todas as pessoas com idade escolar, fossem elas amarelas, azuis, deficientes, disléxicas, coxas, do campo, gordas... e isso parece que atrapalha. Acredites, ou não, a sociedade no geral, no seu conjunto e em termos de médio e longo prazo, beneficia mais com um sistema destes, do que com um sistema em que os principais valores sejam a rigidez, a selecção, ... as tais qualidades utilizadas demagógicamente: rigor, exigência, qualidade, etc. Bem, mas o que me interessa mais no meio disto tudo é que não vejo outra forma, fosse eu iluminado, para defender a nossa dama: a literatura, sem que com isso, não sejamos corporativistas. Dito de forma ainda mais simples, há que lutar contra a Arte, contra a Educação Física, contra a Matemática, contra, contra, contra, porque o espaço é curto, as horas são poucas...

(...)
Soledade Santos – (...) alguns dos colegas com quem experimento maior afinidade são justamente da Matemática. Que afinal também é uma linguagem. E o desenvolvimento da competência (esta palavra faz-me ranger os dentes) de leitura não é exclusivo do Português. Costumo dizer aos meus alunos que a vida é um texto. E seguramente a Literatura ajuda a decifrá-lo. Mas como andamos todos a brincar às escolas do Paraíso e a tapar o sol com a peneira... Desabafemos, se isso nos desoprime um pouco. E agora sou eu quem diz: coragem! (...)

No texto da Alzira Seixo não estava em causa a proeminência de uma disciplina face às outras, não se tratava de guerrinhas corporativistas entre grupos disciplinares. (...) E tb na Educação Física se lê/aprende a ler. Estava em causa, sim, uma dada concepção de escola (a que pastoreia crianças, os Bons Selvagens - alguém nas ESE(s) e no Min-Edu está a precisar de ler o "Senhor das Moscas"- e, no que concerne à disciplina de Português, os novos programas, centrados na (obcecados pela?) perspectiva comunicacional e (vou ranger os dentes outra vez) transaccional, encarando a literatura como "componente decorativa e obsoleta". Segunda coisa: tens razão quando referes a massificação do ensino e os problemas que isso trouxe à escola. Mas a solução não é entreter crianças, inventando simulacros de sucesso. É respeitá-las, porque elas merecem todo o nosso respeito, é "puxá-las para cima", e não descer ao nível mais raso; é não ter medo de ser politicamente incorrecto e assumir, de uma vez por todas, que a escola dita "inclusiva" é na verdade profundamente injusta, exclusiva e selectiva (a selecção fá-la-á a vida, mais tarde, e da forma mais cruel). Isto porque enfiar crianças "amarelas, azuis, deficientes, disléxicas, coxas, do campo, gordas" nas mesmas (e cada vez maiores) turmas, e fingir que é possível, nessas condições, um ensino diferenciado e uma leccionação eficaz, é condená-las, à partida, ao insucesso. É enganá-las. Tem de haver outro caminho: começar por admitir a diferença; e permitir a cada aluno chegar tão longe quanto puder, em lugar de nivelar todos pelo mais baixo denominador comum. Pastorear crianças e jovens, promover uma cultura da impunidade e da mediocridade, infantilizá-los, mantê-los na ignorância e depois largá-los, impreparados, num mundo cada vez mais hostil, parece-me criminoso. Dói-me, revolta-me! Muito mais que as provocações e humilhações da Sra Ministra. E é isto que eu penso.


Eu acrescentaria: que a escola está massificada (e muito bem) é claro. O que «antigamente» se fazia na escola não serve para hoje - porque os alunos são outros, a educação que (não) trazem também. Mas o que hoje se faz, definitivamente, também não serve. É preciso arranjar alternativas. Se os pais não educam, se a escola é onde eles têm de passar a maior parte dos seus dias, então é necessário dotá-la de instrumentos eficazes e não inundá-la de leis avulsas de quem parece nada perceber do que está a fazer... (planos de recuperação para alunos que respondem como este?)
É preciso TEMPO para tudo. Os horários sobrecarregados de componente curricular em sala de aula são claramente exagerados.... (falo do que vejo cá em casa – para se manterem numa fasquia de classificações elevada, as minhas filhas não têm quase tempo de apenas vegetar).

Mas há os que não precisam de Estudo Acompanhado, porque têm quem os acompanhe em casa. Há os a quem a Formação Cívica é dada em casa. Então porque perdem essas horas em «actividades» na escola?
Porque não atribuir a cada turma 2 directores/tutores, um de cada área (letras, ciências), com, por exemplo, metade do seu horário lectivo para atender às solicitações que a mesma peça. Se o que falta às crianças é acompanhamento, orientação, educação, então que se dê aos DTs espaço para «falar» com eles, para os orientar (tarefa de substituição de pais sem tempo ou sem formação). Em vez de estarem com 25 (na confusão), estariam apenas os que necessitassem, os que os pais solicitassem, e, fundamental, com tempo para atender individualmente a cada um. Como se organizaria? Caberia às estruturas pedagógicas pensá-lo (sala destinada à recepção de alunos problemáticos, sala(s) de estudo....) Os outros, que não precisam de acompanhamento e se «estragam» com as confusões a que se vão gradualmente habituando, esses poderiam frequentar os clubes ou as outras actividades organizadas na escola.
Não custaria muito ao erário público e possibilitaria aos DTs realmente «ouvirem» e «educarem» os seus alunos... Que se deixe as aulas, para instrução, que tão necessária é.

Informação



Quando é muita, confunde?
Programas extensos... Confundem?

segunda-feira, 6 de março de 2006

sábado, 4 de março de 2006

sexta-feira, 3 de março de 2006

Forum Ensino Secundário

É um espaço para apresentação de dúvidas... do Grupo de Avaliação e Acompanhamento da Implementação da Reforma do Ensino Secundário.

quinta-feira, 2 de março de 2006

É triste...

Leia-se aqui , não para onde vai, mas onde já está a educação...
A 'minha' escola é pacata, numa vila do interior e o que aqui é relatado também na minha já acontece.
A educação começa em casa. Enquanto se desculpabilizarem as 'criancinhas' e os 'paizinhos' (porque estão muito cansados do trabalho e/ou não têm tempo/disponibilidade para os educar (aturar?)), enquanto se entregar à escola toda a responsabilidade de os 'educar' para além de os 'instruir' sem lhe dar os meios para o fazer...... NADA FEITO. (ponto final, parágrafo)

domingo, 19 de fevereiro de 2006

Papás Multibanco

Transcrição de um texto que me foi enviado por Amélia Pais:

Partia vidros, fabricava bombas artesanais, falsificava as notas. Bernardo procurava sempre situações limite. Possuía tudo o que podia ser comprado com dinheiro. Não tinha a atenção dos pais, empresários que estavam ocupados a ganhar dinheiro. O filho cresceu no meio de criadas. Aos 15 anos, a escola deixou de ter paciência para o aturar.
"É um tipo de miúdo que, se não for agarrado a tempo pode entrar na marginalidade, no consumo de drogas. Porque isso representa entrar num caminho onde não há limites", explica a psicóloga Andreia Moniz.
O Bernardo foi um dos seus doentes mais difíceis. Motivo de uma educação centrada no bem-estar físico. A atenção, o carinho e a partilha de experiências em família foi substituída por bens de consumo. É o pior exemplo dos efeitos dos "papás multibanco", uma definição de Victor Cerqueira, formado em Ciências de Educação. É professor e o que vê?
"Vejo alunos com telefones de última geração. Roupas de marca. Os pais demitem-se da sua função, que é definir regras, impor limites, exercer a autoridade. É mais difícil dizer 'não' do que 'sim'". Tende-se a substituir isso pelo multibanco, muitas vezes com sacrifício", explica. O termo surgiu depois de dizer que solução para os problemas de um jovem seria abrirem uma conta e darem-lhe um cartão multibanco. Um aluno não percebeu a ironia e disse: "Isso mesmo!"
"Os pais de hoje têm tão pouco tempo para os filhos que estes deixam de ser uma prioridade. Têm sentimentos de culpa e acabam por compensar com as coisas materiais. Como se assim pudessem substituir os afectos", acrescenta Andreia Moniz, responsável pelo gabinete de psicologia Psicodam e onde Victor Cerqueira prepara outros profissionais para lidarem com estas situações.
Mudanças
Hoje, as pessoas têm menos tempo, sobretudo os que vivem em Portugal, diz a socióloga da família Maria das Dores Guerreiro. "Somos o país em que se consome mais tempo fora de casa, tanto no trabalho como nos transportes. Temos a semana de 40 horas, o que já não acontece em muitos países da UE, e há sectores com cargas horárias muito díspares. Temos a maior taxa de actividade das mulheres a tempo inteiro. Ambos os membros do casal trabalham e investem no bem-estar da família. Para dar aos filhos o que não tiveram."
A sociedade evoluiu muito, "mas passou-se do 8 para 80, a todos o níveis. Passou-se de uma disciplina rígida para a ausência de disciplina", acrescenta Victor Cerqueira. O bem material surge para compensar a ausência, o abandono. Há também quem superproteja a criança, resolvendo-lhe os obstáculos e comprando-lhe tudo. Mas, alertam os técnicos, quando a situação se torna um problema é porque existem outros pontos críticos. A terapia começa com o filho e acaba na família.
E até a ida ao psicólogo começa por ser uma forma de "comprar" a resolução de um problema. "Os pais do Bernardo pagaram para alguém lidar com o filho. Disse-lhes que eles é que tinham de tomar uma decisão", conta Andreia Moniz. O rapaz chumbou e os pais mandaram-no para um colégio interno em Espanha nas férias. Foi castigado. Ouviu muitos nãos. Demorou três anos para perceber que viver em sociedade implica regras e que nem tudo pode ser comprado. Aprendeu a lidar com limites e a frustração de não ter tudo.
A partir da adolescência, a terapia tem que ser feita quase exclusivamente com o doente. «Chamamos a atenção dos pais para o que não devem fazer, mas trabalha-se a maturidade do jovem. Explica-se que tudo o que faça tem implicações na sua vida. No final, já era o Bernardo que dizia aos pais o que estavam a fazer de errado com a irmã mais nova." Isto para que o jovem não chegue à idade adulta com um comportamento de criança. E, como a birra já não consegue um emprego, uma promoção, acaba por sentir-se frustrado.
Pedro, sete anos, desafiava tudo e todos. Só obedecia com tareia. "Parece que gosta de apanhar", dizia a mãe, com quem vivia desde os dois anos. Os pais eram divorciados. A irmã, mais velha era bem diferente. Ao Pedro faltou a autoridade paternal, uma característica comum a crianças com este tipo de comportamento. O que também acontece quando o progenitor passa pouco tempo em casa. Os pais tinham dificuldades financeiras para lhe darem tudo o que queria. Foi uma professor que aconselhou a ida ao psicólogo. O Pedro entrou no consultório sem cumprimentar, embirrou que não ficava com a psicóloga, depois que não brincava com os objectos próprios da terapia. Andreia Moniz explicou-lhe que a consulta tinha 30 minutos e ou aproveitava para brincar ou continuava aos gritos. Houve também um trabalho com a família. São os pais que têm de arranjar alternativas de comportamento. Estar com eles. Dizer "não" quando é preciso, explicando-lhes porquê. O Pedro era outro ao fim de ano e meio.
O pediatra Mário Cordeiro diz que estes exemplos não fazem a regra. "A parentalidade é vivida hoje de uma maneira como nunca foi em gerações anteriores. Talvez por isso, os pais se sentem angustiados quando sentem que não são tão bons como desejariam", defende.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

Desenrascanço

Afinal, 'saudade' não é a única palavra a não ter tradução em outras línguas. Esta, o desenrascanço' vem definida na Wikipedia como sendo an ability to solve a problem without the adequate tools or proper technique to do so, and by use of sometimes imaginative resourcefulness when facing new situations. Achieved when resulting in a hypothetical good-enough solution. When that good solution escapes us we get a failure (enrascanço — entanglement). Most Portuguese people strongly believe it to be one of their most valued virtues and a living part of their culture. Obviously, they are aware that this subjective feature is not an exclusive of theirs...

A este propósito veja-se o calendário de exames publicitado pelo Ministério que se 'esqueceu' de actualizar o nome da disciplina de Português B. Afinal era só mesmo retirarem-lhe o 'B'. Mas, o 'copy' / 'paste' é mais rápido - é o desenrascanço.
Adenda: Afinal, não erraram.... Errei eu, por falta de informação. Mas desculpo-me... não consigo manter-me informada de tudo. Veio essa informação num ofício-circular, do qual não tive conhecimento.
O nome da disciplina mantém-se Português B.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Perdidos

Um dia, aqui num desabafo sobre a indisciplina, referi o facto de desconhecer como os alunos se ‘perdem’. Basta olhar um bocadinho à volta e encontram-se exemplos:


Há uns dias atrás, ao chegar à noite à escola para iniciar as aulas, deparo-me com uma conversa entre uma colega de História, com 30 anos de serviço, que conversava acaloradamente com um dos meus (bons) alunos do secundário recorrente, homem feito de trinta e tal anos. Assunto: a colega queixava-se de um aluno de 7º, que no teste se tinha limitado a escrever frases sem nexo, depois de ela ter dado uma ficha formativa idêntica ao mesmo e, supostamente, os alunos a terem estudado à sua frente. O aluno em causa era filho da companheira deste meu aluno. Daí o seu desabafo. Se inicialmente o tom era de apenas inquirição, para ver se alguma coisa se passava com o miúdo, a seguir passou a ser já de zanga, por lhe parecer que todo o teste dele e do colega do lado eram puro e simples ‘gozo’. Ora, o que imediatamente argumentou o ‘padrasto’ (o meu aluno da noite) era que o garoto tinha tudo o que queria da mãe e do pai ausente. Disse que o rapazito no 1º período teve 7 negativas e o pai deu-lhe, no Natal, o computador que ambicionava. Devido ao divórcio dos pais, desde sempre havia a ‘compensação’ sistemática do menino, que conseguia tudo o que queria, apesar de nada fazer para o ganhar. Queixava-se ainda de não ter voto na matéria, dizendo também ele ter uma filha que nunca teve quaisquer problemas. O que ali via de completamente errado era uma criança a crescer com tudo, sem responsabilização e, pior, sempre desculpabilizado.


Não há ‘afecto’ de professor que funcione num caso destes. Não há medidas de recuperação, planos, papéis, nada que funcione. A escola, os professores, as matérias, para este tipo de alunos não têm qualquer significado. Porque tudo é fácil. E as próprias aulas são uma brincadeira. A noção de ‘trabalho’ e ‘esforço’ são conceitos totalmente desconhecidos. E o garoto está numa fase crucial de aprendizagem e consolidação da personalidade. Mas, neste caso específico, ou a mãe começa a ter noção de que o seu filho é uma criança perfeitamente normal e que há comportamentos que são social e moralmente incorrectos e, por isso, reprováveis, a quem tem de ‘exigir’ para poder ‘dar’, ou ele fará parte daqueles que se perdem completamente e ‘vagueiam’ pelas escolas sem delas tirarem qualquer proveito.

Já tive alunos assim. E em dois casos que ‘abandonaram’ a escola, para voltarem depois... e parecerem outras pessoas, completamente transformadas. Porque passaram pela experiência de ‘trabalhar’. Aprenderam a noção de ‘esforço’, à sua custa. No regresso, um, completamente indisciplinado antes, era um exemplo de bom comportamento para os demais. O outro, de quem eu dizia (e quanto me arrependo) que devia ter algum atraso, passou a ser um aluno de 4. Nem num caso, nem noutro, houve interferência dos professores, psicólogos ou pais. Foi um processo individual de crescimento, de contacto com a realidade, que não é efectivamente um ‘mar de rosas’.
Também ‘estudar’ não é um mar de rosas. Nada é na vida. Só passa a ser quando adquirimos noção do valor que tem ultrapassar o que ‘custa’ para termos a merecida ‘recompensa’ depois. (Parece-me que cada vez se ‘cresce’ mais devagar e mais tarde.)

Será que no caso apresentado acima, há alguma coisa que um professor possa fazer se não houver a consciencialização da mãe? E se a mãe não perceber nunca que o que está a fazer é errado?

Por isso digo, repito e volto a dizer: para além dos professores primários que dão as bases em termos de conhecimentos e as regras que ensinam o que é ‘estar’ numa sala de aula, há uma grande, enorme e decisiva responsabilidade dos pais. O professor, nestes casos, nada pode fazer, porque o aluno não ‘ouve’ nada do que se lhe diga, nem ‘vê’ nada do que se lhe apresente. Está ‘a leste do paraíso’.
Cada vez mais e por experiência pessoal de vida, por um lado, e profissional, por outro, me convenço disso.

Mas também há os ‘casos’ em que ninguém consegue fazer nada...
Relato outro episódio: conversas intermináveis com um aluno (de 11º ano) e respectivo pai, porque se descobriu que andava a fumar 'erva’. Cheguei-lhe bem ao coração, porque lhe falei ‘do coração’. E convenci-me que era capaz de o orientar... Só que, no momento em que me ouvia e se abria, tudo o que ‘prometia’ era efectivamente verdade. Mas.... a ‘vontade’ era tão pouca, que dez minutos depois, se calhar já nem se lembrava do que tinha conversado (efeitos nos consumidores habituais). Acabou por abandonar a escola (miúdo espertíssimo, com pais presentes e conscientes) e foi por muito maus caminhos. Nada sei dele, hoje.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Lutar contra o TEMPO - resposta

Vale sempre a pena lutar (não é uma palavra que me agrade particularmente) por aquilo que achamos ser justo.

Por determinação do Conselho Pedagógico passei de 9 horas de trabalho individual para 11 (eu e todos os professores de disciplinas com programas novos, sujeitos a exame). Tive ainda a redução de secundário (+ 2 horas), por apenas ter uma turma de recorrente nocturno de 3º ciclo e tudo o resto ser de secundário. Embora gaste muito mais do que isto (chego muitas vezes às 50 da Finlândia) sinto a justiça em acção...
De fora ficaram muitos outros casos...

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

Manias...

A IC lançou-me o desafio...

Cada bloguista participante tem de enumerar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que o diferenciem do comum dos mortais. E, além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue.


5 das minhas manias...


Mania de não deitar nunca antes das 4 da manhã... (só nas férias o faço... quando tenho de levar as piquenas à praia). É quando me sinto mais produtiva, quando trabalho, e mais descansada, quando vegeto em frente à tv ou analiso os meus dias....


Mania de não deitar nada fora... (já estou melhor: consegui esvaziar gavetas de bilhetes de cinema com 30 anos, contas antigas, convites para festas da adolescência, enfim... retalhos do passado que não queria perder. Mas custou...)

Mania de pôr tintas numa tela e procurar-lhes uma ordem... (só nas férias, ou melhor, nas férias e nas interrupções das actividades lectivas... quando as 'piquenas' não estão comigo e tenho espaço para sujar à vontade...)

Mania de exigir honestidade a todos... E detesto detectar meias verdades... Preferia não as ( inevitavelmente) perceber nos olhares, nos gestos, nas atitudes... Talvez por isso deteste política e boas ‘falsas’ maneiras.


Mania de estar sozinha e em casa (talvez explique a 1ª), sempre acompanhada da porcaria dos queridos cigarros (já tentei duas vezes divorciar-me deles, mas são, até hoje, mais fortes do que eu). Mas ainda hei-de conseguir, só não sei é quando...
Como é 'exigido', lanço o desafio aos que aqui leio sempre que cá venho:
Soledade Santos - Nocturno com gatos
Amélia Pais - Ao longe os barcos de flores
João Paulo Silva - Diário de um professor
Karadas - O Cantinho da Educação

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

É fun_tástico

Os alunos que frequentarem estas vias de ensino (Cursos Tecnológicos) mas que optarem depois por continuar a estudar no superior acabam por ter a vida facilitada em termos de acesso. Com esta alteração da lei, já aprovada em Conselho de Ministros, passam a fazer apenas um ou dois exames nacionais (os que forem exigidos como prova de ingresso no curso ao qual se candidatam), e não três obrigatórios como se previa no diploma aprovado em 2004 e que produziria efeitos no 12.º em 2006/2007.
Além disso, a classificação que os alunos das vias profissionalizantes obtiverem nas provas de ingresso deixa de entrar no cálculo da nota final do secundário.
Quanto aos estudantes das formações científico-humanísticas (antigos cursos gerais) terão de continuar a fazer quatro exames nacionais; cada um conta 30 por cento para a nota final da disciplina.
A entrada no ensino superior através de vias alternativas como o ensino recorrente - supostamente destinado a dar uma segunda oportunidade de conclusão de estudos a adultos e que, até há pouco tempo, não estava sujeito a exames nacionais - chegou a ser utilizada por milhares de jovens para ingressar na universidade de forma mais fácil. Entre 1998 e 2002, o número de candidatos oriundos do recorrente disparou de 1800 para 18.500.
JUSTIFICAÇÃO
A tutela explica a alteração com a necessidade de ser assegurada a "unidade e coerência de tratamento entre os diferentes tipos de formação profissionalmente qualificantes". Se os alunos dos cursos profissionais (também orientados para a integração no mercado de trabalho) já estavam dispensados de fazer os exames nacionais para concluir o secundário, não há nenhuma razão para os dos tecnológicos serem sujeitos a regras diferentes, explica António Ramos André, adjunto da ministra da Educação.
,OU SEJA,
1. A «unidade e coerência de tratamento» visa tornar tudo mais fácil para todos, em vez de exigir mais a todos....
2. Os cursos «científicos/humanísticos» serão extintos por falta de alunos.

domingo, 29 de janeiro de 2006

Nova terminologia MXVI

Mais uma descoberta caricata, nestes sábados de estudo e preparação da nova terminologia:

Nos exemplos de exercícios apresentados pelo Ministério, surge a questão:
O antecedente do pronome relativo «cuja» (l. 12) é «primeiro centro cultural radicado na província».
Mas....
...na nova terminologia, 'cujo (a,s)' deixou de ser pronome relativo e passou a ser quantificador.

Será que quem prepara os exames está ainda tão mal preparado quanto eu?

E prova modelo? Será que surge ainda este ano?

terça-feira, 17 de janeiro de 2006

Exemplos a seguir...

Graças à IC, descobri isto. Em Ontário, no 1º ciclo, as turmas têm agora tamanhos ainda mais reduzidos...


"The government’s class size reduction plan is definitely working. My class size was reduced last year and as a result I was able to spend more time helping students who were struggling or had special needs. They would not have been able to make the progress they did in a larger class," said Maria Fatigati...

MAS...
That means more than 381,000 primary students are in smaller classes this year compared to about 137,000 two years ago. This is the result of $126 million in additional funding this year, on top of $90 million last year, which helped school boards hire 1,100 teachers to reduce class sizes in 1,300 elementary schools.
Pois é... Quem quer melhor educação, tem de gastar mais dinheiro...

sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

Contradições?

AR chumba proposta para reduzir número de alunos por turma

O Parlamento chumbou esta quinta-feira o projecto-lei apresentado pelo Bloco de Esquerda (BE) que propunha a redução do número de alunos por turma no ensino básico e secundário.


O diploma, reprovado com os votos contra do PS, PSD e CDS/PP, previa o estabelecimento de um número máximo de 18 alunos no primeiro ciclo do ensino básico, em vez dos 25 actualmente previstos.
No caso do 2º e 3º ciclos do básico e no ensino secundário, o projecto defendia que as turmas tivessem no máximo 20 alunos e não 28 como acontece agora.

Para o BE, a medida era «do mais elementar bom-senso» para melhorar a qualidade da educação em Portugal, contribuindo para uma maior proximidade do professor e uma abordagem mais adaptada à realidade sociocultural de cada aluno, mas só contou com os votos favoráveis dos proponentes e do PCP.

«Turmas muito grandes impedem que o ensino seja individualizado e dificultam o desenvolvimento de projectos pedagógicos inovadores, além de transformar em o quotidiano num inferno por potenciarem problemas de indisciplina», sustentou quarta-feira à agência Lusa João Teixeira Lopes, deputado do BE.

O partido estava convicto de que o projecto-lei, discutido quarta-feira em reunião plenária, seria aprovado hoje, uma vez que o PS já o tinha votado favoravelmente quando o Bloco o apresentou à Assembleia da República no Governo de Durão Barroso.

Na altura, toda a oposição votou a favor, mas o diploma foi reprovado com os votos contra do PSD e do CDS/PP, que alegaram que o Executivo estava a preparar legislação sobre a matéria, o que não chegou a acontecer.
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É engraçado como os partidos políticos mudam as suas posições... mas só não muda quem é burro. Pelo menos, ...................... burros não são.
Afinal, como diz Ludwig Borne, nada é tão duradouro como a mudança.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

O «nosso» Manual

Este «livrinho» tem a nova legislação toda compilada.